Uso de informação pessoal é desafio
O mundo da realidade virtual, da internet das coisas e do big data transformou os dados na mais nova matéria-prima para a produção de riquezas de um país. Consequentemente, as organizações que detêm uma grande quantidade de informações pessoais têm em mãos um valioso ativo que, se bem usado, pode gerar inovação e negócios. Porém, o uso indiscriminado de informações pessoais tem causado uma celeuma ao redor do mundo.
Diante disso, países europeus já adotaram uma regulação para a utilização e proteção de dados pessoais, cujo modelo foi usado pelo governo brasileiro para a criação da Lei Complementar 53/18 ou a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), sancionada pelo presidente Michel Temer.
A partir da sanção em 14 de agosto, as empresas terão até 18 meses para se adequar à nova regulação de privacidade. E a organização que melhor souber fazer uso dessas novas regras terá uma vantagem competitiva: “Será possível aumentar o nível de confiança de potenciais clientes com boas práticas de privacidade. Por outro lado, haverá mais pressão regulatória, já que exigem forte controle sobre o processamento de dados pessoais e mais medidas organizacionais. Sairá na frente quem mostrar mais responsabilidade ao utilizar os dados pessoais processados”, explica a sócia-líder de Tecnologia, Mídia e Telecomunicação da Deloitte Brasil, Márcia Ogawa.
Essa responsabilidade pode significar novos negócios em setores como de saúde e segurança, por exemplo. A utilização de dados pessoais dos cidadãos por parte de governos e empresas privadas de segurança poderá auxiliar na composição de um sistema inteligente que identifique suspeitos ou até mesmo agilize o socorro por meio das câmeras espalhadas nas cidades. “A adoção de uma nova lei carrega sempre consigo transformações, e com a LGPD não será diferente. Transparência, ética e uma relação ganha-ganha ditarão o ritmo dessas transformações. Num mundo cada vez mais conectado, governos, cidadãos e setores privados precisarão quebrar alguns paradigmas para acompanhar essa nova era”, avalia o sócio da área de Cyber Risk da Deloitte, Rogério Dabul.
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Os avanços tecnológicos mais recentes surgiram em países cujas barreiras regulatórias são mais brandas para o uso dos dados, como China e Estados Unidos. Neles há um ambiente propício para o surgimento de empresas que aprenderam a utilizar as informações de forma inteligente, criando modelos de negócios surpreendentes ou agregando com facilidade novos conceitos. “Precisamos sempre olhar os dois lados da moeda: se de um lado o cidadão poderá decidir sobre quais dados quer compartilhar, do outro, o uso consciente desses dados poderá gerar negócios inovadores”, pondera Dabul.
Para Marcia Ogawa, é preciso acompanhar de perto como o Brasil vai se posicionar: “O País já perdeu diversas batalhas tecnológicas ao longo das últimas décadas. Desta vez, não podemos perder a jornada da economia digital, calcada fortemente nesta nova ciência, a dos dados”, ressalta,
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