Agronegócio

Acelen Renováveis e Unimontes desenvolvem novo protocolo de germinação da macaúba

Técnica reduz tempo necessário para germinação, que diminui custos e traz mudas mais produtivas; centro tecnológico da empresa em Montes Claros deve ficar pronto neste semestre
Acelen Renováveis e Unimontes desenvolvem novo protocolo de germinação da macaúba
Sementes de macaúba com novo protocolo já foram testadas em laboratório | Foto: Divulgação Acelen Renováveis

A Acelen Renováveis, empresa de energia renovável, e a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) desenvolveram um novo protocolo que reduz o tempo necessário para a germinação da macaúba. Além do ganho na aceleração da germinação, uma vez que o processo tradicional enfrenta desafios devido à dormência das sementes, o novo protocolo aumenta significativamente a taxa de germinação, reduz custos e também diminui os riscos de contaminação, resultando em mudas mais saudáveis e produtivas.

A agilidade e a qualidade trazidas pelo novo protocolo serão importantes para o avanço do projeto da Acelen na produção de biocombustíveis sustentáveis a partir da macaúba. A planta, que é brasileira, tem alto poder energético, sendo até 10 vezes mais produtiva por hectare plantado frente à soja. O projeto de combustíveis renováveis da Acelen prevê um investimento total de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 18 bilhões) na Bahia e Minas Gerais.

Conforme o diretor de Agronegócios da Acelen Renováveis, Victor Barra, tradicionalmente a germinação de macaúba enfrenta desafios devido à dormência das sementes. Assim, é necessário realizar o processo de “escarificação” para estimular o crescimento e permitir que o embrião germine, o que demanda tempo e amplia os riscos de contaminação. Através de estudos e novas técnicas, a Unimontes criou um protocolo que elimina esse processo. 

Victor Barra
Diretor de Agronegócios da Acelen Renováveis, Victor Barra: cadeia produtiva é fortalecida | Foto: Divulgação Acelen Renováveis

“O protocolo desenvolvido junto com a Unimontes pula essa etapa de escarificar, onde é preciso pegar uma lâmina e remover um pedacinho do tegumento que fica em cima do embrião. Então, com estudo e técnicas novas, conseguimos avançar e simplificar o processo. Isso aumenta significativamente a taxa de germinação da macaúba, reduz o custo e o risco de contaminação dessas sementes por fungos, o que é muito comum no processo de germinação”.

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Taxa de germinação fica 50% maior

Ainda conforme Barra, a nova abordagem inovadora traz como resultados mudas muito mais vigorosas e prontas de forma muito antecipada. Além disso, a taxa de germinação foi ampliada em 50% quando comparada aos métodos anteriores. Esse resultado é atribuído à aplicação de técnicas avançadas de manejo e ao profundo conhecimento da fisiologia da planta.

“É uma novidade muito importante e, com ela, vamos escalar toda cadeia produtiva promovendo o avanço dos plantios. Hoje, os testes estão sendo conduzidos pela Unimontes no campo de Montes Claros e já mostram resultados superiores a 50% na taxa de germinação. É um salto bastante expressivo, esse novo protocolo é um divisor de águas para esse processo de produção de sementes de macaúba porque ele otimiza todo processo, estabelece um novo padrão de eficiência e está em consonância com a questão da sustentabilidade dentro de uma cadeia produtiva”, aponta.

Teste em alta escala

Ainda segundo Barra, a próxima etapa será testar a técnica – hoje em testes de laboratório – em escala industrial. O objetivo será validar toda a aplicabilidade do protocolo em ambiente de produção real e garantindo toda a eficácia e viabilidade em larga escala. Os testes serão iniciados assim que o Centro de Inovação Tecnológica Agroindustrial – o Acelen Agripark , em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, for inaugurado. O projeto do Agripak receberá investimentos de R$ 314 milhões. 

“Estamos ansiosos para o início dos testes em escala industrial no Agripark e a previsão é que a unidade seja inaugurada ainda neste semestre. Essa inovação da Acelen Renováveis reforça o compromisso da pesquisa aplicada e sustentável que são, para nós, os pilares fundamentais para o desenvolvimento do setor de biocombustíveis e da cadeia produtiva da Macaúba”, comemora o diretor.

O projeto da Macaúba da Acelen Renováveis

O projeto da  Acelen Renováveis vai utilizar a macaúba para a produção de biocombustível sustentável. A empresa vai transformar pastagens degradadas em plantações de macaúba para a produção de 1 bilhão de litros de combustíveis por ano em sua primeira planta na Bahia. Vale destacar que os biocombustíveis da Acelen serão totalmente drop in e com potencial de reduzir 80% das emissões de CO2, em comparação aos combustíveis fósseis, isso sem considerar o sequestro de carbono.

O cultivo de macaúba será feito em 180 mil hectares de pastagens degradadas em Minas Gerais e na Bahia, considerando que 20% dessas plantações serão destinadas à parceria com agricultura familiar e pequenos produtores.

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