Opinião

EDITORIAL | A bomba já está armada

A bomba está armada e, a rigor, é possível afirmar que o estopim já foi acionado. A imagem se aplica às despesas públicas no País, particularmente aos gastos com a previdência do funcionalismo, um buraco que vai crescendo com velocidade incontrolável. Dados recentes indicam que, apenas nos estados, essa conta subiu 146% nos últimos seis anos, saltando de R$ 62,2 bilhões para R$ 163,6 bilhões. A arrecadação passou de R$ 42,6 bilhões em 2011 para R$ 70 bilhões no ano passado, com aumento portanto de 64% e inflação de 53,8% no período.

Estes mesmos números podem ser vistos e avaliados numa outra perspectiva, igualmente assustadora. O déficit da previdência nos estados quadruplicou entre os anos de 2011 e 2017, pulando de R$ 24,6 bilhões para R$ 93 bilhões, valor que supera os gastos com saúde e segurança pública e a quase totalidade dos gastos em educação. E tudo isso para sustentar privilégios que não alcançam os trabalhadores do setor privado, provocando um desequilíbrio estrutural também no campo social. Alterar esse quadro, restabelecendo bases mínimas de equilíbrio, deixou de ser uma opção. Ou a administração pública encara o desafio, que se reproduz de forma igualmente dramática nos municípios e no plano federal, ou a bomba explode.

Como disse recentemente um empresário, o Estado brasileiro e sua receita foram sequestrados pela burocracia pública, que foi acumulando privilégios e vantagens, ganhando peso e gordura em proporções que já não se pode sustentar. E não estamos falando de uma projeção, de algo que está para acontecer. A conta não fecha e estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul já não conseguem pagar pontualmente seus funcionários ativos e inativos. Essa fila, mantidas as condições atuais, será ainda maior a partir do próximo ano, reduzindo ainda mais a margem de recursos para investimentos e obras públicas.

Hoje, em campanha, os candidatos, de situação ou de oposição, repetem o mantra de que ordenarão reformas para corrigir distorções e acabar com privilégios, devolvendo equilíbrio às contas públicas. A rigor estão repetindo o discurso de seus antecessores e também não explicam onde exatamente buscarão forças para contrariar justamente os interesses que, de fato, controlam a máquina pública no País. Nesse ponto se igualam também ao atual presidente da República, que igualmente prometeu mudanças que não conseguiu levar a cabo.

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O importante agora é entender que todos os limites foram ultrapassados e o tempo vai se esgotando enquanto o estopim queima. Sem mudanças, dizem alguns estudiosos que merecem crédito, a explosão fatalmente acontecerá no ano de 2020, com inevitável paralisação dos serviços públicos essenciais.

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