Economia

Resistência dos chineses preocupa, diz Maggi

Resistência dos chineses preocupa, diz Maggi
Crédito: Divulgação

São Paulo – O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, disse que percebe uma “má vontade” por parte dos chineses em negociar barreiras comerciais impostas pelo país asiático à compra de produtos do Brasil. “Eles olham muito o mercado interno e, na iminência de qualquer risco à produção deles, se retraem”, informou o ministro, ao deixar o seminário Brasil-China, realizado na capital paulista.

Maggi conta que, antes que as tarifas antidumping fossem aplicadas sobre o frango brasileiro, “houve uma certa garantia de que elas não iriam acontecer, mas aconteceram”.
Na quinta-feira (6), o embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, reafirmou declaração já dada pelo presidente chinês, Xi Jinping, ao dizer que “ama a carne brasileira”. Ainda assim, segundo o ministro da Agricultura, não há nenhuma sinalização de que haverá redução ou retirada das tarifas antidumping.

Sobre a abertura de um painel na Organização Mundial de Comércio (OMC) para contestar o caso, Maggi afirmou que já foi feita análise no governo e estudos comprovaram que há possibilidade de o Brasil sair vitorioso nos questionamentos que serão levantados, sobre barreiras chinesas ao açúcar e ao frango do Brasil. “Recebemos a autorização para seguir à OMC e levaremos para frente esta consulta”, disse.

EUA – Como resultado da guerra comercial entre China e Estados Unidos, os exportadores norte-americanos já estão mais competitivos que os brasileiros no mercado europeu e “isso vai se agravar”, disse Maggi.

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Ele explicou que, no início, este movimento passava despercebido porque as empresas brasileiras e norte-americanas têm contratos já firmados a cumprir, mas, com o passar dos meses, na hora de renovar esses contratos, os compradores vão olhar a diferença de preços entre os dois países e podem dar preferência aos Estados Unidos.

“Eles podem ampliar o fornecimento de carnes, soja, farelo e óleo. Nosso temor é que eles ganhem o mercado europeu e, logo em seguida, voltem às relações com a China. Se isso acontecer, os americanos ficarão com uma vasta parcela da soja, derivados (e carnes) que, inicialmente, seria do Brasil”, explicou o ministro.

Protecionismo – O Brasil, uma potência agrícola, precisaria ser menos protecionista em agronegócio para ganhar mais mercados para seus produtos agropecuários, afirmou o ministro. “Tenho dito ao setor: se a gente quer vender, a gente precisa querer comprar, o contêiner que leva é o contêiner que traz alguma coisa. Temos de estar abertos a este tipo de situação”, declarou Maggi.

“Se nos julgamos muito competitivos, por que temos medo?”, declarou ele, para emendar: “Tem uma mentalidade nossa de protecionismo, mas a vinda de produtos ajuda o Brasil”.
Ele citou como exemplo o camarão. Segundo o ministro, após uma tentativa de abertura do mercado, produtores foram ao Supremo Tribunal Federal (STF) para vetar a mercadoria importada.

“Depois de muita luta, abrimos o camarão, os produtores foram ao Supremo para não trazer sob risco ambiental…”, disse ele, citando ainda exemplos da banana do Equador e do trigo da Rússia, este último já liberado também para importação, após os russos fazerem exigências relacionadas ao mercado de carnes.

No passado, Maggi se envolveu em um debate com produtores de café, produto que o Brasil lidera na produção e exportação. Cafeicultores se mostraram contrários à autorização do Brasil para compras externas de café verde, em um período de escassez da oferta do grão do tipo robusta.

O ministro afirmou ainda que está discutindo a abertura do mercado de suínos dos Estados Unidos para o País. “Isso, para o Brasil, traz vantagens, somos grandes produtores, eles têm custos maiores, por que temos medo de venderem para cá?”, afirmou Maggi.

Segundo áudio da entrevista distribuída pela assessoria de imprensa do ministério, Maggi não tocou no assunto do chamado “custo Brasil” enfrentado por empresários brasileiros, diante de um sistema tributário com alta carga que carece de reformas.

“A China, com todas as dificuldades, ela já está maior na venda de produtos de agro do que o Brasil, porque eles compram, processam e vendem, é isso que tem que ser feito.” Os chineses, maiores compradores globais de soja, possuem taxas para a importação de farelo de soja, por exemplo, com o objetivo de proteger sua indústria. Enquanto isso, o sistema de cobrança do ICMS favorece a exportação de matérias-primas, como a soja, em vez de produtos de valor agregado. (AE e Reuters)

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