Economia

Mercado financeiro reage com otimismo à votação de Bolsonaro

São Paulo – O mercado financeiro brasileiro reagiu com otimismo à votação expressiva de Jair Bolsonaro (PSL) no primeiro turno da eleição presidencial no domingo, bem como ao desempenho de seus aliados no Congresso Nacional e em disputas estaduais, e volta suas atenções agora para os próximos eventos eleitorais antes do segundo turno, em 28 de outubro.

Bolsonaro recebeu 46,03% dos votos válidos no domingo, enquanto o petista Fernando Haddad, que vai disputar com ele o segundo turno, ficou com 29,28% do total. O PSL elegeu no domingo 52 deputados, segundo a Câmara dos Deputados, em um forte avanço em relação ao pleito passado, quando havia eleito apenas um deputado federal. No Senado, foram quatro eleitos frente a uma participação inexistente antes dessa eleição.

“O forte resultado de Bolsonaro no primeiro turno faz dele o favorito para vencer o segundo turno”, afirmaram em relatório a clientes os estrategistas Carlos Sequeira e Bernardo Teixeira, do BTG Pactual.

A equipe de estratégia de renda variável para Brasil e América latina do banco JPMorgan, liderada por Emy Shayo, endossou a premissa, afirmando que, dada a diferença de votos entre os candidatos, Bolsonaro parece ter uma vantagem importante para o segundo turno”, conforme relatório a clientes.

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A corretora Brasil Plural disse que não há como não afirmar que a vantagem é do candidato do PSL, mas ponderou que “é sempre prudente acompanhar o decorrer da campanha”.
De olho em potenciais transferências de votos, agentes financeiros, que veem os próximos dias como uma “nova campanha”, estarão atentos a novas pesquisas, com sondagem Datafolha já prevista para amanhã; seguida por debates, sendo o primeiro esperado para quinta-feira, além dos programas eleitorais em televisão e rádio, que serão retomados na sexta-feira.

Também no radar estarão potenciais alianças partidárias, principalmente após a significativa mudança na composição do Congresso Nacional, que a equipe da consultoria MCM considerou como uma das principais surpresas da votação do domingo e que deve ajudar o candidato do PSL no segundo turno. “A direitização e a renovação antiestablishment do Congresso trouxeram boas notícias para Bolsonaro”, afirmou em relatório.

Governabilidade – Para os estrategistas do JPMorgan, a nova composição do Congresso Nacional favorece a governabilidade de um eventual governo do capitão reformado, mas apenas para medidas que demandem maioria simples. Para aprovar projetos de emenda constitucional, contudo, como a reforma da Previdência, o cenário ainda é desafiador.
Os estrategistas Daniel Gewehr e João Noronha, do Banco Santander Brasil, elevaram a recomendação das ações brasileiras para ‹overweight’ em seu portfólio para América Latina, com preço-alvo do Ibovespa para o final de 2019 em 105 mil pontos, destacando que o balanço de riscos brasileiro melhorou internamente.

O JPMorgan elevou a classificação do real e das taxas de juros locais para ‘overweight’. “Os mercado locais no Brasil têm apresentado um rali nas sessões recentes e nós acreditamos que o desfecho dessa eleição pode continuar a influenciar fortemente os preços, especialmente no contexto onde as posições em real e taxas parecem leves.”

Liberalismo – A preferência no mercado financeiro por Bolsonaro é apoiada no seu coordenador econômico, o economista liberal Paulo Guedes, oriundo do mercado, a quem repassa praticamente qualquer questionamento referente a temas econômicos, mas também em um sentimento anti-PT, após deterioração de indicadores econômicos principalmente no governo de Dilma Rousseff.

O Bradesco BBI espera que Bolsonaro e Haddad suavizem seus discursos e se movam mais para o centro, “o que provavelmente aumentará a probabilidade de ajuste fiscal após as eleições. O time liderado por Andre Carvalho vê 40 % de chance de um ajuste fiscal profundo, 45 % de probabilidade de um ajuste parcial e 15 % de nenhum ajuste.

Para o gestor Igor Lima, da Galt Capital, a bolsa é o ativo com maior potencial de valorização nesse cenário após o primeiro turno da eleição. “O Ibovespa está negociando abaixo dos múltiplos históricos, as empresas estão em trajetória ascendente de lucros e a alocação em bolsa brasileira por parte dos estrangeiros está bem baixa”, afirmou.

Nesse contexto, a XP Investimentos citou as ações de Cemig, Banco do Brasil, Bradesco Petrobras, Gol, Localiza, B2W, Lojas Americanas e Usiminas entre os papéis que se beneficiam do cenário envolvendo Bolsonaro. (Reuters)

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