Falta de políticas de incentivo afeta indústria do plástico

A falta de políticas de incentivo para a indústria do plástico prejudica a competitividade do setor, principalmente em Minas Gerais, que não conta com políticas como em São Paulo e nos estados da região Sul do País. A avaliação é da presidente do Sindicato da Indústria do Material Plástico do Estado de Minas Gerais (Simplast-MG), Ivana Serpa Braga.
A presidente do Simplast aponta que a expectativa do setor é de fechar 2024 com crescimento abaixo da média histórica, que fica entre 5% a 6%. Ela aponta que o ano tem proporcionado um desempenho misto no setor, que apresentou um crescimento de 5,2% no primeiro semestre do ano, mas com variações significativas entre segmentos.
Tanto na comparação mensal quanto ano a ano, em junho, os segmentos de laminados e embalagens cresceram, enquanto os de acessórios para construção registraram quedas significativas de 11,9%, de maio para junho, e de 5,4% de junho de 2024 em relação ao mesmo mês do ano anterior.
“Esses dados sugerem que a demanda por plásticos está mais forte em embalagens e laminados, mas enfrenta dificuldades no segmento de construção, possivelmente refletindo uma desaceleração em investimentos em infraestrutura e obras”, disse Ivana Serpa.
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A preocupação é justificada pela construção civil ser responsável pela maior parte do consumo de produtos plásticos, com 28,32% das vendas do setor, bem acima da indústria alimentícia, que vem em seguida, com 18,98% das vendas, com uso do plástico em embalagens e outros produtos.
A presidente do Simplast aponta que a indústria de plásticos no Brasil enfrenta diversos desafios devido à baixa competitividade e aos altos custos operacionais comparados com a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Ivana Serpa destaca que o País está entre as economias mundiais com as menores taxas de investimento percentual do Produto Interno Bruto (PIB) e um “Custo Brasil” estimado em R$ 1,7 trilhão por ano.
“Custos elevados com tributos, infraestrutura deficiente, dificuldades regulatórias e custo elevado de capital impactam diretamente o setor de plásticos, que precisa de investimentos em tecnologia e infraestrutura para se tornar mais sustentável e competitivo”, ressalta.
Indústria do plástico em Minas Gerais
A presidente do Simplast critica os baixos investimentos em políticas industriais para o setor industrial de plástico nacional, diferentemente do que ocorre em outros países, como EUA, na Europa e China. A falta de uma política industrial robusta tem limitado o crescimento do setor no País.
Nesse sentido, a indústria mineira de plástico sente os efeitos da falta deste apoio de forma mais intensa, destaca Ivana Serpa. Ela afirma que o setor estadual sofre duas vezes, já que lida com a retração nacional e enfrenta competitividade acirrada com estados com ambiente mais favorável ao setor.
“Enquanto polos industriais como o Sul do Brasil e São Paulo contam com incentivos e políticas governamentais robustas, que ajudam a amortecer o impacto das retrações, Minas Gerais, por outro lado, enfrenta desafios maiores, com logística de abastecimento e parque fabril muito antigo, ficando mais vulnerável aos ciclos de desaceleração econômica, o que afeta diretamente setores como o de plásticos”, aponta.
Apesar disso, Ivana Serpa ressalta que o governo estadual, através da Invest Minas, busca atrair investimentos e fomentar o crescimento da indústria local. Mas que esse processo exige tempo e tem de superar a complexidade da burocracia.
“A efetividade dessas ações dependerá de uma implementação consistente e de uma articulação sólida entre o setor público e privado”, disse. “Caso esse ambiente propício se concretize, a indústria do plástico em Minas poderá não apenas enfrentar melhor as adversidades, mas se tornar mais competitiva frente aos outros polos industriais do País”, finaliza.
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