China pode ficar sem soja no começo do ano que vem

Harbin (China) – A China substituirá quase inteiramente suas importações de soja dos Estados Unidos (EUA) por grãos brasileiros e de outras origens na próxima temporada, mas poderá ficar sem a oleaginosa no início de 2019, disse ontem um executivo de uma grande esmagadora.
A previsão é uma das mais pessimistas sobre o impacto da guerra comercial entre Washington e Pequim para os agricultores norte-americanos.
O maior comprador de soja do mundo importou cerca de 60% das exportações da oleaginosa dos EUA no ano passado, mas está praticamente fora do mercado desde que Pequim impôs uma tarifa de 25% sobre o produto norte-americano em 6 de julho, em retaliação às tarifas aplicadas pelo governo de Donald Trump.
As importações dos Estados Unidos vão despencar ainda mais na temporada 2018/19, a partir deste mês, para apenas 700 mil toneladas, disse o vice-presidente do Jiusan Group, Guo Yanchao.
Isso se compara a 27,85 milhões de toneladas de soja importada dos EUA no ano anterior.
No geral, as importações de soja da China no ano cairão para 84,67 milhões de toneladas, uma queda de 10,79 milhões de toneladas em relação às compras do ano passado, disse Guo em uma conferência do setor.
Isso incluiria 71,06 milhões de toneladas do Brasil, 7,5 milhões da Argentina e o restante do Canadá, Rússia e outros países, informou ele.
Estoques – Ainda assim, Guo esperava que os estoques de soja importada nos portos caíssem para mínimas históricas em novembro, empurrando os preços do farelo de soja para níveis “muito altos” e prejudicando a demanda pelo ingrediente no primeiro trimestre de 2019.
Os suprimentos podem acabar em fevereiro ou março do ano que vem, alertou ele, quando a oferta de soja brasileira ainda será limitada. Naquela época, algumas empresas privadas poderiam assumir o risco e comprar grãos dos Estados Unidos, disse ele.
A China também deverá aumentar as importações de rações alternativas e impulsionar o volume de esmagamento nacional para 3,4 milhões de toneladas, além de vender 1,6 milhão de toneladas das reservas do Estado. (Reuters)
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