Agronegócio registra expansão no faturamento em Minas Gerais

Mesmo em um ano marcado pela pandemia, o que gerou muitas incertezas, o agronegócio de Minas Gerais conseguiu superar os desafios e encerrou 2020 com resultados positivos, garantindo o abastecimento do mercado interno e exportando.
Dentre os destaques, está o Valor Bruto da Produção (VBP) que cresceu 27% frente a 2019. Também foi verificada alta nos embarques e produções recordes de grãos e café. Os dados foram divulgados ontem pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).
De acordo com a secretária de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ana Maria Soares Valentini, mesmo em um ano de pandemia, o setor continuou trabalhando e mostrando a pujança. “2020 foi um ano desafiador. Enfrentamos uma pandemia que nossa geração nunca vivenciou. As incertezas e ansiedades dominaram, mas o setor agropecuário não parou por um dia. Houve muito esforço e dedicação de todo o setor”, disse.
O subsecretário de Política e Economia Agropecuária da Seapa, João Ricardo Albanez, destaca que o esforço foi importante para garantir a segurança alimentar.
“O trabalho dos setores foi essencial para dar segurança à população em relação ao abastecimento. Não só fomos capazes de dar essa segurança ao nosso Estado e ao País, mas também embarcamos vários produtos para países que não tinham alimentos para atender à necessidade da população. Foi ano de superação, que se deu pelo desenvolvimento que os produtores têm empreendido nas atividades. Vejo que 2021 também será de desafios, com a alta nos custos de produção, por exemplo”, explicou Albanez.
Um dos resultados mais expressivos alcançados em 2020 se refere ao Valor Bruto da Produção (VBP), que atingiu R$ 96,1 bilhões em Minas Gerais. O valor representa um crescimento de 27% em comparação a 2019 e responde por 11% do VBP nacional. As lavouras representaram 63,6% de todo o faturamento do Estado, alcançando R$ 61,1 bilhões e ficando 29,1% maior que no ano anterior. Para a pecuária, a receita para o ano de 2020 foi da ordem de R$ 34,5 bilhões, alta de 23,4%.
“A perspectiva que temos para 2021 é muito otimista. Vamos manter esse ritmo com uma previsão de aumento de safra de grãos e a tendência de valorização dos produtos. Isso nos dá um otimismo muito grande para a manutenção do aumento do VBP”, destacou o superintendente de Economia e Inovação Agropecuária da Seapa, Carlos Eduardo Bovo.
Exportações recordes – Resultado positivo também foi verificado nas exportações dos produtos agrícolas e pecuários. De acordo com o estudo da Seapa, Minas Gerais exportou, em 2020, US$ 8,7 bilhões em produtos do agronegócio, alta de 10,4%. Em volume, o crescimento chegou a 23,2%, com a destinação de 12,7 milhões de toneladas para o mercado mundial.
Em 2020, foi registrado o maior volume exportado da história do Estado e a segunda maior receita. A desvalorização do real frente ao dólar e a grande oferta de produtos para exportar justificam os resultados.
Ao longo de 2020, vários produtos mineiros contribuíram para o bom resultado dos embarques, como o café, cujas exportações movimentaram US$ 3,3 bilhões, com a venda de 28,4 milhões de sacas. No complexo soja, as exportações cresceram 62,1% em receita, que ficou em US$ 1,1 bilhão. Em volume, a alta foi de 62,3%, com o embarque de 3,7 milhões de toneladas. As exportações do grupo das carnes chegaram a US$ 1 bilhão, queda de 2,9%, mas com volume 10% superior e somando 328 mil toneladas.
“Esse ano, mesmo com todos os problemas enfrentados, o agro, pela estrutura e preparo, conseguiu aproveitar as oportunidades do mercado. Tivemos um aumento da demanda nos mercados interno e externo e estávamos preparados para atender e também para buscar novos mercados. A pauta ainda é muito concentrada em alguns produtos e países, mas estamos trabalhando para diversificar os destinos e produtos”.
Mesmo que ainda estejamos em um cenário de pandemia, as estimativas para 2021 são positivas. “A demanda por alimentos no mundo continua muito grande e não vai reduzir. A tendência é de aumentar os embarques, principalmente em grãos. A expectativa de se colher uma supersafra de grãos, provavelmente, vai possibilitar uma ampliação e novos recordes nos embarques de produtos mineiros”, avaliou Bovo.

