Agronegócio

Menor oferta de boi gordo alavancou preços em 2024 em Minas Gerais

Para 2025, estimativas são de preços “firmes”, de acordo com Sistema Faemg Senar; no Estado, arroba foi negociada a valores próximos a R$ 300 nos últimos meses do ano passado
Menor oferta de boi gordo alavancou preços em 2024 em Minas Gerais
De janeiro a setembro de 2024, foram abatidas 2,8 milhões de cabeças no Estado, alta de 25,6% frente ao mesmo período de 2023 | Crédito: Paulo Whitaker / Reuters

As demandas interna e externa aquecidas e a oferta menor de boi gordo no mercado fizeram com que os preços fossem alavancados nos últimos meses de 2024. Em Minas Gerais, a arroba foi negociada a valores próximos a R$ 300, o que representa um avanço expressivo frente ao preço médio praticado de janeiro a setembro, que girava em torno de R$ 235 por arroba. Para 2025, as estimativas são de preços firmes, uma vez que a oferta tende a seguir ajustada.

De acordo com o presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio de Salvo, a valorização do boi gordo e, consequentemente, dos cortes de carne bovina disponíveis nos supermercados, é resultado de uma menor oferta de animais. Isso porque entre 2022 e 2023, com a desvalorização da arroba, houve um aumento expressivo do abate de matrizes. Assim, caiu a produção de bezerros.

“Os preços da arroba do boi gordo, em 2021, chegaram a US$ 65, mas, em 2022 e 2023, o valor caiu para US$ 30. Com o valor caindo pela metade, houve uma maior venda de matrizes. A partir do momento em que mais matrizes são abatidas, há uma redução das vacas para produzir o bezerro, que vai virar o boi gordo nos próximos anos. Em 2023, faltou bezerro, o que aliado com a alta do dólar e com as exportações crescentes fizeram com que os preços atuais ficassem próximos a US$ 50 por arroba. Isso não é um ajuste feito pelo produtor. É o mercado balizando os preços conforme a oferta de animais e a demanda”, explicou.

A valorização fez com que a arroba do boi gordo fosse comercializada acima de R$ 300, valor que deve permanecer em 2025.

“O cenário de menor oferta aconteceu em outras partes do mundo e, por isso, a tendência é de preços próximos a R$ 300 a arroba ainda no início de 2025. Isso é resultado do ciclo da pecuária. No campo, teremos agora, certamente, uma maior retenção de matrizes, gerando menor abate e maior pressão de preços”,

Conforme os dados do Balanço Agropecuário 2024, elaborado pelo Sistema Faemg Senar, de janeiro a setembro de 2024, foram abatidas 2,8 milhões de cabeças de bovinos em Minas Gerais, o que representou um crescimento de 25,6% em relação ao mesmo período de 2023. Na parcial do ano, a proporção de abate de fêmeas não teve alteração significativa em relação ao ano de 2023, sendo que naquele ano a proporção foi de 35,3% dos abates, e, em 2024, o percentual chegou a 35,8% dos abates totais.

Quanto às exportações, as mesmas seguem aquecidas e contribuindo para a valorização da arroba do boi gordo. No acumulado dos primeiros 10 meses de 2024, houve um aumento de 26,9% no volume em relação ao ano anterior, somando, portanto, 216,3 mil toneladas. O valor médio pago subiu 6,5%, passando de US$ 4,3 mil por tonelada em 2023 para US$ 4,6 mil toneladas em 2024. Quanto ao faturamento gerado com os embarques, houve incremento de 19,2% e movimentação de US$ 933,7 milhões.

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