Apicultores mineiros se articulam para proteger a produção de própolis verde

Os apicultores de Minas Gerais estão buscando apoio para organizar a cadeia produtiva e proteger a produção de própolis verde, produto exclusivo do Estado. Dentre as ações desenvolvidas, o setor já conquistou a certificação de Identificação Geográfica/Denominação de Origem concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).
A produção da própolis verde em Minas Gerais gira em torno de 100 toneladas ao ano. Com alto valor agregado, o produto é comercializado no mercado asiático, Estados Unidos e Europa.
De acordo com o presidente da Federação Mineira de Apicultura (Femap), César Ramos Júnior, o setor também está se mobilizando para trazer para Minas Gerais o congresso mundial da Organização Internacional de Normalização (ISO), em junho próximo, o que colocará o Estado em local de destaque em relação à pesquisa e desenvolvimento da própolis verde.
O evento é considerado importante para discutir a padronização da própolis em nível mundial, o que pode resolver importantes gargalos, como as dificuldades dos serviços de inspeção de alguns países em reconhecer o produto. “É importante que Minas Gerais, como produtor da própolis verde, seja sede do congresso e contribua para a normatização e qualificação da própolis”, afirma.

Por ano, estima-se que Minas Gerais produza cerca de 100 toneladas de própolis verde | Crédito: Arquivo pessoal/Cézar Ramos Júnior
Falsificação – O setor produtivo enfrenta muitos desafios que precisam ser superados para que ocorra o avanço e valorização da própolis e dos produtores. De acordo com Ramos Júnior, a cadeia da apicultura de Minas Gerais ainda não é organizada, o que é prejudicial para a produção do setor.
“Um dos principais problemas enfrentados pela falta de estruturação é a falsificação da própolis verde feita por empresas nacionais e internacionais. Ao comercializar o produto falsificado, o nosso mercado é prejudicado, uma vez que as expectativas do consumidor não serão atendidas”, explica.
Para resolver os gargalos, o setor está em busca de apoio para organizar a cadeia e proteger o produto, que é exclusivo de Minas Gerais. Ramos explica que o governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e das vinculadas, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) têm atendido a demanda do setor.
“O apoio é importante e vai contribuir para que consigamos nos organizar, assim como aconteceu na cadeia do queijo Canastra, por exemplo”, diz.
Ainda conforme Ramos Júnior, a própolis verde mineira já teve a certificação de Denominação de Origem concedida pelo Inpi, mas ainda existem pendências a serem resolvidas. Os trabalhos para o uso da marca estão em desenvolvimento, com apoio do Sebrae, e o setor está atendendo solicitação de ajuste feita pelo Inpi.
Produção – A região da Própolis Verde de Minas Gerais abrange 102 municípios, distribuídos no Sul, Centro-Oeste e Leste do Estado. As regiões produtoras de própolis verde apresentam solo ácido e altos teores de ferro, característicos de locais com exploração de minério.
O mercado para a própolis verde é considerado promissor. Apesar de não ter dados concretos do setor, devido à falta de estruturação da cadeia, no País, a estimativa é de que são produzidas, anualmente, cerca de 140 toneladas de própolis em geral, sendo Minas Gerais responsável por 90% da produção.
Somente de própolis verde, o Estado produz 100 toneladas ao ano. A produção é exportada para Japão, China, Europa e Estados Unidos. O quilo da própolis verde é negociado, em média, a R$ 250.
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