Alta da Selic torna ativo de renda fixa mais atrativo; veja análise

Depois que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros da economia em 0,25 ponto percentual, passando de 10,5% para 10,75% ao ano, analistas consultados pelo BC subiram também a projeção da Selic para o fim deste ano e já estimam o patamar de 11,5% para o fechamento de 2024. A decisão impacta diretamente o direcionamento dos investimentos, de acordo com especialistas ouvidos pelo Diário do Comércio.
O economista e CEO da Energy Group, Fabio Ongaro, acredita que a alta da Selic para 11,5% em 2024 pode impactar significativamente a economia brasileira. De acordo com ele, espera-se um controle da inflação, mas a medida pode desacelerar o crescimento econômico ao aumentar os custos de empréstimos, o que tende a reduzir os investimentos e o consumo.
No entanto, Ongaro pontua que a alta dos juros pode atrair ou manter investimentos estrangeiros, já que eles buscam retornos mais altos em um ambiente de juros elevados, contribuindo, dessa forma, com o fortalecimento do real frente a outras moedas.
O especialista da Valor Investimentos, Charo Alves, acredita que, com a nova alta da Selic, a tendência é que os ativos de renda fixa fiquem mais atrativos para o investidor como um todo. “O fluxo acaba migrando para esses ativos, como Tesouro Selic, CDBs, debêntures, entre outros”, prevê.
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Ele explica que isso acontece porque a taxa de juros é o que remunera melhor esse tipo de produto. Porém, alerta que com os juros elevados, a economia fica mais fria, o crédito menos acessível e o consumo menor.
Segundo o especialista da Valor Investimentos, as pessoas poupam mais e tendem a deixar o dinheiro guardado pela alta rentabilidade da renda fixa, desacelerando a economia. Fator que ele considera ruim para as empresas no modo geral. “Com isso, a tendência é que o apetite a risco do investidor diminua nesses cenários. É tudo uma questão de custo de oportunidade”, diz Alves.
A bolsa de valores é outra oportunidade que o especialista entende que segue “em patamares extremamente baratos comparando até na janela dos últimos 30 anos”. Além dela, ele considera que estão com níveis bem atrativos, os fundos imobiliários e os ativos de renda variável. Porém, para ele, a renda fixa com taxas acima de 1% ao mês, pré-fixadas, ficam mais atraentes.
“Em ambos os lados a gente tem oportunidade. A questão é que a renda fixa consegue entregar uma boa taxa de retorno agora. A bolsa segue sendo uma promessa de rentabilidade e para isso é preciso que a gente veja os juros caindo aqui no Brasil e a tendência é que isso aconteça somente no final do ano que vem”, analisa.
Por este motivo, a planejadora financeira do C6 Bank, Larissa Frias, acredita que investimentos em renda variável é uma modalidade que tende a ter uma queda nesse cenário de juros mais altos. “Analisando apenas a dinâmica de juros, com eles altos, os investidores migram mais para a renda fixa e investem menos em ativos com mais risco, como é o caso de ações e qualquer outro ativo de renda variável”, explica.

Sendo assim, ela pontua que esses investimentos tendem a render menos e a ter uma desvalorização. “Na semana passada, vimos a bolsa cair de uma forma bem acentuada após a divulgação da nova taxa da Selic”, ressalta.
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