Agronegócio

Acordo apoiará redução de emissões na pecuária

Acordo apoiará redução de emissões na pecuária
Gado em pastagem em Sistema ILPF | Crédito: Erasmo Pereira/Epamig

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinaram, ontem, acordo de cooperação técnica que vai apoiar a realização de estudo para a criação de mecanismos de incentivo à redução de emissões de carbono na produção de carne e leite no Brasil. Realizada de forma virtual, a cerimônia de assinatura contou com a participação do presidente do banco, Gustavo Montezano, e da ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

O estudo terá dois objetivos principais: elaborar uma calculadora de análise de ciclo de vida (método que avalia toda a cadeia de produção, desde os insumos utilizados na produção até o produto chegar ao consumidor final) que vai auxiliar na mensuração e certificação das emissões de carbono para os diversos modelos de produção da pecuária bovina; e, a partir desse sistema, propor mecanismos que estimulem estratégias e modelos de negócios voltados para investimentos em tecnologias de baixo carbono. A expectativa é de que até abril seja publicado edital de seleção pública para as empresas de consultoria e instituições de pesquisa interessadas em desenvolver o estudo.

Para a ministra Tereza Cristina, os estudos que serão realizados por meio do acordo de cooperação com o BNDES vão trazer credibilidade para o setor. “O Brasil é o País que tem todas as oportunidades para levar para o mundo toda a mitigação de meio ambiente, nós temos tecnologia, nós temos ciência para isso e nós já fazemos há muito tempo. Mas não adianta dizer que você reduz a emissão, que você mitiga. Você precisa ter alguma coisa baseada em ciência que dê credibilidade para que o banco possa trazer recursos para esse setor tão importante da nossa economia”, destacou. 

“O que estamos fazendo aqui hoje é mais um passo nessa corrida tecnológica do Brasil para a economia verde”, disse o presidente Gustavo Montezano. “E precisamos construir essa informação da quantidade de carbono para os grandes e pequenos produtores rurais, porque estamos convencidos de que isso vai ser uma vantagem competitiva para a pecuária brasileira”.

Montezano afirmou, ainda, que tanto o BNDES quanto os demais bancos, sejam públicos ou privados, poderão usar os dados de emissões para avaliar risco e retorno social em suas análises de crédito. “Então, é uma jornada que chegou para ficar, é inexorável; vemos isso como uma grande oportunidade e que todo pecuarista, todo industrial e todo prestador de serviço que está hoje no Brasil tem que enxergar”, completou.

Já existem técnicas de produção pecuária que permitem neutralizar e até “sequestrar” carbono (quando uma atividade retira mais carbono da atmosfera do que emite), como é o caso da intensificação de pastagens combinada com a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Ainda que, globalmente, a produção agropecuária não seja a maior fonte de emissões de gases de efeito estufa, a agropecuária brasileira já há anos tem buscado mitigar esses gases e também garantir a segurança alimentar. Nesse contexto, atrelado à vulnerabilidade do setor à mudança do clima, espera-se que o estudo proponha um sistema de incentivos que acelerem a adoção de tecnologias pelos produtores rurais.

O estudo também auxiliará o Brasil no cumprimento do chamado Acordo do Metano, assinado na COP 26 e que estabeleceu o compromisso global de cortar em 30% as emissões do gás até 2030. Com essa parceria entre o BNDES e o Mapa, pretende-se estimular o crescimento de forma sustentável da produção de carne e leite bovinos e seu processamento industrial, ajudando o País a cumprir suas metas de descarbonização. (Com informações do Mapa)

Emater vai assistir projeto de baixo carbono

A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) foi a vencedora de uma concorrência pública para prestar assistência técnica em um projeto de desenvolvimento rural sustentável no Cerrado, com financiamento internacional. As ações serão executadas em 45 unidades demonstrativas, em propriedades de 16 municípios de Minas Gerais. O projeto conta com recursos do Fundo Internacional para o Clima do Governo do Reino Unido, por meio de cooperação técnica com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

O contrato de prestação de serviços, no valor de R$ 349 mil, tem duração de 12 meses, podendo ser prorrogado. A seleção da Emater-MG foi feita pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS) que é o responsável pela execução e administração do projeto chamado “Agricultura de Baixo Carbono e Desmatamento Evitado para Reduzir a Pobreza no Brasil – Desenvolvimento Rural Sustentável no Cerrado”.

As propriedades mineiras para execução das ações já foram selecionadas pelo IABS. A assistência técnica nos locais será principalmente com foco na recuperação de pastagem degradada e na implantação de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Este modelo busca otimizar o uso da terra, elevando os patamares de produtividade em uma mesma área, usando melhor os insumos e diversificando a produção. Tudo isso, de maneira ambientalmente correta, com baixa emissão de gases causadores de efeito estufa e sequestro de carbono.

“Esse projeto, além de mostrar a preocupação com o aumento de renda no campo, que é um dos grandes objetivos da Emater, também tem toda a preocupação ambiental com as propriedades”, afirma o diretor-presidente da Emater-MG, Otávio Maia.

Para a prestação do serviço especializado de assistência técnica, a Emater-MG irá disponibilizar uma equipe de mais de 40 profissionais, entre técnicos de campo e coordenadores. Eles irão fazer um diagnóstico das propriedades, elaborar um plano de adequação, acompanhar os trabalhos e entregar um relatório final comprovando o serviço prestado. O atendimento dos técnicos aos produtores será presencial e virtual. Também serão promovidos dias de campo nas unidades selecionadas para que outros produtores possam conhecer as técnicas e metodologias utilizadas.

“Os produtores interessados em participar do projeto se inscreveram. O IABS selecionou pecuaristas que já têm algum conhecimento sobre recuperação de pastagem e sobre ILPF. São pessoas abertas à adoção de novas tecnologias e que também tenham um espírito de liderança para difundir os modelos adotados”, explica o coordenador estadual de Projetos da Emater-MG, Antônio Carlos Quaresma.

Os municípios mineiros escolhidos para receber as unidades demonstrativas são: Abaeté, Araçaí, Caetanópolis, Cordisburgo, Curvelo, Guarda-Mor, Ituiutaba, João Pinheiro, Paracatu, Paraopeba, Pompéu, Prata, Sete Lagoas, Uberlândia, Unaí e Vazante. (Com informações da Emater-MG)

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