Após conquista da IG, produtores buscam selo Vinhos de Inverno do Sul de Minas

Após a conquista da Indicação Geográfica (IG), na espécie Indicação de Procedência (IP) reconhecendo o Sul de Minas como produtor de vinhos de inverno, as vinícolas a região se preparam para se adequar às regras e iniciar o uso do selo que diferencia a produção dos vinhos no mercado. Concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), a conquista da IG é um marco que promete impulsionar ainda mais a produção e a demanda pelos vinhos da região.
Conforme o Inpi, o uso da IG garante a origem e a qualidade dos vinhos, reconhecendo a tipicidade e o alto padrão dos produtos elaborados na região. A IG abrange os seguintes municípios: São João da Mata; Cordislândia; São Gonçalo do Sapucaí; Três Corações; Três Pontas; Campos Gerais; Boa Esperança; Bom Sucesso, Ibituruna e Ijaci.

O gerente de comunicação e agronegócio do Grupo Vitácea Brasil, empresa que juntamente com a Associação Nacional dos Produtores de Vinhos de Inverno (Anprovin) iniciou o processo para a obtenção do selo de IG, Matheus Cassimiro, o selo de identificação dos vinhos da região já foi definido e os produtores deverão se adaptar à regras específicas para utilizarem. A expectativa é que algumas marcas já conquistem o selo ainda na safra 2025.
“Já houve a definição do selo da IG e, agora, os produtores precisam se adequar às especificações e às diversas normas que definem e caracterizam os Vinhos de Inverno do Sul de Minas. Os produtores da região delimitada que cumprirem rigorosamente as normas estarão aptos a usarem o selo”, explica.
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Normas rígidas garantem padronização e qualidade
Para utilizar o selo, além da produção acontecer dentro dos municípios definidos, o vinho deve ser originário de nove variedades de uvas tintas e quatro de uvas brancas aprovadas. A bebida deve obedecer a parâmetros físico-químicos, teor alcoólico, acidez, briques entre outros. Além disso, o vinho passa por análise sensorial, onde uma banca técnica de degustação avalia a tipicidade da bebida, buscando características únicas que o diferenciam, resultantes do clima, solo e altitude da região.
Conforme Cassimiro, vários produtores da região estão empenhados em cumprir as normas e obter a certificação. A expectativa é que a primeira safra com o selo da IG seja a de 2025, com os vinhos chegando ao mercado em 2026.
“A safra deste ano já pode incluir o selo. Lembrando que a nossa safra começa em julho, agosto e vai até o último dia do inverno, 21 de setembro. Os produtores que desejam utilizar o selo, já podem solicitar ao núcleo regional e passar por todas as especificações, regulamentações e certificação. Assim, a tendência é que os vinhos da safra 2025, possam chegar ao mercado em 2026 com o selo”.
Vinícola Barbara Eliodora pretende conquistar o selo da IG Vinhos de Inverno do Sul de Minas na safra atual
Entre os produtores que já estão em busca da conquista do selo IG, está a Vinícola Barbara Eliodora, de São Gonçalo do Sapucaí. O proprietário, Guilherme Bernardes Filho, explica que a conquista do IG é de grande relevância por reconhecer e consolidar a qualidade e o terroir da região.
“A similaridade encontrada nesses locais permite a produção de um vinho com padrão – que nós sabemos que já é de qualidade – mas que, pelo fato de ter sido reconhecido via Inpi e via governo, valida um trabalho que foi feito nesses últimos 10 anos por nós e por outras vinícolas que vieram na sequência”, comemora.
Bernardes estima que as primeiras garrafas do Barbara Eliodora com o selo IG cheguem ao mercado ainda este ano. “Os vinhos têm que passar por uma nova classificação, validar as questões sensoriais, validar a qualidade desses vinhos, para que, após essa análise, a gente possa colocar os selos. Mas, as primeiras garrafas devem chegar ainda neste ano ao mercado”, reforça.
A expectativa, caso o selo da IG seja conquistado, é agregar valor à bebida. “A gente acredita que haverá uma agregação de valor em função da rastreabilidade que teremos, da padronização, da qualidade mínima que está sendo exigida. Naturalmente, o mercado perceberá que esses vinhos são mais “cuidados” pelos donos das vinícolas. Não é qualquer vinho que poderá ter esse selo estampado. Eu acredito que isso tenha um valor muito grande ao longo do tempo. As pessoas conseguirão identificar que esses vinhos diferenciados”, completa.
Produção e mercado
Este ano, a estimativa de produção da Barbara Eliodora está em aproximadamente 60 toneladas de uvas. Entre as uvas cultivadas estão as variedades Syrah, Sauvignon Blanc, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Marselan e Viognier. Em breve, entrarão também a Grenache e Petit Manseng.
Quanto ao mercado atendido, boa parte dos vinhos da Barbara Eliodora fica na vinícola, atendendo à demanda do enoturismo próprio, mas há vendas em Minas Gerais e em São Paulo.
“Agora, a IG realmente nos traz uma possibilidade de venda internacional. Os vinhos que têm essa chancela, por estarem em uma região contemplada pela IG, recebem um outro olhar dos importadores. Isso nos dá uma condição melhor, até por conta da qualidade e da rastreabilidade, de conseguirmos vendas para fora do País”, prevê Bernardes.
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