Agronegócio

Amora preta ajuda a diversificar produção e impulsiona potencial econômico no Sul de Minas

A fruta usada em sucos, geleias e sorvetes tem ganhado destaque no Sul de Minas pelo clima frio
Amora preta ajuda a diversificar produção e impulsiona potencial econômico no Sul de Minas
Crédito: Adobe Stock

O clima frio e o manejo das frutíferas temperadas é uma combinação que tem dado certo na região Sul de Minas Gerais. Neste cenário, a amora preta, fruta escura e saborosa, encontra produção garantida.

Em Bocaina de Minas, por exemplo, município que se destaca pela economia pecuária com a produção de queijos artesanais, a amora preta já está presente em muitos sítios da região. De acordo com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater–MG), em 2023, a produção média de amora preta foi de 96 toneladas em uma área total de sete hectares em Bocaina de Minas.

A cultura é uma alternativa para os pequenos produtores que buscam diversificar sua produção, devido à facilidade de manejo e por não demandar grandes áreas.

O extensionista da Emater-MG, Rodrigo Cavalcanti Ferreira, explica que a região é famosa por suas belezas naturais e, por isso, as pessoas gostam de plantar frutas vermelhas para fazer sucos e geleias. “Então, o cultivo da amora preta não surgiu com uma proposta comercial, mas tem um bom potencial por ser uma região de clima frio e com vocação turística”, explica o técnico.

A atividade tem seu valor agregado com o beneficiamento da produção, ou seja, com a produção de doces, geleias e outros derivados.

A amora-preta é uma planta arbustiva de porte ereto ou rasteiro e produz frutos com cerca de 4 a 7 gramas, de coloração negra e sabor ácido. A fruta in natura é altamente nutritiva, com muita água e elevada quantidade de minerais e vitaminas C, B e A.

Deste modo, os frutos podem ser consumidos tanto in natura como em outras formas:

  • geleias;
  • sucos;
  • doces em pasta e fermentados;
  • sorvetes;
  • iogurtes;
  • tortas.

Clima frio é essencial para manejo da amora preta

O produtor e atual secretário de Agricultura de Bocaina de Minas, Danilo Costa de Almeida, que começou o cultivo de amora preta em dezembro de 2020 com a assistência técnica da Emater-MG, atualmente, tem 300 pés de amora numa área de dois mil metros quadrados.

Almeida explica que a região tem um clima favorável para o cultivo e o tempo de produção até a colheita é relativamente curto, com período de colheita de novembro a fevereiro.

“É uma planta robusta, de fácil manejo e que logo produz. Com um ano, você já tem colheita, entretanto, o produtor deve se lembrar de fazer a poda anual”, explica o secretário.

Segundo ele, por se tratar de uma fruta muito perecível, a colheita deve ser rápida, assim como o processo de congelamento. Por isso, a cultura exige um freezer para armazenamento e um modo de transporte que não descongele o produto.

“Você colhe de manhã e, até meio dia, tem de estar tudo congelado, se não perde. Mas como a amora fica congelada, eu posso vender nas épocas de menor oferta e melhor preço”, conta Almeida.

amora sul minas / Pessoa segurando amora
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Produção de espécies de clima temperado

Segundo levantamento da Emater-MG, a produção brasileira das principais espécies frutíferas de clima temperado é insuficiente para atender a demanda interna, gerando uma crescente necessidade de importação de frutas que, a princípio, podem ser produzidas no Brasil.

A amoreira-preta (Rubus spp) é uma das espécies que tem apresentado sensível crescimento de área cultivada nos últimos anos no Rio Grande do Sul (principal produtor brasileiro), e tem elevado potencial para regiões com microclima adequado, como Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais.

No Sul de Minas, a diversificação das culturas tem sido de grande importância para o desenvolvimento socioeconômico e cultural da região. O setor de frutas temperadas agrega ainda mais valor ao produto que, hoje, pode ser vendido a até R$ 200 o quilo in natura e R$ 40 o quilo congelado.

Na região, a amora preta é comercializada por alguns agricultores por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e vendida em municípios próximos, especialmente em cidades do Rio de Janeiro que recebem muitos turistas como Visconde de Mauá.

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