Com demanda de fim de ano, indústria mineira avança 2,7% em setembro
A indústria segue em ritmo de crescimento em Minas Gerais. Depois de um desempenho tímido em agosto, o faturamento industrial geral cresceu 2,7% em setembro, impulsionado pelo aumento de pedidos em carteira nos segmentos de transformação e extrativo. Os dados são da pesquisa Indicadores Industriais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
No período, as horas trabalhadas na produção apresentaram aumento de 1,2% na comparação com o mês anterior. A utilização da capacidade instalada também avançou, com alta de 0,4 ponto percentual, passando de 81,5% em agosto para 81,9% em setembro.
O desempenho, segundo o economista da Fiemg, Arthur Augusto, estaria atrelado ao aumento de pedidos em carteira no segmento de transformação em função da produção para abastecer o comércio na Black Friday e festas de fim de ano.
Em contrapartida, os indicadores do mercado de trabalho, como o nível de emprego apresentou leve queda de 0,2% em setembro, em virtude do ajuste do quadro de funcionários em empresas do segmento de transformação. “Ainda assim, no acumulado do ano, os indicadores são positivos em função do mercado de trabalho aquecido, com desemprego em níveis historicamente baixos”, acrescenta o economista.
Apesar do recuo na empregabilidade, a massa salarial da indústria em Minas Gerais aumentou 0,9% frente a agosto. O crescimento pode ser justificado pelo maior pagamento de horas extras e verbas indenizatórias. Nesse mesmo período, o levantamento aponta ainda que o rendimento médio real dos trabalhadores subiu 1,1%.
Para o último trimestre, a expectativa é positiva, embora inferior ao ano passado. “O menor crescimento deve ocorrer principalmente em segmentos que dependem do ciclo econômico, como a indústria de transformação”, conclui Augusto.
Juros elevados e preocupação com contas públicas podem afetar investimentos
No acumulado de 2025, a indústria avançou 1% no Estado – crescimento considerado moderado em comparação aos 4% registrados no ano passado. Segundo o economista, os resultados permitem projetar um crescimento positivo, embora inferior em razão de um período de desaceleração na economia, impulsionada pela alta taxa de juros, que se mantém em 15% ao ano, o maior patamar desde 2006.
“O Copom sinalizou que os juros elevados devem permanecer por um período prolongado. Isso demonstra compromisso do Banco Central em trazer as expectativas da inflação para casa dos 3%”, destaca Augusto.
Além da manutenção dos juros em patamares elevados, a preocupação com contas públicas podem afetar investimentos por parte dos industriais. A dívida elevada do governo acende preocupações sobre a capacidade de honrar compromissos, elevando juros e afetando novos ciclos de aportes financeiros.
“Com juros elevados, o empresário pensa duas vezes antes de investir na produção. O capital que poderia virar máquina, equipe ou expansão acaba rendendo mais parado em aplicações financeiras”, ressalta o economista.
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