Agronegócio

Abates de suínos e frangos sobem em 2021 no Estado

Abates de suínos e frangos sobem em 2021 no Estado
Crédito: Divulgação

A baixa oferta de bovinos em Minas Gerais fez com que o abate, em 2021, ficasse 2,8% menor. A quantidade limitada de animais e a demanda aquecida pela carne bovina alavancaram os preços e favoreceram a migração e os abates tanto de suínos quanto de frangos, que subiram 9,2% e 1,4% respectivamente.

A produção de leite também ficou menor (-5%), resultado de um consumo enfraquecido, aumento dos custos e preços insuficientes para cobrir despesas e estimular investimentos na atividade. Os dados são da pesquisa Estatística da Produção Pecuária, produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Segundo as informações do estudo, em bovinos, foi registrada queda de 2,8% em Minas Gerais, com o abate girando em torno de 2,61 milhões de cabeças em 2021, ante as 2,68 milhões em 2020. Em relação ao peso das carcaças, houve pequeno aumento de 0,2%, somando 688.499 toneladas. 

Conforme explicou o analista de Agronegócios da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) Wallisson Lara Fonseca, o abate de bovinos em Minas registrou queda nos últimos anos em função da menor oferta de animais. Enquanto isso, os embarques crescem, puxados pela China.

Com isso, os preços da arroba do boi gordo e dos animais de reposição estão valorizados, o que vem estimulando a retenção de matrizes para recomposição do rebanho. Este movimento também contribui para a queda no número de abates. 

“O ano passado foi muito difícil para toda a pecuária. No caso da pecuária de corte, a gente viu dois casos atípicos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE), doença também chamada de ‘vaca louca’, que provocaram uma interrupção nas exportações para a China. Mas os preços da arroba subiram e o mercado se manteve firme devido à escassez de bois acabados para abate. Isso também tem estimulado a retenção de matrizes para recompor o rebanho”, disse.

Aves e suínos em alta

Já na suinocultura e avicultura, os resultados dos abates foram positivos. No caso dos suínos, o abate totalizou 6,55 milhões de cabeças, superando em 9,2% o volume abatido no ano anterior, que foi de 6 milhões de suínos. O peso da carcaça ficou em 576.938 toneladas, alta de 9,9%.

Ao longo de 2021, foram abatidos 447,9 milhões de frangos em Minas Gerais, volume 1,4% maior que em 2020. No que se refere ao peso das carcaças, que somou 1,11 milhão de toneladas, houve aumento de 3,7%.

Lara explica que houve uma migração do consumo da carne bovina para proteínas mais acessíveis, como as carnes de frango e de suínos. Apesar da maior demanda, os setores também trabalham com custos elevados.

“Levando em consideração o abate de frangos e suínos, que tiveram alta, ambas proteínas desempenham papel de substitutas da carne bovina, que no ano passado teve uma elevação considerável dos preços. Por serem mais acessíveis, têm maior demanda no mercado interno”, explicou. 

A procura do mercado externo também se manteve aquecida em 2021. Segundo os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a exportação de carne de frango cresceu 39,4% em receita, que alcançou US$ 239,3 milhões. O volume embarcado, 145,7 mil toneladas, subiu 30,9%. A comercialização de carne suína com o mercado externo somou 22,7 mil toneladas, aumento de 6,2%. O faturamento avançou 15,3%, encerrando o período em US$ 46,5 milhões.

Desestímulo na pecuária leiteira

Já na produção de leite foi registrada queda. A quantidade de leite adquirido caiu 5% e somou  6,19 bilhões de litros. O volume processado pelas indústrias encerrou 2021 em 6,17 bilhões de litros e 5% menor. O ano foi marcado por consumo enfraquecido, alta dos custos e preços desestimulantes

“O setor enfrenta um momento muito difícil, principalmente pelo custo alto de produção e o mercado lácteo andando de lado no consumo. Sem o pagamento dos auxílios concedidos no primeiro ano de pandemia, o desemprego elevado, a economia em farrapos e com a inflação alta, o poder de compra da população tem sido corroído. Com isso o brasileiro não consegue consumir e impactou diretamente o setor lácteo”, analisou.

Ainda segundo Lara, o setor convive com custos muito elevados. Além disso, em 2021 sofreu com a seca, que prejudicou as pastagens. “Além dos custos maiores com os grãos, que estão com preços elevados, ainda tem os demais insumos, como os fertilizantes, em alta e o preço do leite não foi alavancado. Isso desestimula e impede investimentos na produção”, disse Lara. 

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