Mercado imobiliário surpreende positivamente em 2025
A alta demanda pela casa própria é uma das grandes surpresas deste ano para o mercado imobiliário conforme destacado na 2ª edição do INC Minas, realizado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), nesta quinta-feira (4), no Minascentro, em Belo Horizonte. Impulsionada pelos programas sociais, o crescimento das vendas alcançou dois dígitos (20%) e tornou o mercado imobiliário resiliente em um ano em que se esperava queda nos lançamentos e nas vendas.
De acordo com a apresentação do sócio-consultor Guilherme Werner ,da Brain Inteligência, empresa especializada em estratégia imobiliária, as expectativas para 2025 eram de queda de lançamentos e vendas em função dos juros elevados e do cenário macroeconômico desfavorável. “No entanto, o indicador de intenção de compras que a gente mensura mostra um índice de 48% em setembro deste ano ante 46% em setembro do ano passado”, disse.
No último trimestre, segundo Werner, mais de 400 mil unidades foram vendidas no País, número que superou as expectativas. “Vivemos um momento positivo no que se refere a emprego e a preferência por uma compra imobiliária ainda está mantida nas famílias brasileiras. Isso ajuda a explicar o fenômeno por parte da demanda”, explicou.
Além disso, a disponibilidade de crédito mais abundante, como o uso ampliado do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), e o programa Minha Casa, Minha Vida, também estariam contribuindo com o aumento das vendas. “Hoje, o Minha Casa, Minha Vida responde de 45% a 50% das vendas do Brasil”, informou o especialista.
Porém, Belo Horizonte é uma cidade que não tem aproveitando tanto o bom momento do setor quanto Minas Gerais e o Brasil. Ao observar o cenário de unidades lançadas, a capital mineira apresentou queda de 30% entre os nove primeiros meses de 2025, com relação ao mesmo período em 2024. No Estado a queda foi de 9,8%.
Quando observados os números da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a expansão foi 62,8%, puxada, principalmente, pelas vendas das cidades do entorno, sobretudo Nova Lima. Conforme explicou Guilherme Werner, as cidades da RMBH verificaram um aumento de lançamento de alto padrão que impulsionaram o índice da região.
“O cenário de Belo Horizonte mostra uma sequência de redução de oferta, possivelmente pelo fato da habitação social ser menos presente aqui do que em outras cidades. Belo Horizonte não surfou na onda das habitações sociais”, afirmou Werner.
Nesse campo, o especialista pontua que Belo Horizonte segue a passos lentos. “Seja pela lei de uso e ocupação do solo, pela topografia, ou outros fatores que impedem o desenvolvimento, a habitação social ainda engatinha por aqui. Para alavancar, talvez fosse necessário olhar as leis com mais cuidado, como o plano diretor, para viabilizar mudanças”, avaliou.
No entanto, o secretário-executivo do Ministério das Cidades, Hailton Madureira, que participou virtualmente do evento, mostrou que Belo Horizonte está no topo dos municípios em que há mais unidades habitacionais em construção, no ciclo de 2023/2024, subsidiadas pelo Minha Casa ,Minha Vida. Ao todo 2.386 unidades estão sendo construídas na Capital.
Sair do aluguel é o principal motivo para a compra da casa própria
Ainda analisando os dados da pesquisa da Brain Inteligência, dentre os motivos apontados para a compra de um imóvel entre os brasileiros, parar de pagar o aluguel (33%) aparece como principal. Em Belo Horizonte, no entanto, os investimentos nos compactos foram os maiores destaques nos últimos 12 meses.
Na Capital, 25% dos que possuem intenção de compra no mercado de Belo Horizonte o fazem para investimento. A título de comparação, no mercado nacional, o índice é de 7%. No entanto, o especialista refuta qualquer chance de bolha especulativa na capital mineira. “O investidor não tem comprado este produto para vender mais caro, não é uma compra especulativa. A maioria é para obter receita recorrente”, disse.
Geração Z não desistiu de comprar imóvel
Outro ponto relevante que Guilherme Werne,r da Brain Inteligência, fez questão de ressaltar é a constatação de que, diferente do que o mercado por muito tempo havia traçado como tendência, a Geração Z (adultos entre 21 e 28 anos) não desistiu de comprar a casa própria e deve garantir a perenidade do mercado imobiliário nos próximos anos.
“Atualmente, a Geração Z é a que mais deseja comprar imóvel nos próximos 24 meses, refutando aquele dogma que algum momento se viu no mercado de que o jovem não quer comprar imóvel”, afirmou Werner.
De acordo com os dados, em seguida vem a Geração Y (29 a 44 anos) com 51% intencionados, da Geração X (45 a 60 anos) com 41% e pelos Baby Boomers (61 a 79 anos) com 25% com a intenção em adquirir a casa própria.
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