Inovação busca retirar trabalhador das áreas de risco na mineração

Uma tendência observada entre negócios de inovação apresentados na Expo & Congresso Brasileiro de Mineração (Exposibram), em Belo Horizonte, é a busca por soluções que retiram empregados das mineradoras das áreas de risco, dão mais agilidade, reduzem custos e são uma alternativa à falta de mão de obra.
Um exemplo no estande da multinacional sueca Hexagon é o sistema de teleoperação para caminhões. O presidente na América Latina da divisão de mineração da empresa, Rodrigo Couto, explica que ele retira o motorista de áreas de risco em operação com barragens e é inclusivo, já que dá acesso ao trabalho para Pessoa com Deficiência (PcD).
Além disso, o veículo pode ser controlado de qualquer lugar. “Tem operação do nosso escritório de BH controlando caminhão nos EUA. O limite é só a infraestrutura de rede. Se tem link adequado consegue operar onde tiver. Gera atratividade para pessoas que não querem trabalhar em áreas remotas”, afirma. Ele ressalta o desempenho extraordinário no País: o faturamento das vendas alcançou US$ 4 milhões em quatro meses, ante os US$ 3 milhões projetados em seis meses. A expectativa é de alta em 80% nas vendas no próximo ano.
Há um mês, a Hexagon criou um centro de distribuição na Capital para montagem. A empresa busca fomentar a tecnologia no País e tem parcerias com Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “O centro de desenvolvimento de software a gente tá transferindo para o Brasil, porque é onde, especificamente em Belo Horizonte, temos muitos cérebros que têm que ser apoiados e desenvolvidos”, disse.
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Outro equipamento focado na retirada do operador do trabalho com exposição ao risco é o robô de soldagem da Panasonic, comercializado pela Elite Soluções em Corte e Solda, de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O robô apresentado na Exposibram é o mais rápido do mundo para soldagem e usado na mineração no revestimento de chapas nos equipamentos para diminuir o desgaste de componentes.
O sócio da Elite, Thiago Rocha, aponta que um robô reduz em torno de 40% o custo total no processo minerário, pela maior agilidade e menores custos com pessoal, maquinário e insumos. E ainda é uma alternativa para enfrentar a falta de mão de obra.
“Hoje é uma dificuldade nacional até mesmo mundial a questão da mão de obra, principalmente para serviços que têm grau de insalubridade um pouco maior”, disse. “Com o robô, além de reduzir a necessidade de mão de obra para esse tipo de trabalho, você vai ter reduções de custos e deixar o processo muito mais seguro”, completa.
O robô de soldagem da Elite pode ser integrado ao processo de produção por meio de aplicativos e sistemas como Internet das Coisas (IoT). Este ano tem sido de recorde de vendas do produto e a estimativa da empresa é de fechar 2024 com 20% de alta nas vendas.
Monitoramento a laser na mineração
O LiDAR (Light Detection and Ranging) aéreo fabricado pela Geocue e operado na mineração pela Geotech Brasil, de Nova Lima, na RMBH, é um sensor remoto por laser pulsado, acoplado em um drone, que gera informações tridimensionais precisas do território.
Para o gerente de negócios para a América Latina, Vlademir Lisboa, o produto tem maior capacidade de penetrar no solo do que a topografia convencional. “Tem redução de custo operacional, porque com um piloto e equipe de processamento no escritório, você consegue extrair esse modelo. Antes precisaria de equipe muito maior”, explica.
O diretor da Geotech Brasil, Gustavo Hostalacio, pontua que a maior qualidade dos dados coletada gera uma terraplanagem com menor risco de erro, além da segurança. “Não tem aquele tanto de pessoas em campo tendo que gerenciar em mata fechada, em área de fuga”.
Ele explicou que um projeto de uma empresa do setor no Maranhão, uma topografia em mata densa planejada para seis meses, com topógrafo, auxiliares e guardas, foi feito em apenas um dia com o LiDAR. “De custo financeiro, foi uma redução muito grande para o cliente e, de qualidade, o nível de detalhe é infinitamente superior”, finaliza.
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