Tabelamento de frete gera receio e prejudica contratos futuros

A tendência de expansão do cultivo de soja, em Minas Gerais, pode ser prejudicada pelos impactos negativos provocados pelo tabelamento do frete. De acordo com a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Minas Gerais (Aprosoja-MG), sojicultores mineiros estão encontrando dificuldades em comercializar de forma antecipada a produção, uma vez que as empresas compradoras estão receosas em relação ao valor do frete que será cobrado na próxima safra e não estão efetuando contratos futuros.
A situação é agravada pelo aumento dos custos e a tendência é de que o plantio, que será iniciado logo após 30 de setembro, quando se encerra o vazio sanitário, se mantenha estável em relação à safra passada, quando a soja ocupou 1,5 milhão de hectares em Minas Gerais.
Segundo o presidente da Aprosoja-MG, Wesley Barbosa de Freitas, produtores já estão preparados para iniciar o plantio, mas o cenário é de cautela em relação aos investimentos na safra. Isso pelo fato de as empresas compradoras não estarem ativas no mercado, o que vem travando as vendas antecipadas da oleaginosa.
“Além de estarmos trabalhando com os custos muito mais altos que na safra passada, devido à desvalorização do real frente ao dólar, as empresas compradoras não estão efetuando contratos futuros. Tudo isso é resultado da insegurança em relação aos custos com o transporte, resultado do tabelamento do frete”, explicou.
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Plantio começa a partir de 30 de setembro
O atual momento, de entressafra, seria favorável para a comercialização da soja, o que também vem sendo beneficiado pelo dólar valorizado. Com a oferta restrita, os contratos futuros poderiam ser fechados com a saca avaliada em torno de R$ 80 a R$ 90. Ao comprometer parte da produção de forma antecipada, o produtor tem a oportunidade de garantir parte da rentabilidade do negócio.
A intervenção do governo federal nos preços do frete é duramente criticada pelo representante da Aprosoja. Segundo Freitas, enquanto nos demais países produtores de alimentos o governo trabalha a favor do setor produtivo, no Brasil, a situação é contrária, o que desestimula os investimentos.
“Para este ano safra, a tendência é de que a produção se mantenha estável. Não haverá expansão de área. O produtor vai investir no plantio porque é o que ele sabe fazer e de onde retira a renda. O produtor rural é valorizado no mundo, porque coloca alimento na mesa da população. No Brasil e em Minas Gerais ele é altamente penalizado devido aos projetos do governo sem comprometimento com o setor rural”.
Outro entrave para o avanço da produção da soja são os custos, que segundo Freitas estão altíssimos. “Para se ter uma ideia da situação, no ano passado eu paguei R$ 1.140 em uma tonelada de cloreto de potássio e esse ano o valor subiu para R$ 2.200 a tonelada. O custo com uma tonelada do fertilizante MAP saiu de R$ 1.400, na safra passada, para R$ 2.500 na atual temporada. Hoje, o preço da soja está em torno de R$ 100 por sacas, mas o sojicultor não tem a soja disponível e não consegue aproveitar o dólar em alta, porque as empresas não estão prefixando contratos para a próxima safra”.
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