Agronegócio

Acelen Agripark chega em Montes Claros para cultivar macaúba

Projeto inovador da Acelen Renováveis receberá aportes de R$ 314 milhões, maioria sendo do BNDES; centro de inovação deve ser inaugurado ainda no primeiro semestre deste ano
Acelen Agripark chega em Montes Claros para cultivar macaúba
Planta em Montes Claros faz parte de projeto de investimentos totais de cerca de R$ 18 bilhões no Estado e também na Bahia, onde haverá biorrefinaria | Crédito: Divulgação Acelen Agripark

As obras de instalação do Centro de Inovação Tecnológica Agroindustrial – o Acelen Agripark , em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, avançam. O projeto, que receberá investimentos de R$ 314 milhões, será inaugurado ainda neste semestre. O Agripark, que é da Acelen Renováveis – empresa de energia criada pelo fundo Mubadala Capital -, é focado em pesquisa e desenvolvimento da cultura da macaúba para a produção de combustíveis renováveis através da biomassa vegetal.

Do investimento total de R$ 314 milhões, R$ 258 milhões são do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A unidade integra o projeto de combustíveis renováveis da Acelen, que prevê um investimento total de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 18 bilhões) na Bahia e Minas Gerais. Além do Centro de Inovação, o projeto contempla a construção de uma biorrefinaria na Bahia e de cinco pólos produtivos regionais distribuídos nos dois estados.

Macaúba
Planta brasileira de alto poder energético, macaúba será usada na produção de combustíveis renováveis | Crédito: Divulgação Acelen Agripark

Conforme o diretor de Agronegócios da Acelen Renováveis, Victor Barra, as obras do Acelen Agripark estão avançadas e a expectativa é inaugurar mesmo o centro no primeiro semestre deste ano. Ao todo, são 138 hectares de área, sendo 15 hectares de edificações, com pré- viveiro, extratora piloto de óleo de macaúba, produção de mudas e centro administrativo.

“O Acelen Agripark é o veículo que permitirá a implementação do projeto de combustíveis renováveis. O Centro está localizado próximo aos maciços naturais da macaúba, região que também tem histórico do uso da planta. Assim, a capacitação da mão de obra para atuar no projeto é favorecida. Além disso, Montes Claros tem uma posição estratégica, ligando importantes regiões do País. A unidade tem como foco a pesquisa e o desenvolvimento da cadeia da macaúba”, analisou o diretor.

Produção

Quando inaugurada, a unidade produzirá de 1,5 milhão a 1,7 milhão de sementes de macaúba germinadas por mês, com sistemas robotizados e tecnologias mais modernas da agricultura 4.0 e 5.0. Em relação às mudas de macaúba, a produção será de 10,5 milhões ao ano.

De acordo com Barra, as mudas produzidas no Acelen Agripark vão abastecer o projeto por completo, garantindo, assim, a rastreabilidade e a qualidade da planta. Serão 180 mil hectares de plantio, distribuídos em cinco polos regionais. Cada polo contará com extratoras de óleo de macaúba. Ainda não houve definição dos municípios que abrigarão as unidades produtivas agroindustriais. O óleo gerado nessas unidades irá para a biorrefinaria da Acelen, localizada em Mataripe, na Bahia.

O cultivo da macaúba será próprio e também desenvolvido em parceria com produtores de pequeno e médio porte da agricultura familiar. Todos os envolvidos receberão as mudas produzidas no Centro de Inovação. O cultivo ocorrerá em áreas de pastagens degradadas.

Mudas de macaúbas
Produção de mudas de macaúba na Acelen Agripark chegará a 10,5 milhões ao ano | Crédito: Divulgação Acelen Agripark

“A macaúba é uma planta de Minas Gerais e tem distribuição muito farta nas regiões do Alto Paranaíba, Noroeste, Central e Norte do Estado. A planta tem o centro de origem e formação em Minas, onde está a maior concentração. Por isso, definimos Montes Claros para sediar nosso Centro de Inovação Tecnológica”, explicou Barra.

Conforme Barra, a unidade também abrigará a primeira extratora de óleo de macaúba, projeto- piloto que tem capacidade produtiva de 2 toneladas por hora. Há ainda 60 hectares de experimentos agrícolas. Nas áreas haverá testes que incluem desde a densidade de plantio, passando por doses de fertilização, controle de plantas invasoras, tecnologias de colheita, quantificação de carbono fixado, entre outras iniciativas.

“O Centro de Inovação é destinado a todo o processo de ‘domesticação’ da planta, com muita tecnologia e responsabilidade. A macaúba tem potencial enorme para criar uma nova cadeia de valor no Brasil e no mundo. Contribuindo, assim, para a descarbonização da cadeia do combustível fóssil. O parque é o vetor do desenvolvimento e da implantação das tecnologias da empresa”, confirmou.

Sobre o projeto da macaúba da Acelen

Focado na produção de combustíveis renováveis a partir da macaúba, planta brasileira de alto poder energético, o projeto da Acelen Renováveis receberá, na primeira fase, US$ 3 bilhões de investimentos.

Além do Centro de Inovação Tecnológica Agroindustrial – o Acelen Agripark, em Montes Claros – e dos cinco polos de produção regionais, está em construção a biorrefinaria na cidade baiana de Mataripe, onde o óleo da macaúba será refinado. A expectativa é inaugurar a unidade entre o fim de 2027 e início de 2028.

Conforme Barra, a capacidade de refino será de 20 mil barris dia ou 1 bilhão de litros de combustível ao ano. A unidade produzirá diesel renovável e querosene sustentável de aviação.

“O projeto terá um impacto muito forte na economia regional, onde as cinco unidades produtivas agroindustriais estarão instaladas. Assim, serão cerca de 90 mil postos de trabalho direto e indireto. A injeção de recursos na economia gira ordem de US$ 40 bilhões no período do projeto. É um projeto amplo, com muita inovação e tecnologia embarcada”, explicou Barra.

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