Economia

Recuperação judicial da Rotavi avança para o fim

Recuperação judicial da Rotavi avança para o fim
Atualmente a empresa é responsável por 300 empregos diretos e 500 indiretos na região | Crédtio: Divulgação Rotavi

A cidade de Várzea da Palma, na região do Alto São Francisco, no Norte de Minas Gerais, está prestes a vivenciar um bom momento social e econômico novamente. Isso porque a recuperação judicial da Rotavi, uma das maiores empresas do mundo de ferroligas com sede na cidade, está próxima do fim. Ao liquidar R$ 69 milhões de créditos de natureza alimentar e quitar 100% das dívidas trabalhistas que chegaram a atingir 750 colaboradores da empresa e recuperar a imagem da empresa, o processo de recuperação judicial chegará ao fim em agosto deste ano.

Nessa condição, a empresa caminha para retomar a potência que possuía na região e voltar a ter a relevância econômica que tão bem fazia para a cidade e seus moradores. Em seus tempos áureos, a Rotavi chegou a empregar 1,2 mil colaboradores diretos e 2 mil indiretos, além de responder por cerca de 75% da arrecadação de impostos do município. 

Com uma série de dívidas e problemas judiciais, a empresa chegou a interromper suas atividades por cinco anos (de 2014 a 2019), causando um verdadeiro transtorno econômico e impacto local. A Rotavi enfrentou dívidas homologadas na ordem de R$ 120 milhões no âmbito da recuperação judicial, bem como dívidas extraconcursais de aproximadamente R$ 400 milhões. Também passou por intervenção judicial trabalhista e uma série de processos que constituíram apenas alguns dos desafios encarados. Além disso, a Rotavi teve embargos ambientais, suspensão do fornecimento de energia elétrica e teve a expedição do seu decreto de falência.

 A virada de chave da Rotavi se deu com a chegada de uma consultoria que reestruturou todo o setor administrativo e a colocou novamente em regularidade, criando estratégias e metas para o seu retorno à ativa. “A Rotavi era tão poderosa que ela quase quebrou diversas siderurgias nos Estados Unidos. Houve um processo de dumping muito forte contra a empresa e a imagem dela fora do Brasil era terrível”, contou Max Mustrangi, sócio-fundador da Excellance, empresa que atua na recuperação da empresa.

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Para Humberto Silva, também sócio da Excellance, e responsável pela frente de negociações jurídicas e relacionamento com os órgãos públicos, a complexidade do caso Rotavi se deu em virtude do ambiente que foi criado.

“Foi mais difícil reverter a imagem da empresa junto aos funcionários, fornecedores e credores do que viabilizar uma engenharia financeira para equalização da dívida. Chegamos na região em um momento em que o caos social já estava instaurado, as ações trabalhistas pediam indenizações milionárias e precisávamos conquistar a confiança dos antigos colaboradores, bancos, credores e costurar os acordos dentro de um ambiente ruim e desacreditado”, diz.  

Atualmente, a empresa mantém três altos-fornos sem operação, contudo, possui capacidade de produção de 72 mil toneladas por ano de ferro silício inoculante e ligas especiais, e exporta cerca de 30% da sua produção para o mercado europeu, americano e mexicano. 

Com um cenário mais modesto em função da recuperação judicial, porém caminhando para a retomada, a empresa gera na cidade 300 empregos diretos e 500 indiretos e é responsável pela renda e ocupação profissional de mais de 20% da população economicamente ativa da cidade, que possui 33,7 mil habitantes.

“Até então a empresa estava gerando saldo positivo para pagar dívidas. Estávamos pagando uma massa de R$ 4 milhões mensais apenas para cumprir os erros do passado, ou seja R$ 48 milhões em dois anos de excesso no seu dia a dia. A empresa está tendo que ser rentável e buscar mercados complementares para ainda gerar lucro”, explica Max Mustrangi.

A expectativa com o fim da recuperação judicial, conforme explica Mustrangi, é que voltando ao mercado financeiro, a empresa possa em um ano e meio a dois anos retomar sua capacidade e ocupar novamente a relevância que ela possuía no mercado e na região. 

“Saindo da recuperação judicial a gente vai voltar a ter acesso ao sistema financeiro e num primeiro momento retomar um forno grande e fazer uma liga diferenciada com valor agregado maior e voltar a atacar o mercado mundial”, afirma.

Com fim da recuperação judicial, Rotavi pode faturar R$ 500 milhões

Mustrangi esclarece que ao se ligar um forno, a expectativa é que a empresa fature R$ 500 milhões por ano e gere 350 empregos diretos e mil indiretos. A Rotavi está rigorosamente em dia com todas as obrigações trabalhistas e previdenciárias, bem como demais acordos firmados com os credores, diz o consultor. Fruto da completa reestruturação das operações, incluindo áreas industriais e recuperação comercial. Também conquistou certificações como a ISO 9001 e licenças ambientais, implementando melhorias significativas em sustentabilidade.

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