Economia

Construir em Minas Gerais fica cada vez mais caro: materiais puxam alta e afetam o setor

Em apenas um ano, metro quadrado (m²) de construção no Estado está R$ 87,50 mais caro, atingindo R$ 1.743,15
Construir em Minas Gerais fica cada vez mais caro: materiais puxam alta e afetam o setor
Os reajustes salariais pressionaram o custo da mão de obra na construção em Minas | Foto: Diá rio do Comércio / Arquivo / Alisson J. Silva

Em meio à elevação no preço dos materiais, o custo da construção civil avançou 0,24% em agosto em Minas Gerais na comparação com o mês anterior. Na prática, em apenas um ano, O metro quadrado (m²) de construção no Estado está R$ 87,50 mais caro, atingindo R$ 1.743,15, sendo R$ 1.014,81 referentes aos materiais e R$ 728,34, à mão de obra.

Os dados fazem parte do Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com a Caixa Econômica Federal. Apesar do avanço, o resultado segue inferior ao observado no Brasil, cujos preços saltaram para R$ 1.863/m², alta de 0,79% frente a julho.

O economista e docente do Centro Universitário Uni-BH, Fernando Sette Jr., pontua que a pressão sobre os custos da construção em Minas Gerais decorre de um conjunto de vetores, que englobam tanto materiais, quanto mão de obra. Insumos como PVC, cimento e concreto seguem registrando aumentos consistentes, muito em função de reajustes em cadeias de fornecimento, custos energéticos e logística.

“Embora o aço tenha mostrado algum alívio recentemente, ele não foi suficiente para neutralizar as pressões de outros insumos”, destaca.

Com relação à mão de obra, as altas constantes nos custos em grandes cidades, como Belo Horizonte, podem ser reflexo direto de reajustes salariais decorrentes de negociações coletivas. “Esse componente é mais rígido, pois, uma vez concedidos, os reajustes não recuam”, acrescenta o economista.

Na economia, o elevado patamar da inflação, a volatilidade cambial – que encarece importados – e a demanda relativamente estável por obras habitacionais e de infraestrutura seguem pressionando o setor. Para Sette Jr., esses fatores somados sustentam a elevação dos custos da construção em Minas Gerais, mesmo que em ritmo um pouco abaixo da média nacional.

Altos custos podem afetar mercado imobiliário, levando a reajustes ou recuos em projetos

O aumento do custo deve impactar significativamente o mercado imobiliário mineiro, com parte dos custos repassada ao comprador final, elevando o preço dos imóveis novos. “No último ano, estima-se que o metro quadrado de construção no Estado tenha ficado cerca de R$ 87 mais caro. Isso significa que um edifício de 10 mil metros quadrados custaria quase R$ 900 mil a mais apenas em insumos e mão de obra”, exemplifica o economista.

No segmento comercial e corporativo, o efeito esperado deve ser mais acentuado, com possibilidade de adiamentos ou redimensionamentos de projetos. Os empreendimentos, segundo o Sette Jr., dependem de margens estreitas e cálculos de viabilidade mais sensíveis.

Quanto ao futuro, a expectativa no curto prazo sugere que os custos continuarão pressionados, embora com possibilidade de desaceleração. Para o economista, insumos essenciais para o setor, como o aço, já sinalizam arrefecimento, o que pode contribuir para um alívio parcial.

Contudo, os preços de materiais plásticos e de acabamento seguem em alta, sem indícios de recuo a curto e médio prazo. Somado a isso, a política monetária contracionista, marcada pela persistência de juros elevados, tende a reduzir o ritmo de novos lançamentos e investimentos.

“A expectativa mais realista é de crescimento moderado dos custos nos próximos meses, com um possível alívio em 2026, caso a inflação geral continue cedendo e a economia estabilize insumos energéticos e logísticos”, conclui o economista.

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