Retomada aumenta demanda por carvão

A retomada da indústria metalúrgica em Minas Gerais está provocando o aumento dos preços da madeira em pé, usada para fazer o carvão vegetal, que, por sua vez, é um importante insumo para o setor. Estudo do grupo finlandês Pöyry, especializado em consultoria e serviços de engenharia, com escritório em Belo Horizonte, mostrou que, depois de uma sequência de três trimestres consecutivos de queda, o preço médio da madeira de processo na região Central do Estado voltou a subir e chegou a R$ 39,90 por metro cúbico com casca, em junho. A variação corresponde a uma alta de 4% em relação ao preço do final do primeiro trimestre.
“O aumento registrado mostra que os preços praticados voltaram ao mesmo patamar de um ano atrás, e é resultado do aumento do preço do carvão vegetal no polo siderúrgico de Minas Gerais”, explica o gerente de Consultoria em Energia e Agroindústria da Pöyry no Brasil e coordenador do estudo, Dominique Duly.
Segundo ele, a recuperação do setor metalúrgico, especialmente a produção de ferro- gusa, levou ao aumento na demanda do carvão vegetal, o que pressionou seu preço para cima. Como consequência, entre abril e junho deste ano, várias carvoarias que estavam paralisadas devido à crise do setor voltaram a produzir.
Duly explicou que a madeira representa cerca de 2% do custo de produção do gusa e outros 2% de participação nos custos estão ligados à logística ao redor da madeira. “Os preços do gusa e do carvão vegetal aumentaram muito mais que o da madeira. Em um ano, a variação do preço do carvão e do gusa foi de quase 70%, enquanto o da madeira foi em torno de 3%, 4% no segundo trimestre e ficou estável nos últimos 12 meses. Por isso, não achamos que a recuperação dos preços da madeira ameaça a competitividade do gusa produzido em Minas”, disse.
Para o gerente da Pöyry, o aumento dos preços da madeira não é uma tendência nacional, uma vez que, segundo ele, “os mercados de madeira são muito regionais e, basicamente, o fator que mais influencia o preço é o equilíbrio de oferta e demanda de cada região”.
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Questionado se seria uma vantagem para produtores mineiros comprar madeira mais barata de outros estados, Duly explicou que a colheita e a logística da madeira usada para fazer carvão vegetal representa altos custos quando são percorridas distâncias maiores em função do somatório entre transporte e impostos.
A projeção da Pöyry no médio prazo é de que o preço da madeira deve continuar subindo. “Estimamos assim porque a rentabilidade dos produtores florestais em Minas é muito baixa. O custo da silvicultura, da terra usada para o plantio e custos indiretos de administração não compensa a venda da madeira nos preços atuais. Por isso, acreditamos que, no médio prazo, os preços tendem a se recuperar”, afirmou.
Recuperação – Dados da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) mostram que, de fato, o parque metalúrgico está se recuperando. No primeiro semestre deste ano, o faturamento do setor no Estado cresceu 13%, o nível de emprego aumentou 4,7% e as horas trabalhadas na produção avançaram 7,7% na comparação com os mesmos meses de 2017.
Para a gerente de Economia da Fiemg, Daniela Britto, foi a recuperação do setor automotivo e encomendas de máquinas e equipamentos do setor agrícola que impulsionaram essa retomada. “(A metalurgia) É um setor que faz parte da cadeia produtiva automotiva, que é demandante de aço. A demanda agrícola por máquinas e equipamentos também fortaleceu a produção da metalurgia”, pontuou.
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