Agronegócio

Algodão em Minas mantém investimentos em tecnologia

Programa Proalminas tem incentivos para produtores e indústria têxtil
Algodão em Minas mantém investimentos em tecnologia
Produção de algodão em pluma deve alcançar 47,7 mil toneladas | Crédito? REUTERS/Randall Hill

Em Minas Gerais, a produção de algodão em pluma na safra 2022/23 tende a crescer 7,7% e alcançar 47,7 mil toneladas. Apesar do mercado ainda retraído, resultado de um consumo menor desde o início da pandemia, produtores têm mantido os investimentos em tecnologia, permitindo o avanço na produtividade e um melhor resultado.

De acordo com o superintendente de Inovação e Economia Agropecuária da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e coordenador do  Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalminas), Feliciano Nogueira de Oliveira, Minas é o sexto maior produtor nacional de algodão.

A cultura no Estado tem sido incentivada pelas ações do Proalminas, que além de beneficiar a indústria têxtil – através de benefícios fiscais – garantem mercado e preços maiores aos produtores. Através do projeto, também é constituído um fundo, cujos recursos são voltados para investimentos em capacitação, tecnologias e pesquisas. “Para a safra 2022/23, ainda teremos uma área plantada da ordem de 29,4 mil hectares, espaço que vem se mantendo estável desde a safra passada.Percebemos que desde o início da pandemia de Covid-19, houve uma queda da área pela menor demanda mundial”, explica ele.

Ainda segundo Oliveira, a manutenção da área plantada com o algodão é resultado também das incertezas de mercado. “Temos ainda uma volatilidade de mercado frente a um cenário de possível recessão da economia mundial. O produtor não ampliou a área porque as vendas  ainda estão abaixo do volume registrado antes da pandemia”, analisa.

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Conab

De acordo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a previsão é colher, em Minas Gerais, 44,7 mil toneladas de algodão em pluma na safra 2022/23, uma alta de 7,7% frente à safra passada. A expectativa é colher 1.622 quilos por hectare de algodão em pluma.

“Nós produzimos em 2021/22 cerca de 44,3 mil toneladas de algodão em pluma. Para a safra atual, a estimativa já sinaliza um aumento de produtividade, considerando que a área é a mesma. Isso demonstra um maior cuidado dos próprios produtores com a cultura. Mesmo mantendo a área e com os custos elevados, estão preocupados em investir em tecnologia pelo benefício do aumento da produtividade”, acrescenta o coordenador do Proalminas.

Oliveira explica ainda que, assim como nas demais culturas agrícolas, os custos de produção do algodão foram alavancados. Isso foi resultado da variação cambial e de especulações de mercado.

Em relação aos preços, em Minas Gerais, a cotação da arroba do algodão está próxima a R$ 190, valor que garante margem, mas muito ajustada. Para que o produtor tivesse um melhor resultado, o ideal seria um valor acima de R$ 200 por arroba de pluma.

“A arroba do algodão colocada na indústria está a R$ 190, sinalizando uma ligeira tendência de recuperação de preços, mas com margens muito apertadas. O preço de Minas Gerais, através do Proalminas, ainda é superior ao de mercado, já que tem um ágio de 7,85% sobre o preço do Cepea”, reitera o representante da Seapa.

Do volume produzido em 2021/22, a maior parte – cerca de 22,7 mil toneladas de pluma – foram destinadas ao mercado interno. O restante é exportado. Um dos estímulos para manter a produção no mercado nacional é justamente o Proalminas. 

O que é

De acordo com a Seapa, o Proalminas é uma política pública existente há quase duas décadas e que favorece toda a cadeia produtiva de algodão e de tecidos. De um lado, garante benefício fiscal às indústrias que compram a matéria-prima produzida em Minas Gerais. Na outra ponta, proporciona ao produtor rural mercado para venda do seu produto, incremento da renda e avanço tecnológico. 

“Por meios dos incentivos fiscais, as indústrias – participantes do programa – destinam uma porcentagem ao  Fundo de Desenvolvimento da Cotonicultura de Minas Gerais (Fundo Algominas). Os recursos são utilizados para o desenvolvimento e promoção do setor, com a realização de eventos técnicos, estímulo às pesquisas, avaliação da qualidade, controle de pragas através do uso de biotecnologias, o que reduz o uso de químicos, tornando a produção mais sustentável e com custo menor”, finalizou Oliveira. 

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