Acordo com escolas agrícolas quer evitar êxodo

A Emater-MG e a Associação Mineira das Escolas Família Agrícola (Amefa) assinaram um protocolo de intenções para cooperação técnico-científica entre as duas instituições. O acordo também prevê o fortalecimento das parcerias entre as Escolas Família Agrícola (EFA) e a empresa pública para estimular o envolvimento dos jovens nas atividades agropecuárias. As Escolas Famílias Agrícolas (EFAs) apresentam uma proposta pedagógica alternativa para a educação profissional, levando qualificação aos jovens moradores da zona rural. Em Minas Gerais, as 22 escolas deste tipo atendem cerca de 2 mil alunos.
“Nós estamos com o campo envelhecido, conforme os dados do censo agropecuário, e precisamos incentivar os jovens a assumirem as propriedades e ver atratividade no trabalho rural. Então essa iniciativa é muito importante. As escolas famílias agrícolas trazem esse público para trabalharmos em conjunto com capacitação, oportunidade de projetos produtivos, entre outras ações. É a união de esforços para potencializar o alcance dos objetivos e superar os desafios que estão aí, como a sucessão no campo que a gente pretende atacar fortemente com essa parceria”, salienta o diretor-presidente da Emater-MG, Otávio Maia.
O secretário-executivo da Amefa, Idalino Firmino dos Santos, explica que o termo de cooperação objetiva colocar em prática ações convergentes, como a melhoria das atividades agropecuárias e oferecer estágios para os estudantes.
“Vamos trabalhar não só a produção, mas também a agregação de valor dos produtos, cooperativismo e acesso à terra. Outro objetivo é estimular a organização dos agricultores envolvidos nas escolas, não só no sentido de produzir, mas também de gerar renda através de vários programas federais. Tanto a Emater-MG como a Amefa enxergam que investir na juventude é uma forma de garantir a sucessão na agricultura familiar”, ressalta ele.
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Metodologia diferenciada
Nas EFAs, os filhos de agricultores familiares têm a oportunidade de qualificação profissional gratuita para atuarem na propriedade de suas famílias, contribuindo com o processo de sucessão familiar e diminuição do êxodo rural. As escolas agrícolas utilizam a metodologia da pedagogia da alternância, processo em que o estudante vivencia, por períodos de 15 dias, um tempo na escola e outro em casa. Quando o aluno está integralmente no espaço escolar, há disciplinas tradicionais e aulas práticas que estão conectadas à realidade no campo. Na quinzena em que voltam para casa, os estudantes aplicam o conhecimento adquirido em sua comunidade rural.
O técnico agrícola Ricardo Ferreira Vital estudou na Escola Família Agrícola de Itaobim, no Vale do Jequitinhonha, de 2003 a 2005.
“Eu não tinha perspectiva de fazer o ensino médio, pois morava numa comunidade muito distante no município de Monte Formoso. Meus pais não tinham condição de me levar para a cidade para cursar o ensino médio. Aí, conheci a escola família agrícola de Itaobim que trabalha com a pedagogia da alternância. Essa pedagogia me deu condições de estudar. Permanecer no alojamento da escola me propiciou a condição para eu fazer o ensino médio profissional e me qualificar como técnico agropecuário”, recorda Vital.
A formação nas escolas agrícolas têm dado a oportunidade a muitos jovens de permanecer no campo com mais qualidade de vida, a partir da geração de emprego e renda.
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