Dia Internacional do Café é marcado por tarifaço, safra menor e preços valorizados

Dia 1º de outubro é celebrado o Dia Internacional do Café. A data foi instituída pela Organização Internacional do Café (OIC) para homenagear a cadeia produtiva do grão em todo o mundo. Em Minas Gerais, o grão é um dos principais produtos do agronegócio, mas, a produção enfrenta desafios de mercado – como a tarifa imposta pelos Estados Unidos -, problemas relacionados ao clima, o que prejudicou a safra 2025, e preços elevados.
O café é cultivado em mais de 500 municípios, sendo responsável pelo desenvolvimento social e econômico. Além disso, o grão segue entre os principais produtos da pauta exportadora do Estado. Conforme os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), em 2024, o café foi o protagonista para que o agronegócio mineiro superasse, pela primeira vez, a receita das exportações do setor de mineração no Estado. A receita da commodity foi de US$ 7,9 bilhões, representando 46,1% do total comercializado pelo agro, que foi de US$ 17,1 bilhões.
Minas Gerais é o maior produtor de café do Brasil, com participação de 52% do total nacional. O parque cafeeiro mineiro é composto por 513 municípios produtores, que ocupam 1,3 milhão de hectares de lavouras. Os dados da Seapa mostram que a espécie de café predominante no Estado é a arábica, 58,7% da área cultivada com café arábica no Brasil está localizada em Minas Gerais.

A produção em Minas Gerais se concentra nas regiões Sul e Alto Paranaíba, responsáveis por 69,2% do volume total, conhecida pelos cafés de qualidade. Os principais municípios produtores nestas regiões são: Patrocínio (Alto Paranaíba), Monte Carmelo (Alto Paranaíba), Araguari (Triângulo Mineiro), Campos Gerais (Sul de Minas) e Três Pontas (Sul de Minas).
Safra 2025 foi prejudicada pelo clima
Em 2025, a estimativa da Companhia Nacional dE Abastecimento (Conab) é que a produção em Minas Gerais some 24,8 milhões de sacas, redução de 11,6% em comparação com a safra anterior. A queda é justificada pelo ciclo de bienalidade negativa, aliada, principalmente, ao longo período de seca nos meses precedentes à floração. A colheita da safra foi encerrada no Estado.
Conforme o diretor executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Juliano Tarabal, a colheita da safra 2025 na região foi encerrada em setembro, sendo marcada pela redução do volume. “Nossa perspectiva inicial era de quebra frente às 5,3 milhões de sacas colhidas em 2024 e esta quebra deve se confirmar. Já temos relatos de produtores com quebras variando de 20% a 30% em relação ao último ano. Mais uma vez, a irregularidade das chuvas e os períodos de seca em momentos chave para a produção afetaram e diminuíram a produtividade”, explicou.
Ainda segundo Tarabal, quanto ao mercado, o momento atual vem sendo marcado por uma demanda travada. “A demanda travada é resultado da enorme oscilação do mercado e da alta dos preços. Há ainda o tarifaço imposto pelos Estados Unidos, que, agora, se trata de uma negociação política, uma vez que as instituições privadas do setor já fizeram o que estava ao alcance e os interlocutores dos EUA afirmam se tratar de uma necessidade de acordo comercial entre os governos”.

O CEO da Fazenda Bioma Café, na região do Cerrado Mineiro, Marcelo Nogueira Assis, explica que a safra 2025 foi prejudicada pelo clima. Assim, houve impacto negativo na produtividade e é esperada quebra. “Ainda estamos encerrando o beneficiamento da safra, mas, já esperamos uma quebra de 20% até 30% da expectativa pior que já tínhamos. É uma quebra muito grande. O principal motivo foi o clima muito quente e a falta de chuva em fevereiro e março, durante a granação, o que impediu a boa formação dos grãos”.
Assis explica ainda que o mercado brasileiro está desafiador para importadores, pois não haverá oferta suficiente para cobrir a demanda mundial, o que pode sustentar os preços da saca em níveis altos. “Os estoques globais estão muito baixos. Acredito que os preços se manterão altos até a próxima safra de 2026, mas há incertezas devido ao clima. A florada está acontecendo neste momento, mas, ainda teremos uma jornada de oito meses”.
Quebra de safra alavanca preços do café
Conforme os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), na segunda quinzena de setembro, os preços do café retraíram frente à primeira quinzena, mas ainda se mantiveram em patamares bastante elevados.
Os pesquisadores explicam que os preços seguem em patamares elevados influenciados pela oferta restrita, pelos estoques reduzidos e pelo fato de o café brasileiro estar, até o momento, sobretaxado nos EUA. Entre 15 e 22 de setembro, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor caiu 10,2%, mas fechou a R$ 2.133,08 por saca de 60 quilos.
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