Exportações de minério de ferro caem e de café disparam
O valor das exportações de minério de ferro e seus concentrados de Minas Gerais para a China caiu no acumulado de janeiro a novembro de 2025, em relação ao mesmo período de 2024. Por outro lado, a receita com o café não torrado, não descafeinado, em grão, disparou.
Esses itens se destacaram no comércio bilateral. A commodity do setor mineral se manteve como o principal produto da pauta de embarques, apesar da variação negativa. Já a commodity agrícola saltou da nona posição na lista de mercadorias mais negociadas para a quinta colocação em razão do desempenho positivo.
No caso do minério de ferro, a receita diminuiu 4%, para US$ 8,7 bilhões, porque o preço médio nos 11 primeiros meses de 2025 ficou menor que o registrado em igual período de 2024. A desvalorização se deu por influência da desaceleração da economia chinesa, sobretudo do mercado imobiliário, e do excesso de aço no mundo, conforme o analista de negócios internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Felipe Ramon.
O especialista pondera, contudo, que, desde agosto último, a cotação do produto apresenta sinais de recuperação. Com isso, o valor dos embarques deve aumentar ao longo de 2026.
“Os preços futuros do minério de ferro estão em alta, devido a promessas do governo chinês de impulsionar o consumo e investir em novas forças produtivas”, explica. “Quando a China investe/cresce mais, as exportações de minério de ferro também”, realça.
Especificamente sobre o café, o valor das exportações subiu 127,3%, para US$ 363,3 milhões, por dois motivos. O primeiro foi a valorização da commodity do setor agrícola que, desde 2024, tem alcançado patamares históricos em função de uma escassez global da oferta, motivada por questões climáticas. O segundo foi o reflexo do tarifaço dos Estados Unidos contra mercadorias do Brasil.
Ramon salienta que a China já vinha ampliando o consumo, mas isso se intensificou com a medida norte-americana. Ele relembra que, diante da tarifa de 40%, que entrou em vigor em agosto, o governo chinês habilitou 183 empresas brasileiras a exportarem café ao país, impulsionando ainda mais os embarques de Minas Gerais para o gigante asiático.
Cabe dizer que essa sobretaxa, assim como os 10% aplicados em abril, no âmbito das tarifas recíprocas – aplicadas pelos Estados Unidos aos parceiros comerciais – foram retiradas pelo presidente Donald Trump em novembro. Como o café enviado pelo Brasil deixou de ser sobretaxado, a tendência é que as exportações para os norte-americanos sejam regularizadas, o que pode impactar parte das vendas para outros mercados como o chinês.
Gigante asiático responde por mais de um terço dos embarques do Estado
Além do minério de ferro e do café, ficaram no top cinco de produtos mais vendidos por Minas Gerais para a China, entre janeiro e novembro de 2025, a soja, mesmo triturada, exceto para semeadura (US$ 2,3 bilhões, em segundo, com queda interanual de 4,3%); o ferronióbio (US$ 886,8 milhões, em terceiro, com alta de 35,5%); e a carne desossada de bovino, congelada (US$ 735,7 milhões, em quarto, com avanço de 21,7%).
No total, as exportações ao gigante asiático somaram US$ 14,5 bilhões, o que representa mais de um terço (35,1%) de todo o valor exportado pelo Estado no período (US$ 41,4 bilhões). Em relação ao mesmo período de 2024, a receita ficou praticamente estável, com leve alta de 0,4%. Quanto ao saldo do comércio bilateral, os mineiros foram superavitários em US$ 10,2 bilhões, com as importações subindo 4,9%, para US$ 4,3 bilhões.
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