Alta de 100% nos preços dos fertilizantes afeta os pecuaristas

Os aumentos constantes nos preços dos fertilizantes têm afetado a produção agrícola e pecuária. Ao longo de 2021, os reajustes superaram 100% e o pecuarista perdeu grande parte do poder de compra. A pior relação de troca foi registrada na aquisição do cloreto de potássio. Enquanto em 2020 eram necessárias 6,9 arrobas do boi gordo para a compra de uma tonelada do cloreto de potássio, no fechamento de 2021, para adquirir o mesmo volume, já eram necessárias 17,8 arrobas, uma variação de quase 160%. Para este ano, a tendência é de manutenção dos preços altos dos fertilizantes. Os dados são da Scot Consultoria.
De acordo com o zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria, Felipe Fabri, os pecuaristas perderam grande parte do poder de compra frente aos fertilizantes ao longo de 2021 e a expectativa ainda é de preços elevados em 2022.
“Os fertilizantes sofreram fortes altas, impulsionadas por fatores diversos. Entre eles, a menor produção nos principais países produtores, como China, Bielorrússia, Estados Unidos (EUA), Canadá entre outros. Também tiveram regulações com relação à oferta para manter o abastecimento interno destes países produtores. Questões políticas também afetaram a oferta global de fertilizantes”, explica.
Ainda segundo Fabri, existem também dificuldades em relação ao transporte marítimo, que ficou mais caro e com baixa oferta, e o câmbio elevado ao longo de 2021. Com todos os desafios, os principais fertilizantes utilizados na atividade pecuária registraram incrementos de mais de 100% em 2021.
“Tivemos, na segunda quinzena de dezembro de 2021, o cloreto de potássio como destaque. No acumulado do ano, o produto subiu 214%, sendo negociado a R$ 5.670 por tonelada, enquanto na segunda quinzena de dezembro de 2020 estava cotado a R$ 1.807”.
No mesmo período, a ureia apresentou avanço de 161% nos preços e o fertilizante Super Simples subiu 124%, conforme apurou a Scot Consultoria. “Todos os principais fertilizantes utilizados mais que dobraram de preços no acumulado dos últimos 12 meses”, traz a consultoria.
Fabri explica ainda que as altas significativas impactam a margem dos pecuaristas, uma vez que os preços da arroba não avançaram nos mesmos patamares. “No mesmo período, a arroba do boi gordo acumulou alta de 21%, fazendo com que o poder de compra do pecuarista sofresse grande queda em 2021, perdendo quase metade do poder de compra. Ao longo do ano, ele despendeu mais arrobas para comprar o mesmo volume de fertilizantes”, destaca.
Principais conclusões
De acordo com o levantamento feito pela Scot Consultoria, a pior relação de compras foi verificada no cloreto de potássio. Em um ano, a relação de troca de arrobas de boi gordo para compra do fertilizante subiu expressivos 160%, sendo necessárias 17,8 arrobas para a aquisição de 1 tonelada do cloreto de potássio, ante 6,9 arrobas registradas em 2020.
No caso da ureia foram necessárias 15,8 arrobas para a compra de 1 tonelada. Em 2020, eram necessárias 7,4 arrobas para cada tonelada de ureia. A relação de troca de arroba para compra de uma tonelada do Super Simples subiu de 4,9 arrobas em 2020 para atuais 9,2 arrobas.
Para 2022, a situação deve se manter complicada para o pecuarista. “No curto prazo, a situação deve seguir apertada. Nós não vemos espaço, em curto prazo, para melhora com relação aos preços dos fertilizantes. A conjuntura macroeconômica continua pressionando a oferta e uma demanda bem aquecida com os principais países produtores de soja e milho aumentando as áreas de produção. Então, principalmente, no primeiro semestre de 2022, a gente deve seguir com uma relação de trocas ainda apertada e, no curto prazo, a situação não deve melhorar tanto para os pecuaristas”, diz.
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