Safra de grãos alavanca desempenho da agricultura
A agricultura de Minas Gerais foi marcada, em 2020, pelo aumento da produção. De acordo com os dados da Seapa, com base nos levantamentos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de grãos (2019/2020) consolidou um novo recorde na produção estadual.
O volume colhido foi de 15,4 milhões de toneladas, crescimento de 5,8% em relação à safra anterior, com 3,5 milhões de hectares de área plantada e um ganho de 4,7% na produtividade. O aumento veio do clima favorável e da adoção de tecnologias no campo.
A expectativa para a próxima safra (2020/2021) também é de bons resultados da produção de grãos em Minas Gerais. A projeção da Conab estima um volume de, aproximadamente, 16 milhões de toneladas, crescimento de 4,3% em relação à safra 2019/2020. Ainda conforme o levantamento, a área cultivada na nova safra deverá crescer 5,5%, alcançando 3,7 milhões de hectares, e a produtividade sofrerá uma queda de 1,1%.
“A tendência é de termos aumento na produção de grãos, com destaque para o milho e a soja, o que vai possibilitar o atendimento da demanda do mercado interno e também potencializar nossas exportações. O que temos observado é a alta qualidade do nosso produto, que tem tido uma aceitação muito boa no processo de exportação”, disse o superintendente de Economia e Inovação Agropecuária da Seapa, Carlos Eduardo Bovo.
Café – Outro destaque foi a safra de café. Em 2020, Minas Gerais produziu cerca de 34,6 milhões de sacas beneficiadas, crescimento de 41,1% no volume produzido e de 33,3% na produtividade quando comparado com a safra de 2019. A produção superou a de 33,4 milhões de sacas de 2018, considerada até então o recorde mineiro. O bom resultado se deve ao ano de bienalidade positiva, ao pacote tecnológico e ao clima favorável nas principais regiões produtoras do Estado.
“Realmente a safra foi extraordinária e com recorde histórico. Minas exportou café para 87 países, com quatro novos países comprando o grão”.
Para 2021, a perspectiva é de uma queda de até 42,8% na produção, variando de 19,8 milhões a 22,1 milhões de sacas. A queda se deve à bienalidade negativa da cultura e às condições climáticas, que não estão favoráveis. “Com a queda, a tendência é de que os preços subam”, explicou Bovo.

Pecuária avança 23,4% na temporada
A pecuária em Minas Gerais é muito representativa e respondeu por 36,6% do Valor Produto da Produção Agropecuária (VBP) de 2020, com o faturamento estimado em R$ 34,5 bilhões, alta de 23,4%.
De acordo com o levantamento da Seapa, o destaque em 2020 foi a carne bovina, que registrou o maior incremento (21,6%) no VBP, registrando R$ 11,3 bilhões. O crescimento para a produção de ovos foi de 7%, alcançando R$ 1,5 bilhão, e para leite, de 9,4%, que atingiu R$ 12,6 bilhões. O aumento da demanda interna e externa e os altos preços praticados no mercado favoreceram os bons resultados para a pecuária no ano.
Em relação às exportações, representando 78% de todas as carnes exportadas, a bovina registrou um incremento de 4,3% no volume embarcado, totalizando 190 mil toneladas e alcançando cerca de US$ 802 milhões. A carne suína também teve bons números, com US$ 40,3 milhões e 21,4 mil toneladas, chegando a 57,4% de crescimento na receita e 39,2% no volume embarcado em relação ao mesmo período do ano anterior.
“A expectativa para 2021 é de continuar em ritmo aquecido, atendendo a uma demanda externa crescente. Com isso, a tendência é de preços valorizados”, disse Bovo.
Desembolsos do crédito rural superam R$ 24 bi
Ao longo de 2020, os desembolsos do crédito rural também ficaram maiores no Estado. Na safra 2019/2020 (período de julho de 2019 a junho de 2020), os valores destinados ao agronegócio, em Minas Gerais, ficaram 15% maiores que os registrados no mesmo período da safra 2018/2019, o que elevou para R$ 24,76 bilhões o montante liberado pelos agentes financeiros. A maior parte dos recursos voltados para o Estado foi destinada à produção agrícola, R$ 15,7 bilhões, e o restante para a pecuária, com desembolsos estimados em R$ 9,06 bilhões.
Para a safra 2020/2021 (de julho até dezembro de 2020), já foram liberados R$ 16,2 bilhões para produtores do Estado, 8% a mais que os R$ 14,9 bilhões registrados no mesmo período da safra passada.
“O crédito rural é uma das principais políticas públicas. É um fomento no qual o produtor tem segurança para investir na propriedade tanto na questão de custeio e aportes em novas tecnologias como nas questões de comercialização e industrialização”, disse o superintendente de Economia e Inovação Agropecuária da Seapa, Carlos Eduardo Bovo.
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