Economia

De volta às origens, panificação mineira deve superar R$ 15 bilhões em faturamento

Negócios apostam no equilíbrio entre modernização e retorno às origens para atrair clientes e driblar desafios como falta de mão de obra e altos custos com energia e aluguel
De volta às origens, panificação mineira deve superar R$ 15 bilhões em faturamento
Estabelecimentos passam a ser locais para refeições rápidas, encontros e até reuniões de trabalho | Foto: Reprodução Adobe Stock

Com elevada demanda nos últimos meses, o setor de panificação amplia a presença em Minas Gerais, apostando no equilíbrio entre modernização e retorno às origens. Diferente de outros mercados, a categoria enxerga o atual momento econômico como oportunidade de crescimento, com projeção de superar R$ 15 bilhões em faturamento no Estado neste ano.

É que o Instituto de Desenvolvimento das Empresas de Alimentação (Ideal) estima que o segmento tenha alcançado faturamento de R$ 153,3 bilhões no exercício passado em todo o País. Minas Gerais, corresponde a 10% do segmento, tanto em número de padarias, quanto faturamento, e projeta ultrapassar o montante em 2025.

O Cálculo foi feito pelo presidente da Associação Mineira da Indústria de Panificação (Amipão), Vinicius Dantas. Um dos motivos apontados para o crescimento do mercado é o atual cenário econômico, marcado pela redução no consumo de bens duráveis, como imóveis e veículos, além da ampliação da alimentação fora de casa.

O diferencial das padarias, segundo ele, passa pela ampla variedade de produtos com fabricação própria, o que garante uma percepção de segurança alimentar maior do que em outros estabelecimentos. “O segmento está ganhando confiabilidade nesse tipo de serviço, e cada vez mais, passa a ser um local para refeições rápidas, encontros e até reuniões de trabalho”, detalha.

As atuais necessidades do consumidor devem retornar a panificação às origens, marcadas pela qualidade e especialidade profissional, além da oferta alimentar cada vez mais saudável e artesanal, a exemplo das quitandas. Para Dantas, serviços como confeitaria, almoço e venda de utilitários devem ficar em segundo plano, podendo ser retomados de forma complementar, apenas para fortalecer a experiência do cliente e aumentar a fidelização.

Além da mudança no perfil do consumidor, o conceito proposto é uma alternativa ao desafio da escassez de mão de obra qualificada, que inviabiliza contrações de profissionais especializados em confeitaria, por exemplo. O setor, antes caracterizado pelo primeiro emprego, hoje busca alternativas especializadas para melhorar a qualidade dos produtos e reduzir o turn over (taxa de rotatividade de funcionários).

“Ao longo do tempo, abrimos muito o leque de produtos, e agora a panificação retorna às origens, investindo em tecnologia e novos equipamentos, impulsionada pela falta de mão de obra”, acrescenta.

Tarifa vermelha de energia e aumento nos custos do aluguel são principais entraves

Além da ausência de mão de obra qualificada, o setor enfrenta outros desafios, como a tarifa vermelha de energia e o aumento nos custos do aluguel comercial, fatores que seguem pressionando os custos na panificação. “A tendência é que preço dos aluguéis subam ainda mais, com valor de mercado superior às correções, e isso nos preocupa”, reforça o dirigente.

Com relação aos insumos alimentares, a ampliação na oferta de trigo de qualidade, especialmente no cerrado, segue fomentando a oferta, permitindo a aquisição por preços competitivos. Esse cenário impacta positivamente a produção de pães, bolos e outros itens de panificação, permitindo que estabelecimentos artesanais mantenham a qualidade sem repassar aumentos ao consumidor final.

Desta forma, até o fim do ano, a expectativa é que o setor de panificação em Minas Gerais dê sequência ao avanço recorrente observado nos últimos anos. “Não tenho a menor dúvida que este ano supere o faturamento de 2024”, conclui Dantas.

Além da comercialização tradicional, o setor também aposta nos próximos meses na realização de eventos e confraternizações para elevar as margens de lucro. A estratégia da panificação inclui festas corporativas e eventos temáticos, aproveitando a experiência do cliente como diferencial competitivo no fim de ano.

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