Déficit comercial dos EUA tem maior avanço desde 2015

Washington/Bruxelas – O déficit comercial dos Estados Unidos (EUA) avançou a US$ 50,08 bilhões em julho, uma alta de 9,5% ante o mês anterior, após ajustes sazonais, informou ontem o Departamento do Comércio. Cortes de impostos e mais gastos federais impulsionaram a demanda interna no país, enquanto uma desaceleração econômica no exterior afetou as exportações. Analistas ouvidos pelo Wall Street Journal previam déficit de US$ 50,3 bilhões.
As exportações tiveram queda mensal de 1% em julho, enquanto as importações avançaram 0,9% ante junho. O déficit foi o maior desde fevereiro e o avanço percentual dele foi o mais forte desde 2015. O déficit comercial de junho foi revisado, de US$ 46,35 bilhões anteriormente informados para US$ 45,74 bilhões.
A queda nas exportações foi liderada pelo recuo nos embarques de soja, atingida pelas medidas retaliatórias da China no início do mês de julho, e também pelo setor de aeronaves para uso civil. As importações americanas, por sua vez, cresceram, já que houve mais compras no país de bens de capital, veículos pesados e insumos industriais.
China – O déficit comercial americano com a China atingiu US$ 36,8 bilhões e o com a União Europeia (UE) chegou a US$ 17,6 bilhões, ambos em patamar recorde.
O déficit comercial de julho é o maior desde fevereiro nos EUA. Analistas avaliam que o déficit deve crescer mais nos próximos meses, já que as importações avançam mais rápido do que as exportações.
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Isso pode lançar maior foco sobre o comércio internacional, pois o presidente americano, Donald Trump, frequentemente usa a balança comercial como um barômetro para a saúde econômica dos EUA e tem afirmado que “os déficits afetam a economia de modo muito ruim”. Economistas costumam divergir dessa ideia, lembrando que os EUA têm déficits comerciais há décadas.
Nos primeiros sete meses de 2018, o déficit comercial cresceu 7% na comparação com igual período do ano passado, para US$ 337,88 bilhões. As importações avançaram 8,3% e as exportações tiveram alta de 8,6%, no mesmo período.
Reparando laços – Representantes comerciais dos Estados Unidos e da União Europeia realizarão uma primeira reunião em Bruxelas, na segunda-feira (10), para buscar estabelecer laços transatlânticos mais estreitos depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, concordou em abandonar a ameaça de impor tarifas a automóveis da UE.
A comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmstrom, receberá o representante do Comércio dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, na primeira reunião de nível político de um novo grupo de trabalho, informou ontem a Comissão.
O grupo, criado após uma trégua em julho, está encarregado de encontrar maneiras de cortar tarifas, aumentar as exportações de gás natural liquefeito dos EUA e reformar a Organização Mundial do Comércio. Assessores de comércio e autoridades realizaram uma primeira reunião no mês passado.
Trump concordou com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, em julho, em evitar a imposição de tarifas aos carros da UE, enquanto os dois lados iniciaram discussões para remover tarifas sobre produtos industriais não automobilísticos.
Mas Malmstrom disse, na semana passada, que a flexibilização das tensões comerciais entre os dois parceiros não colocou de lado “desacordos profundos” sobre a política comercial. Ela também afirmou que a União Europeia estaria disposta a reduzir as tarifas de seus carros para zero se os Estados Unidos fizerem o mesmo.
Trump rejeitou a ideia, dizendo não ser “suficientemente boa”, acrescentando que os consumidores da UE simplesmente tendem a comprar carros europeus em vez de norte-americanos. (AE/Reuters)
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