Impulsionados por exportações e mercado interno, abates crescem em Minas Gerais

O agronegócio de Minas Gerais encerrou 2024 com resultados positivos na produção da pecuária. No ano, foi registrado aumento tanto no abate de bovinos, suínos e frangos como na produção de leite e de ovos. O incremento é resultado da tanto da demanda aquecida no mercado interno, externo e como também pelo melhor poder de compras do consumidor, favorecida pela queda das taxas de desemprego. Ao longo do ano, também foi verificada valorização dos preços das carnes, leite e ovos, servindo como estímulo para o aumento da produção.
Conforme os dados dos resultados completos das Estatísticas da Produção Pecuária para 2024, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em Minas Gerais, o abate de bovinos cresceu 21,7% em 2024 frente a 2023. Mantendo a mesma base de comparação, houve resultados positivos também nos abates de suínos, alta de 2,3%, e de frangos, 2,9%. A produção de ovos cresceu 21,5% e a captação de leite na indústria ficou 7,5% superior.

No Brasil, assim como em Minas Gerais, os resultados foram positivos. Conforme o IBGE, o abate de bovinos cresceu 15,2%, o de suínos, 1,2%, e de frangos 2,7%.
Conforme a gerente da pesquisa do IBGE, Angela Lordão, o cenário econômico em 2024 favoreceu a produção pecuária. “O fortalecimento da economia interna, melhoria das condições de emprego e renda, e a queda na taxa de desemprego que tivemos em 2024 alavancaram a demanda doméstica, contribuindo para o desempenho mais robusto do setor. A demanda internacional por carne também cresceu significativamente”, disse.
Valorização de preços alavanca abate em Minas Gerais
Minas Gerais abateu, em 2024, cerca de 3,7 milhões de bovinos, representando, assim, uma expansão de 21,7% no volume se comparado com 2023 ou 670,26 mil cabeças a mais. No período, houve uma alta de 20,7% no peso das carcaças, que atingiu 949,4 mil toneladas produzidas.
Conforme o IBGE, além da demanda interna, o mercado externo seguiu aquecido em 2024, contribuindo para o aumento dos abates. Assim, Minas Gerais exportou 236,6 mil toneladas de carne bovina em 2024, um avanço expressivo de 22,6% frente a 2023.
A analista de agronegócio do Sistema Faemg Senar, Mariana Simões, explica que o setor já esperava uma alta no abate de bovinos em 2024, porém, com a valorização expressiva do boi gordo nos últimos meses do ano, o incremento foi maior que o projetado.
“O cenário de crescimento já era esperado para todas as cadeias da pecuária. O resultado de bovinos surpreendeu. Como houve uma recuperação forte de preços nos últimos meses, tivemos maior envio de animais para abate. A expectativa era de 2024 ser um pouco melhor e fechamos com alta de 21,5%”.
Suínos e frangos
Com o consumo interno em alta e aumento das exportações, ao longo de 2024, Minas Gerais abateu 6,7 milhões de cabeças de suínos, volume que superou em 2,3% o resultado de 2023. O peso das carcaças, 609 mil toneladas, cresceu 2,6%. Os dados do IBGE mostram que o Estado aplicou os embarques da carne suína em 30,6% ao longo do ano passado, exportando, assim, 24,6 mil toneladas.
Para o consultor de Mercado da Associação dos Suinocultores de Minas Gerais (Asemg), Alvimar Jalles, o Estado se destacou no abate de suínos em 2024.
“O crescimento de suínos abatidos em Minas Gerais foi praticamente o dobro do crescimento do Brasil: 2,3% contra 1,2%. O ano de 2024 foi um ano de margens de lucro positivas o que naturalmente acaba favorecendo o crescimento. A questão de Minas ter obtido o maior crescimento percentual do País ocorreu por termos uma suinocultura estruturada, organizada e de qualidade, comparando-se às melhores do mundo”.
Assim como em bovinos e suínos, a produção mineira de carne de frango também cresceu em 2024. Conforme o IBGE, ao todo, o abate das aves subiu 2,9%, totalizando, portanto, 484,8 milhões de cabeças. O peso das carcaças chegou a 1,02 milhão de toneladas, 1,2% de crescimento. As exportações também cresceram em 2024. Assim, Minas Gerais embarcou 208,2 mil toneladas de carne de frango, alta de 9,4%.
“Aves e suínos seguiram com alta no consumo interno e com cenário positivo de exportações. O País se posicionou bem no mercado externo e também suprindo a demanda do mercado interno. As produções, agora em 2025, estão mantendo os preços em patamares melhores, o que pode ser um estímulo para a continuidade do aumento da produção”, explicou Mariana.
Aquisição de leite aumenta 7,5%
Em 2024, conforme o IBGE, os laticínios de Minas Gerais captaram 6,31 bilhões de litros de leite, equivalente a um acréscimo de 7,5% sobre a quantidade registrada em 2023.
Quanto ao preço médio, houve uma evolução na média anual do litro de leite adquirido. Se considerada a produção ao longo de todo 2024, o preço médio do litro de leite adquirido ficou em torno de R$ 2,63. Um aumento de 6,9% se comparado ao preço médio das aquisições do ano de 2023 (R$ 2,46).
“Na produção de leite há uma interferência grande da renda do consumidor, quando existe uma melhor disponibilidade – reflexo da menor taxa de desemprego – isso reflete no maior consumo de derivados. Em 2024, o consumidor absorveu a alta dos derivados, como muçarela e os queijos, e a produção cresceu. Houve também uma recuperação dos preços ao produtor, mesmo com incremento nas importações, o que também estimula o aumento do volume”, explicou a analista de agro do Sistema Faemg Senar, Mariana Simões.
Produção de ovos
A produção de ovos, no Estado, somou 453,31 milhões de dúzias em 2024, variação positiva de 21,5%. Minas Gerais é o terceiro maior produtor do País, respondendo por 9,7% do volume nacional e atrás apenas de São Paulo e Paraná.

Conforme o IBGE, ao longo de 2024, o setor avícola foi impulsionado pelos aumentos nos preços relacionados a outras proteínas, com demandas internas e externas aquecidas, o que elevou a demanda pelos ovos.
“A alta na produção de ovos foi muita expressiva e Minas quase ficou em segundo lugar na produção, com 9,7% do volume nacional, atrás do Paraná, com 9,8%. Em 2023, Minas produzia 8,8% dos ovos do Brasil”, disse Mariana.
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