Economia

Minério de ferro vive escalada de preços com estímulos da China

Cotação está sendo influenciada pelos estímulos dos chineses para um avanço do setor imobiliário e da economia do país asiático
Minério de ferro vive escalada de preços com estímulos da China
Para o fechamento do ano, a análise é de que a cotação da commodity deve ficar acima do atual patamar, embora o futuro seja incerto, em razão de vários fatores | Crédito: Guilherme Dardanhan / ALMG

Nos últimos dias, os preços do minério de ferro têm escalado fortemente em razão de novos estímulos dos chineses para um avanço do setor imobiliário e da economia do País. Essas medidas, associadas a outras que possam surgir, devem ditar o rumo da cotação no fim do ano.

Na segunda-feira (30), o contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na bolsa de valores chinesa de Dalian teve uma alta de 10,71%, alcançando US$ 117,14 a tonelada (t). Em paralelo, o minério de ferro de referência para novembro na bolsa de Singapura subiu 9,76%, para US$ 112,05/t. Na semana passada, ambos já haviam registrado aumentos superiores a 10%.

A escalada de preços da commodity tem relação com o fato de Xangai, Guangzhou e Shenzhen terem flexibilizado as restrições à compra de imóveis – juntas, essas cidades somam mais de 60 milhões de habitantes. E com o novo pacote de medidas anunciado pelo governo chinês, que segue se esforçando para apoiar e proteger o mercado imobiliário, em crise há mais de três anos.

Com estímulo em várias frentes, o conjunto de ações inclui uma redução importante na taxa de depósito compulsório dos bancos, em cerca de 50 pontos-base, com efeito de liquidez na economia estimado em cerca de US$ 142,5 bilhões. Ainda abrange uma diminuição das taxas de hipoteca para empréstimos imobiliários existentes até o dia 31 de outubro. 

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Previsões para a cotação da commodity no fechamento do ano

Especialistas ressaltam que, nos últimos meses, o minério de ferro apresentou uma queda acentuada de preços. Logo, a elevação dos últimos dias representou uma certa recuperação. 

Para o fechamento do ano, a análise é de que a cotação da commodity deve ficar acima do atual patamar, embora o futuro seja incerto, uma vez que depende de inúmeros fatores.

Na avaliação do especialista da Valor Investimentos, Paulo Luives, é difícil prever como o minério de ferro vai se comportar, porque a recente escalada foi impulsionada por um fator que não está muito muito claro até que ponto alcançará. Para ele, o movimento deve durar mais alguns meses, entretanto, não parece ser um movimento com tendência de longo prazo. 

O economista e assessor na iHUB Investimentos, Daniel Abrahão, avalia que os preços da commodity subiram significativamente, mas há fatores que podem moderar esse crescimento, como a própria fraqueza no setor imobiliário chinês, evidenciada pela baixa contínua do Índice de Preços ao Produtor (PPI), que pressiona o mercado para baixo. No entanto, ele pontua que estímulos fiscais adicionais esperados no final de 2024 podem sustentar os valores. 

Abrahão cita que os estímulos fiscais da China, as flexibilizações das restrições de compra de imóveis por parte das cidades chinesas, a demanda global de aço e a produção de grandes mineradoras são alguns dos pontos que podem influenciar a cotação até o fim do ano. “A projeção é de que o minério encerre o ano entre US$ 120 e US$ 140 por tonelada”, afirma.

O sócio-diretor da Belo Investment Research, Paulino Oliveira, pondera que o comportamento da commodity daqui para frente dependerá do impacto efetivo das medidas que envolvem as políticas monetária e fiscal da China. Ele ressalta que, nos últimos meses, os bancos de investimentos fizeram correções nas projeções e, com base na mudança de premissa, é razoável trabalhar com uma cotação no fechamento de 2024 entre US$ 100 e US$ 120 por tonelada.

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