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Rejeitos de mineração ganham status de blocos de concreto

Objetivo da mineradora J.Mendes é transformar os resíduos, que antes eram inutilizados, em produtos sustentáveis que possibilitem redução de custos e impactos ambientais
Rejeitos de mineração ganham status de blocos de concreto
O bloco desenvolvido com os rejeitos também possui baixa absorção de água, contribuindo para o bloqueio de umidade | Crédito: Divulgação Isobloco

A mineradora J.Mendes – Unidade Ferro+ – instalada desde 2000 entre os municípios de Congonhas e Ouro Preto, na região Central do Estado, concluiu um projeto em parceria com a empresa alagoana Isobloco, para desenvolver blocos modulares para diferentes tipos de construção, utilizando rejeitos da mineração e concreto nanocelular.

A tecnologia desenvolvida pela Isobloco substitui a areia natural do concreto tradicional pelos rejeitos de mineração. “Como cada mineradora possui um rejeito diferente, é preciso tecnologias específicas para a criação dos blocos”, explica o diretor da Isobloco, Henrique Ramos.

O objetivo é transformar os resíduos, que antes eram inutilizados, em produtos sustentáveis que possibilitem redução de custos e de impactos ambientais. Conforme explicou o diretor da Isobloco, o concreto nanocelular é uma formulação avançada que combina alta tecnologia com sustentabilidade, produzindo um bloco de estrutura leve, resistente e isolante. 

“Diferente dos concretos convencionais, ele incorpora micro e nanobolhas uniformemente distribuídas em sua matriz, proporcionando um material com menor densidade, excelente isolamento térmico e acústico, e maior eficiência energética”, explica Ramos.

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De acordo com a coordenadora de meio ambiente da empresa, Viviane Sofia Leite Freitas Cordeiro, o projeto concluiu uma primeira fase. “Com o fim dessa etapa, que durou dois anos, foi possível entender que é possível utilizar e dar destino aos rejeitos da mineradora que anteriormente eram empilhados e inutilizados”.

Os primeiros blocos produzidos foram doados para a prefeitura de Congonhas para a construção de um Centro de Educação Ambiental no município.

Bloco com rejeitos tem diversas vantagens ambientais

As vantagens do bloco ante ao concreto comum são significativas. Além de cumprir todos os requisitos técnicos das construções civil, hospitalar e escolar, o bloco reduz o consumo de água em 60% durante o processo de produção e aplicação. Também reduz em 50% os resíduos gerados nas obras convencionais.

A tecnologia também reduz o consumo de cimento e insumos, diminuindo custos e a pegada de carbono do produto final. Quando avaliada a resistência mecânica, apesar da leveza do bloco, a resistência é alta, tornando-o ideal para aplicações estruturais e modulares.

O bloco desenvolvido com os rejeitos também possui baixa absorção de água, contribuindo para o bloqueio de umidade. Outras vantagens do produto são o bloqueio de mofo e o fato de ele ser à prova de fogo, característica demandada pelas construções hospitalares.

Ainda em termos ambientais, o bloco permite o isolamento térmico e acústico. Reduzindo, conforme Henrique Ramos, o consumo de energia elétrica. “Em ambientes onde seriam necessários dois ar-condicionados, há possibilidade de ser reduzido para um”, explica.

Fábrica móvel permite fabricação do bloco junto à mineradora

Depois de desenvolvido o produto, a segunda etapa do projeto envolve a produção. Entretanto, uma etapa que ainda não está no escopo da mineradora. De acordo com Henrique Ramos, a Isobloco desenvolveu um modelo de fabricação móvel que permite a produção dos blocos onde é gerado o rejeito.

“Para avançarmos nesta etapa, um envolvimento do poder público seria interessante para a construção de moradias populares, por exemplo”, afirma. Ainda segundo ele, há fomento para a viabilização deste tipo de projeto.

Ele conta que em Alagoas, estado sede da startup, o governo usa o produto para projetos como creches, escolas e associações de produtores. “Isso garante que os projetos tenham impacto socialmente positivo e sustentáveis”, diz Ramos.

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