Dólar cai e Ibovespa tem maior alta desde 2016

São Paulo – O dólar registrou a maior queda percentual diária em três meses e meio e fechou em R$ 3,93 ontem, depois de ter flertado com os R$ 3,90 na mínima, com os investidores animados com o avanço de Jair Bolsonaro (PSL) nas intenções de votos à Presidência da República medidas pelo Ibope e maior vantagem em relação a Fernando Haddad (PT).
O dólar recuou 2,08%, a R$ 3,9349 na venda, para o menor nível desde os R$ 3,9147 de 17 de agosto. Foi ainda a maior queda percentual desde a baixa de 2,15% ocorrida no pregão de 15 de junho passado. Na mínima, a moeda caiu quase 2,8%, para R$ 3,9064. O dólar futuro tinha baixa de 2,10%.
“Aparentemente, a maré de Bolsonaro (PSL) parece ter começado a virar. Nas últimas duas semanas, muitos começavam a prever que Bolsonaro não iria mais crescer nas pesquisas e que Fernando Haddad poderia empatar ainda no primeiro turno. Mas os números de ontem mostraram uma invertida”, avaliou a corretora Guide em relatório.
Diferença ampliada – Haddad não oscilou no levantamento divulgado na véspera (1º), mantendo os mesmos 21% de antes, enquanto o líder Bolsonaro foi a 31%, ante 27% do levantamento anterior.
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Nas simulações de segundo turno, Bolsonaro empataria com Haddad com 42%, ante 42% a 38% para o petista antes. Além disso, a rejeição de Haddad subiu 11 pontos, a 38%, enquanto a de Bolsonaro permaneceu em 44%.
“A pesquisa de ontem mostrou uma ruptura numa tendência e é natural o mercado ajustar os preços”, explicou o economista da Elite Corretora, Hersz Ferman, ao lembrar que os levantamentos anteriores mostravam Bolsonaro parando de crescer e Haddad avançando, sobretudo no segundo turno.
Para o mercado, o resultado do Ibope trouxe viés favorável ainda porque o PT sofreu outros reveses. Entre eles, o veto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a uma entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao jornal Folha de S.Paulo e a liberação da delação do ex-ministro petista Antonio Palocci envolvendo, entre outros, o próprio Lula.
O mercado prefere candidatos com viés mais reformista e entende que aqueles com viés mais à esquerda não se enquadram nesse perfil. Assim, sua opção neste momento está em Bolsonaro, principalmente, pelas ideias de seu assessor econômico Paulo Guedes.
No exterior, o dólar subia ante a cesta de moedas, com a Itália puxando a aversão ao risco. O euro foi à mínima de seis semanas após uma autoridade do partido governista Liga da Itália dizer que a maioria dos problemas do país seria resolvida se trocasse o euro por uma moeda nacional, provocando vendas generalizadas no mercado.
O Banco Central ofertou e vendeu integralmente na sessão 7,7 mil swaps cambiais tradicionais, rolando US$ 770 milhões do total de US$ 8,027 bilhões que vence em novembro.
Bolsa dispara – Também refletindo a pesquisa Ibope, o Ibovespa fechou em alta de quase 4% ontem, em sessão com forte volume financeiro na bolsa paulista. O índice de referência do mercado acionário brasileiro subiu 3,78%, a 81.593,85 pontos, maior alta desde 7 de novembro de 2016, em movimento capitaneado por papéis de empresas de controle estatal. Na máxima, saltou 4%. O giro financeiro alcançou R$ 16,4 bilhões.
Em Wall Street, o S&P 500 e o Nasdaq fecharam próximo da estabilidade, afetados pelo declínio dos papéis do Facebook, mas o Dow Jones avançou para nova máxima recorde. (Reuters)
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