Sem opção
Carlos Perktold*
Não tivemos opção para escolher um estadista como presidente do Brasil nas últimas eleições. Em 2018 não é diferente. A premissa é verdadeira na medida em que haverá, no segundo turno e como indicam as pesquisas eleitorais, dois candidatos: o da esquerda e o da direita. Ambos assustam a maioria dos brasileiros que escolherá o menos ruim e aquele que fala mais aos seus interesses de país e de cidadão.
Sem opção, imaginamos o que teria levado o Brasil a um vazio tão grande e de proporções tão desastrosas. A resposta é que com a miséria humana comum a todos, o narcisismo e a ganância de Luiz Inácio Lula da Silva e de Fernando Henrique Cardoso, nenhum dos dois permitiu surgir novas lideranças em seus respectivos partidos. Nenhum dos dois permitiu concorrência.
O primeiro se sentiu acima da lei. Nunca acreditou nas condenações e achou que sairia ileso de processo já julgado e imagina que nada lhe acontecerá nos processos ainda em curso. Jamais deixou alguém crescer no seu partido. O segundo se acha imortal e não faz a menor questão de levantar o índice de popularidade do candidato do seu partido. Ignora seu correligionário e o deixa se perder nos baixos índices de pesquisas. FHC acaba de publicar uma carta dirigida aos eleitores brasileiros e sequer menciona o nome do candidato do seu partido e nem declara seu apoio de forma clara a ele.
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Sem opção, podemos ir para a esquerda sem receber qualquer garantia de que o novo governo do já velho PT não usará todas as suas forças políticas para revanche e vingança. Se a esquerda eleger seu candidato, significa que a maioria dos eleitores brasileiros concorda com os métodos e atitudes dos dois presidentes anteriores do mesmo partido. Sua eleição será uma procuração ratificada nas urnas autorizando os integrantes desse partido a continuar com as roubalheiras, o cumprimento do combinado no Foro de São Paulo e a tentativa de transformar o Brasil no modelo venezuelano.
Sem opção, podemos ir para a direita sem receber qualquer garantia de que o novo governo terá forças no Congresso e fará um governo voltado para o capitalismo, privatização de empresas estatais que insistem em existir dando prejuízo ao País, fixar menos despesas oficiais, menos impostos para todos e investimentos na infraestrutura do País. Há quem acredita isso ser possível. Com a infiltração da esquerda por todos os órgãos do governo federal prontos para provocar fracasso na nova possível administração de direita, é de se duvidar da capacidade dos novos integrantes de eventual novo governo, de fazer valer embaixo as ordens vindas de cima.
Sem opção, minha geração chega ao fim do caminho que imaginávamos diferente do que ocorre hoje. Sempre achei que quando ela estivesse no poder, tudo seria o oposto do que é hoje e foi nos últimos 15 anos. Foi pior em todos os aspectos políticos, econômicos e sociais.
Sem opção, Stela, cinco filhos e sem marido, quer mudanças. “Cansei das promessas não cumpridas e estou cheia de dívidas por que acreditei no governo. Meu prédio foi abandonado pelos outros moradores e o tráfico tomou conta de tudo. Meus filhos não podem sair de casa sem correr o risco de serem capturados pelos traficantes. Nunca foi tão ruim”. Sem opção, Stela, que acreditou no “Minha casa, minha vida”, votará na direita.
* Psicanalista e escritor
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