Indústria mineira encerra 2024 com queda na produção e desafios

A produção da indústria mineira caiu em dezembro de 2024. No período, o índice de evolução produtiva, medido pela Sondagem Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), ficou em 40,9 pontos, o que indica baixa na atividade industrial – a pesquisa estabelece 50 pontos como limite entre recuo e elevação.
Esse foi o segundo mês consecutivo de queda. Em comparação com novembro, quando o indicador marcou 47,3 pontos, a redução se intensificou. O resultado, no entanto, já era esperado, visto que, desde o início da série histórica mensal do levantamento, em 2010, houve retração na comparação entre os dois meses, devido à sazonalidade de fim de ano.
“A atividade da indústria tradicionalmente diminui em dezembro, porque é o período em que temos uma menor demanda do comércio e uma maior concentração de férias no mês”, explica a coordenadora de Economia e Finanças Empresariais da entidade, Daniela Muniz.
“As vendas do comércio são maiores nos meses de novembro e dezembro, mas o pico da indústria costuma ser em outubro, porque vendemos com antecedência para que os comerciantes possam vender na Black Friday e nas festas de fim de ano”, reitera.
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Em razão dos fatores mencionados pela coordenadora, o nível de empregados na indústria recuou no último mês do ano. Ao mesmo tempo, a utilização da capacidade instalada efetiva do setor no Estado ficou abaixo da usual para os meses de dezembro.
Os indicadores de estoques de produtos finais e de estoques efetivos/planejados também diminuíram no período. Daniela Muniz ressalta que o fato de os estoques ficarem abaixo do nível planejado pelos industriais, sugere que a demanda foi superior ao que esperavam.
“Esse é um indicador positivo de produção futura, porque quando as empresas acumulam estoques por algum tempo, a produção tende a ser limitada. Já quando os estoques estão abaixo do esperado, elas vão ter que produzir mais para fazer a recomposição”, observa.
A Fiemg também mediu a satisfação dos empresários com o lucro operacional, situação financeira e acesso ao crédito. A sondagem trimestral mostrou que, no quarto trimestre de 2024, os industriais estavam insatisfeitos com as condições do mercado de crédito e com as margens de lucro de seus negócios, embora estivessem satisfeitos com as finanças.
Taxa de câmbio lidera lista de problemas enfrentados pelo setor industrial
Ainda segundo a pesquisa da entidade, a taxa de câmbio foi o principal obstáculo enfrentado pela indústria mineira no último trimestre de 2024. Daniela Muniz ressalta que a desvalorização cambial pode gerar impactos negativos, como aumento nos custos de insumos importados, pressões inflacionárias e maior percepção de risco sobre a economia brasileira, o que afeta a confiança dos investidores e a previsibilidade dos negócios.
Nas posições seguintes do ranking de dificuldades enfrentadas pelos industriais no período ficaram:
- a falta ou o alto custo de manter um trabalhador qualificado, desafio persistente para o setor;
- a elevada carga tributária, que liderou nos quatro trimestres anteriores,
- e as taxas de juros elevadas, que encarecem o crédito e restringem os investimentos.
Otimismo para a demanda cresce e intenção de investimentos diminui
Conforme a sondagem da Fiemg, o índice de expectativa de demanda da indústria mineira para os próximos seis meses subiu em janeiro. Por outro lado, a intenção de investimentos, ainda que tenha ficado acima dos 50 pontos, diminuiu frente a dezembro.
A coordenadora ressalta que, apesar do otimismo dos empresários com relação à demanda, o indicador vinha em uma trajetória de queda desde julho. A curva negativa, de acordo com ela, reflete uma piora no ambiente macroeconômico brasileiro, com a tendência de estabilização do mercado de trabalho, alta do dólar, inflação estourando a meta, taxa de juros em patamares elevados e incertezas quanto à política fiscal do País.
Sobre a pretensão de investimentos, Daniela Muniz destaca que os juros elevados impactam os investimentos do setor e que o cenário da macroeconomia como um todo também influencia, já que os empresários precisam estar confiantes para investir.
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