Indústria mineira pode se beneficiar com acordo Mercosul-União Europeia

O acordo entre Mercosul e União Europeia para benefício mútuo está prestes a se tornar realidade e Minas Gerais pode se despontar entre os mercados mais promissores para exportações da indústria. Após duas décadas de negociações, o tratado foi finalizado e aguarda o diálogo entre países para a concretização das assinaturas.
Em um cenário otimista, a expectativa, segundo a analista de Negócios Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Verônica Winter, é que o tratado seja assinado no segundo semestre de 2025. Até lá, haverá revisões das propostas, eventuais reajustes, além do trâmite em parlamentos dos países envolvidos.
O acordo impactará significativamente na redução das tarifas de importação, resultando em insumos que poderão chegar a um menor preço para o consumidor final. Para a indústria mineira, segundo estudo realizado pela Fiemg, alguns setores, como o cafeeiro, serão beneficiados com o aumento na demanda e a redução de taxas ao mercado europeu.
Atualmente, a produção de café lidera as exportações mineiras para a região, representando mais de 63% do volume nacional exportado entre janeiro e novembro deste ano. Com o acordo, 77% das linhas tarifárias serão liberadas do setor agrícola, beneficiando mais de 80% das safras comercializadas.
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A medida também disponibiliza acesso preferencial para outros fortes segmentos do agronegócio mineiro, como a fruticultura, a pecuária e o cultivo de grãos. Além disso, produtos da indústria derivados da cana-de-açúcar, como o açúcar e o etanol, contarão com cotas de tarifas reduzidas para os 27 estados-membros da União Europeia.
Certificações sustentáveis alavancam competitividade
Na mineração, corporações que já aderem às certificações europeias e possuem projetos ligados à promoção de governança ambiental, social e corporativa (ESG) largam na frente para expansão de possíveis acordos. Um exemplo disso é a produção ferro-gusa verde, que utiliza – quase que em 100% – carvão vegetal proveniente de florestas replantadas.
“É um diferencial com grande apelo no mercado externo. Esse fator se torna ainda mais relevante com a implementação do Mecanismo de Ajuste Fronteiriço de Carbono (CBAM) na Europa, que prevê taxar produtos com base nas emissões”, analisa Verônica Winter.
Por outro lado, setores mais fragilizados devem se adaptar para não serem prejudicados pelo aumento na concorrência nacional com a entrada de produtos europeus. Segundo a analista, as corporações devem estar atentas às certificações sustentáveis, ao uso de matriz energética renovável e a processos fitossanitários para se adequarem se for necessário.
“Hoje, Minas Gerais só possui 15 frigoríficos habilitados para exportar carnes e contamos com dezenas de negócios que certamente poderiam estar exportando. Seria interessante que elas buscassem essa adaptação”, pontua a analista.
Apesar disso, se concretizado o tratado, o Estado é considerado um dos mais promissores do Brasil para se despontar em exportações, tanto em produtos do setor agrícola, quanto mineral e tecnológico – cuja proposta eliminaria imediatamente 80% das tarifas nos dois segmentos já no primeiro dia de tratado. “Isso beneficiará diretamente exportadores de produtos como químicos, máquinas, equipamentos médicos e autopeças, setores nos quais Minas Gerais busca ampliar sua participação no mercado global”, conclui Verônica Winter.
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