Banco não tem pressa para atingir meta de desinvestimento

Rio de Janeiro – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não tem urgência para vender suas ações em empresas e cumprir a meta de desinvestimentos, que para este ano foi elevada a R$ 12 bilhões, disse ontem a diretora da área do mercado de capitais do banco, Eliane Lustosa.
O novo objetivo foi anunciado, na semana passada, pela cúpula do BNDES, que antes projetava que as vendas de ações do banco em outras empresas atingiriam R$ 10 bilhões em 2018. No ano passado, o banco desinvestiu cerca de R$ 7 bilhões e, este ano, o montante já soma cerca de R$ 6 bilhões a R$ 7 bilhões.
De acordo com Lustosa, a meta de R$ 12 bilhões foi estabelecida, mas o banco só vai se desfazer dos ativos se surgirem boas ofertas e oportunidades. “Se não tiver no preço justo, o desinvestimento acontecerá no médio prazo e não existe urgência no desinvestimento”, destacou a diretora durante o 1º Rio Money Fórum.
A carteira da BNDESPar, braço de participações do BNDES, está concentrada nas seguintes empresas: Eletrobras, Petrobras, Vale, JBS, Fibria e Suzano.
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Ao fim do primeiro semestre, os investimentos somavam R$ 83,5 bilhões, sendo 90% em ações. A carteira do BNDES conta ainda com 37 fundos, dos quais 46% eram de private equity, 38% de venture capital e 18% de seed capital.
Lustosa observou que o BNDES tem se esforçado para migrar, cada vez mais, para fundos de venture e seed. “Estamos migrando para menores empresas, com grande conteúdo de inovação e que possam em algum momento atingir mercado de capital”, alertou a executiva.
Segundo ela, o banco está concluindo uma nova etapa de sua política operacional e, em um prazo de até 30 dias, lançará seu programa de subscrição de valores mobiliários.
Mercado de capitais – No mesmo evento, a diretora da B3, Flavia Mouta, afirmou que o grupo de trabalho de mercado de capitais, criado para elaborar propostas à CVM que facilitem o acesso para pequenas e médias empresas, deve apresentar suas colaborações até o fim de novembro.
“A gente acha que ajustes nas instruções da CVM que já existem podem viabilizar o mercado de acesso”, disse ela a jornalistas. “Nosso compromisso é ter um desenho pronto até o fim de novembro e apresentar à CVM e ao mercado para depois trabalhar em cima de uma eventual implementação”, afirmou Mouta.
Entre as medidas apontadas como entraves para o mercado de acesso está a proibição de captações dias antes da divulgação de demonstrações financeiras das empresas, o que em tese diminui a janela de captação de recursos no mercado.
Segundo a diretora da B3, essa vedação e as “paralisações” nas operações de mercado nos meses de julho e agosto, período de férias no hemisfério norte, encurtam a janela para as captações em 100 dias por ano. “Não sabemos em quanto podemos aumentar essas janelas de captações”, disse Mouta. (Reuters)
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