Agronegócio

Caldas e Andradas buscam Identificação Geográfica para vinhos

Identificação Geográfica (IG) visa destacar importância da produção e busca maior valorização dos produtores das duas cidades, além de preservação da história
Caldas e Andradas buscam Identificação Geográfica para vinhos
Será feito levantamento técnico que irá mapear tipos de uvas, número de produtores, entre outros dados | Crédito: Divulgação Epamig

As cidades de Caldas e Andradas, no Sul de Minas Gerais, se destacam na produção de vinhos. A tradição centenária no cultivo da videira fez com que a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), o Instituto Federal do Sul de Minas (IFSuldeMinas) e as prefeituras de Andradas e Caldas se unissem para buscar a Indicação Geográfica (IG) para os vinhos produzidos nos municípios.

A ideia tem o objetivo de preservar a história, destacar a importância da produção e buscar maior valorização dos produtores das cidades. Através da parceria, houve a construção de um dossiê mostrando a importância socioeconômica e a história. 

Será feito ainda um levantamento técnico que irá mapear a produção, mostrando, por exemplo, o número de produtores, uvas produzidas, entre outros dados. A expectativa é ingressar com o pedido de reconhecimento da IG, na modalidade Indicação de Procedência (IP), em 2025.

O artigo, além de contextualizar a vitivinicultura da região, destaca também o papel da Epamig como importante agente para o desenvolvimento do setor vitivinícola. Caldas, por exemplo, abriga a Estação Experimental de Viticultura e Enologia da Epamig. Nela, foram desenvolvidas tecnologias para a produção de uvas e vinhos de alta qualidade. Entre as tecnologias, estão a dupla poda da videira, indicação de cultivares viníferas, americanas e de porta-enxertos para a região, entre outras.  

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De acordo com o professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – Campus Avaré,  Eli Fernando Tavano Toledo, os estudos são importantes para embasar o pedido de reconhecimento da IG.

“Montando o contexto histórico e geográfico. O documento mostra a importância da produção que acontece há mais de 100 anos. É uma região que produz vinhos há mais anos que o Sul do País. Em fevereiro de 2025, vamos mapear a produção, levantando os dados junto aos produtores”.

Parreirais
Parreirais se estendem pelos dois municípios do Sul de Minas, tradicionais na produção de vinhos | Crédito: Divulgação Epamig

Os estudos identificaram dois tipos de vinhos para a IG, o vinho colonial artesanal – que é um vinho de mesa tinto e mais consumido no País – e também os vinhos finos, produzidos através da técnica de dupla poda da Epamig.

Inpi

Conforme Toledo, a expectativa é entregar o documento concluído em julho de 2025 e, assim, inscrevê-lo no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) para obtenção da IG.

“Vamos buscar a IG na modalidade Indicação de Procedência, com o estudo pretendemos mostrar como a produção é importante para as duas cidades. A obtenção da IG será importante para preservar a tradição, a história e a produção cultural da região. A produção dos vinhos atrai turistas, muitas pessoas vão para as cidades somente para tornar esses vinhos que são muito tradicionais em Caldas e Andradas. Além disso, o reconhecimento pode trazer resultados positivos para os produtores”. 

IG preservará a história e trará resultados para os produtores de vinho 

A pesquisadora da Epamig em Caldas, Angélica Bender, explica que a região de Caldas e Andradas possui uma viticultura histórica, com quase 200 anos de produção de uvas.

“A região, de 1830 a 1960, foi uma grande produtora de vinhos e referência no País. Posteriormente, com algumas multinacionais chegando ao Sul do País, a produção decaiu devido à concorrência. A região mineira perdeu competitividade, já que o Sul do País contava com melhores condições logísticas e de comércio”.

AngélicaBender destaca que, atualmente, há uma evolução do quadro da viticultura na região, o que também vem sendo estimulada pela técnica da dupla poda. A metodologia possibilitou a produção de uvas finas na região, que, até então, se baseava nas uvas comuns.

“A busca pela IG vem para valorizar os produtos que mantêm uma cultura passada de geração para geração há mais de um século. Temos embasamento histórico e a IG vai manter a história viva, vai valorizar os vinhos e produtores, incentivando também para que eles regularizem a produção e evoluam para novos mercados”.

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