Polo metalmecânico do Vale do Aço enfrenta ano desafiador
O ano de 2025 foi desafiador para o polo metalmecânico do Vale do Aço, em Minas Gerais. Embora algumas empresas de maior porte tenham registrado avanços pontuais, o movimento predominante, sobretudo entre as pequenas, foi de queda na demanda. É o que aponta o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) Regional Vale do Aço e do Sindicato Intermunicipal das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Vale do Aço (Sindimiva), João Batista Alves.
Segundo ele, os negócios da indústria metalmecânica ficaram mais fracos principalmente em função das importações de aço, que vêm freando investimentos da siderurgia. Conforme o Instituto Aço Brasil, aportes de R$ 2,5 bilhões previstos pelo setor siderúrgico foram cancelados, devido aos impactos dos desembarques sobre os resultados das companhias.
Outro fator para a retração na demanda foi a alíquota de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre a importação de aço brasileiro. A medida afetou o polo metalmecânico ao gerar insegurança nas siderúrgicas, ainda que não tenha inviabilizado as exportações das usinas. De acordo com dados do Instituto, os embarques cresceram 10,6% no acumulado de janeiro a novembro de 2025 na comparação com o mesmo período de 2024.
Taxa de juros elevada, falta de mão de obra e dificuldade de escoamento
O Arranjo Produtivo Local (APL) Metalmecânico da Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA) também enfrentou outros desafios em 2025. Um deles foi a elevada taxa de juros (Selic), que, desde junho, está em 15% ao ano – o maior patamar em quase duas décadas –, dificultando o crescimento do setor ao inibir grandes investimentos empresariais.
Além disso, a falta de mão de obra qualificada e a dificuldade de escoamento da produção pela BR-381 seguiram como gargalos. Nesse último caso, a expectativa do presidente da Fiemg no Vale do Aço é que as obras de duplicação da rodovia, previstas no contrato de concessão, e que devem começar em 2026, possam ajudar a resolver o problema.
Ações de capacitação e prospecção de negócios
Em relação à escassez de trabalhadores qualificados e às oportunidades de expansão da indústria metalmecânica, o Sindimiva, juntamente com o APL Metalmecânico, tem promovido ações de capacitação profissional e de prospecção de novos negócios.
Nesse sentido, Alves destaca que foi realizada a quarta edição da ExpoMetal – Feira Metalmecânica do Vale do Aço. O encontro aconteceu em setembro, em Ipatinga, e promoveu negócios estimados em mais de R$ 300 milhões, além de palestras e workshops.
Otimismo para 2026
Embora ressalte incertezas nos campos econômico e político, o presidente da Fiemg Vale do Aço demonstra otimismo para o futuro. Ele acredita que 2026 será melhor para a indústria metalmecânica e destaca que as oportunidades emergem das crises.
“Nós, empresários, devemos sempre nos reinventar e melhorar a gestão, sendo mais estratégicos na busca por nichos promissores, como agronegócio, petróleo e gás, cujas demandas são mais favoráveis do que a do aço”, salienta.
Na avaliação de Alves, o próximo ano exigirá adaptação e investimentos estratégicos em tecnologia, automação e digitalização de processos, para o fortalecimento da produtividade e da sustentabilidade do polo metalmecânico. Para o executivo, o setor também deverá seguir na busca por maior eficiência energética e na preparação dos colaboradores para atuar em um ambiente de trabalho que concilie pessoas e máquinas.
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