Agronegócio

Agro vai evitar recessão técnica do País

Presidente do Instituto CNA, Roberto Brant esteve em BH e apontou quatro pontos que podem travar o setor
Agro vai evitar recessão técnica do País
Setor do agronegócio no País e em Minas segue modernizando-se e sendo pilar da economia | Crédito: Arquivo/Diário do Comércio

O agronegócio, setor que deve puxar o crescimento da economia brasileira em 2023 – podendo, inclusive, evitar que o País acumule dois trimestres seguidos de retração, o que configuraria em uma recessão técnica – vai enfrentar desafios importantes ao longo dos próximos anos que podem impactar de forma negativa o pleno desenvolvimento do setor. O assunto foi abordado, ontem, durante a primeira reunião do Conselho Empresarial do Agronegócio da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas).

No evento, o presidente do Instituto CNA, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Roberto Brant, palestrou sobre os principais desafios que o setor enfrentará nos próximos anos no País e ressaltou que o setor continua sendo um dos mais importantes da economia e vai evitar que a economia brasileira entre em recessão técnica. 

“O agronegócio continua sendo um setor muito forte. No primeiro e no segundo trimestre de 2023, o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do agro impedirá que o Brasil seja classificado como em recessão técnica, após completar dois trimestres  sem crescimento. No final, o setor permitirá que o crescimento do Brasil fique em cerca de 0,8% a 1%. O setor é o pilar decisivo da economia”.

Ele relembrou que, em 2022, o agronegócio registrou um superávit de US$ 141 bilhões, sendo que os demais setores registraram déficit de US$ 80 bilhões. Devido à pujança do setor, a balança comercial do País encerrou com superávit de US$ 61 bilhões.

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“Se não fosse o agro, o Brasil estaria com as contas externas totalmente desequilibradas”. 

Ainda segundo Brant, apesar do papel relevante na economia nacional, a política tem colocado ameaças e obstáculos ao agro. Brant elencou os quatro principais pontos que podem travar o setor e, consequentemente, impactar toda a economia nacional. Dos quatro obstáculos, três são considerados políticos. 

O primeiro deles, resultado da política do novo governo federal, é a separação do setor em dois, a agricultura comercial e a familiar.

“A ideia de dividir a agricultura brasileira em duas – a agricultura familiar e a agricultura comercial – é equivocada. Todas as agriculturas são a mesma coisa. A maioria da agricultura familiar brasileira é comercial, está integrada em cadeiras comerciais, como a cadeia de aves, de suínos e de hortaliças, entre outras”.

O segundo obstáculo ideológico é a ideia de que se tem, hoje, 30 milhões de pessoas passando fome no Brasil, sendo o País o maior exportador de alimentos do mundo.  

“Isso é uma contradição muito grave e é mentira. Os programas sociais administrados pelo governo brasilerio propiciam uma renda mínima a 140 milhões de pessoas. Os outros, 100 milhões, são de pessoas que estão muito acima da linha da pobreza. Isso difama, injuria o agro e, inclusive, desqualifica nossa imagem no exterior. Essa política facilita que haja ações políticas no exterior para colocar barreiras às exportações brasileiras”.

O terceiro obstáculo são as invasões de terras e a política para promoção da reforma agrária.

“O insumo principal da agricultura moderna é a tecnologia e não a terra. É um programa que, do ponto de vista produtivo, a reforma agrária é ineficiente. Do ponto de vista social, ele é caríssimo. Porque assentar uma pessoa custa mais de R$ 500 mil por família. É preferível dar uma renda permanente, que é muito mais barato e produtivo”. 

Em evento da AC Minas, Brant disse que “MG vai muito bem” | Crédito: Fábio Ortolan

A reforma tributária é o quarto obstáculo. Segundo Brant, o texto que está em discussão no Congresso Nacional pode penalizar substancialmente o setor. Caso aprovada, a reforma fará com que produtos que hoje são taxados em 2% a 10% possam ter o índice elevado para 25% a 29%, o que pode comprometer diversos setores, como a pecuária de leite, por exemplo.   

“A reforma proposta alivia a carga tributária da indústria e do setor financeiro e transfere para os setores de comércio, serviços e agricultura. O peso adicional é tão forte que pode desestruturar as cadeias”.

Brant explica que, se aprovada, o efeito dela vai além do setor produtivo. “Se aumentar para quase 30% a tributação, os alimentos ficarão mais caros e terá impacto na inflação. É um efeito perverso”. 

No que se refere a Minas Gerais, Brant destacou que o agronegócio no Estado segue avançando e se tornando cada vez mais moderno. 

“Minas Gerais sempre foi um Estado tradicional rural e, hoje, é ainda mais. Minas é grande produtor de praticamente tudo: de café, de laranja, de cana-de-açúcar, de grãos, leite, carnes. O setor está indo muito bem, modernizando-se, com novos produtores. Minas vai muito bem”.

Para Brant, o setor continua sendo um dos mais importantes da economia e reitera que vai evitar que a economia brasileira entre em recessão técnica. 

“O agronegócio continua sendo um setor muito forte. No primeiro e no segundo trimestre de 2023, o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do Agro impedirá que o Brasil seja classificado como recessão técnica, após completar dois trimestres  sem crescimento. No final, o setor permitirá que o crescimento do Brasil fique em cerca de 1%. O setor é o pilar decisivo da economia do Brasil”, disse Brant.

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