Sindilojas aponta queda no comércio de BH no Natal; CDL vê cenário mais positivo
O desempenho do comércio de Belo Horizonte neste Natal teve queda real de 7,96%, ou seja, após descontar a inflação, em comparação com o mesmo período de 2024. O cenário é apontado pelo Sindicato de Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas/BH) e, de acordo com a entidade, tem relação com o realocação de parcela do orçamento familiar em apostas on-line, as chamadas “bets”. Os consumidores estariam reduzindo gastos em itens essenciais e discricionários, como vestuário, alimentação, serviços e lazer, que são segmentos fundamentais para a “dinâmica do comércio varejista”.
Nem a taxa de desemprego em baixa, que no terceiro trimestre deste ano alcançou 5,6% da população, segundo o IBGE, foi capaz de alavancar os números na capital mineira, aponta também o Sindilojas/BH, que menciona ainda a alta taxa de juros (Selic), o crédito restrito e a inadimplência como responsáveis pela queda nas vendas.
A sondagem feita pelo sindicato, realizada com segmentos como perfumaria, calçados, vestuário e outros, apontou que 66,67% dos entrevistados consideraram que o desempenho neste ano foi inferior ao do último Natal. Já 25% alegaram ter vendido mais.
Em nota enviada à reportagem, o sindicato reforça que não representa os setores de supermercados e farmácias, que tiveram, na contramão dos números apresentados, desempenho positivo no período. “Exceções pontuais entre os segmentos acompanhados foram observadas também em áreas como saúde, beleza, bem-estar e, principalmente, no e-commerce, que ampliou de forma significativa sua participação nas vendas totais do varejo”, diz trecho do comunicado.
Apesar dos números apresentados para o período pelo Sindilojas/BH, a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), que ainda não concluiu seus estudos sobre as vendas de Natal, tem uma expectativa distinta e aponta que tanto os dados do período quanto no acumulado no ano devam ser positivos.
O presidente da entidade, Marcelo de Souza e Silva, afirmou que o pagamento do 13º salário injetou no comércio da Capital em torno de R$ 1 bilhão e que este valor refletiu-se em vendas nos dias que antecederam ao Natal.
Trocas são oportunidade
O período pós-Natal, marcado pela troca de presentes por quem não sentiu-se satisfeito, é encarado também como uma boa oportunidade para os lojistas. Quem confirma é o diretor de marketing da Chico Rei, Victor Vizeu. A marca é um estúdio de design e moda de produtos diferenciados e com “personalidade”. O carro-chefe são as camisas de malha com estampas marcantes.
“Muitas pessoas são presenteadas e vêm trocar sem conhecer a marca. A troca, em muitos casos, é uma porta de entrada da marca. Por isso, a gente sempre preza por uma experiência de venda muito relevante, mas uma experiência de troca tão relevante quanto”, aponta Vizeu.
Ele afirma que, mesmo que esse primeiro atendimento não se converta inicialmente em um aumento no ticket médio do cliente, a tendência é de que a experiência de qualidade possa fazer com que esse potencial cliente se torne um consumidor recorrente da marca ao longo do ano.
Posição que também é defendida por Marcelo de Santos e Silva, que destaca que o momento de realização de trocas é fundamental para que o consumidor conheça outros produtos. “No dia 26 mesmo, já havia clientes indo às lojas trocar os presentes. É o momento de construir uma relação com esses clientes, realizando a troca, se estiver dentro do que foi acordado; apresentando também outros produtos que ele possa vir a se interessar. E se não tiver o item que ele quer, mostrar um similar que possa atendê-lo”, sugeriu.
Alta de quase 40%
Indo na contramão dos dados levantados pelo Sindilojas/BH, a empresa Chico Rei registrou nas lojas físicas um crescimento de quase 40% em dezembro de 2025 comparado ao mesmo período de 2024.
“Temos três lojas, temos mais poucos dias nesse ano, mas todas elas caminham para um fechamento de mês superior ao ano passado. A loja de Belo Horizonte, por exemplo, está em 40% superior a dezembro do ano passado inteiro”, celebrou Victor Vizeu.
Ele ainda apontou que, apesar de muitos clientes terem aproveitando as promoções da Black Friday para antecipar os presentes natalinos, os dias que antecederam às festas de fim de ano tiveram alta procura nas lojas físicas.
Ouça a rádio de Minas