Vendas do polo da moda de Divinópolis têm queda de até 30%

A concorrência com os produtos chineses e a falta de baixas temperaturas em 2024 têm dificultado os negócios da indústria do vestuário do polo de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas Gerais. As vendas estão abaixo da média e até 30% menores que o registrado no ano passado.
As informações são do presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Divinópolis (Sinvesd), Mauro Célio de Melo Júnior. Segundo ele, nem mesmo a proximidade do Natal, considerada a melhor data para o setor, está sendo suficiente para mudar o cenário, que vem se repetindo desde o início do ano, com recuo nas vendas frente ao ano passado. “Não tivemos inverno nos últimos dois anos, isso atrapalha demais o comércio, porque sobrou muita roupa nas lojas”, comenta.
As roupas de inverno, conforme Melo Júnior, são responsáveis por 60% do faturamento do polo de Divinópolis e a falta de temperaturas baixas tem impactado negativamente o desempenho das confecções, já que, desde o ano passado, o inverno não chegou para valer. “As roupas de inverno são mais caras e representam mais no faturamento”, explica.
Concorrência com a China ainda é problema para o polo
Outra questão apontada pelo dirigente são os produtos importados. A taxação de 20% em itens importados por pessoas físicas pela internet até U$ 50, que começou a valer no dia 1º de agosto, contribuiu para aliviar a concorrência, mas não resolveu o problema da disputa com o mercado chinês.
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“A taxação melhorou bastante com o aumento da alíquota, mas existe um problema maior que são as grandes redes de loja, os magazines. Elas estão importando praticamente 90% a 100% do que compram, tudo da China. Mesmo com o dólar alto, elas ainda conseguem trazer mais barato do que os preços praticados no mercado interno”, diz.
O presidente conta que já procurou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para tratar sobre essa questão e sugeriu um preço mínimo para os produtos entrarem em portos brasileiros, semelhante ao que acontece na Europa. “O produto chinês, quando vai para a Europa, possui um preço mínimo. Queremos que o Brasil tenha esse mesmo preço para igualar esse valor mínimo por aqui”.
De acordo com o presidente do Sinvesd, a importação dos magazines, “tem causado um caos” para a indústria local. “Quase ninguém consegue vender para os grandes magazines mais”, afirma.
Primeiro semestre de 2025 pode ser ainda pior para as empresas de Divinópolis
Para o ano que vem, a expectativa do presidente é que o primeiro semestre continue com desempenho ruim. “Já são dois invernos sem vendas, há muita mercadoria em estoque e as lojas vão acabar vendendo o que está parado. Então, para o primeiro semestre de 2025, a expectativa é que ainda seja abaixo desse ano, que já foi ruim. Cerca de 10% a 15% menor que 2024”, afirma.
Diante do cenário desafiador, o polo, que conta com cerca de 500 indústrias, já registra, inclusive, demissões. “Já tivemos cerca de 40 mil empregados há 10 anos, hoje são cerca de 15 a 20 mil empregos diretos e indiretos. Muitas empresas foram fechadas”, lamenta.
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