Agronegócio

Após novo recorde, valor do leite pago ao produtor acumula alta de 67%

Aumento no Estado no ano foi contabilizado pelo Cepea após 7º crescimento seguido em índice
Após novo recorde, valor do leite pago ao produtor acumula alta de 67%
Em Minas, cotação avançou 11,93% no último mês e o litro do leite foi negociado entre pecuarista e indústria por R$ 3,60 | Crédito: Kéke Barcelos/Embrapa

O preço do leite pago ao produtor voltou a subir em Minas Gerais pelo sétimo mês consecutivo e atingiu novo recorde. De acordo com os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), no Estado a cotação avançou, em média, 11,93% em agosto referente à produção entregue em julho. No mês, o litro foi negociado entre o pecuarista e a indústria por R$ 3,60 na média líquida. Com a elevação, o valor do leite no campo já registra aumento expressivo de 67,4% no acumulado dos oito primeiros meses de 2022.

Para setembro, porém, a expectativa é de uma mudança no quadro. A tendência é de queda na cotação, uma vez que os preços no mercado final estão bem altos, o que tem inibido o consumo. 

Segundo o levantamento do Cepea, assim como em Minas Gerais, o leite captado no País em julho e pago aos produtores em agosto apresentou valorização de 11,8%, chegando a R$ 3,57 o litro na média Brasil líquida. Com mais esta alta, o custo médio do leite acumula avanço real de 60,7% desde janeiro de 2022 a nível nacional (os dados foram deflacionados pelo IPCA de julho/22).

No estudo do Cepea, a pesquisadora Natália Grigol explica que a menor oferta de leite no campo é um dos fatores que vêm contribuindo para a disparada dos preços. O aumento dos custos, o que desestimulou a produção, aliado ao período de entressafra são fatores que impactaram a oferta. 

“O encarecimento do leite no campo, ao longo dos últimos meses, se deve à baixa disponibilidade. O avanço da entressafra intensificou a restrição de oferta de leite, mas, neste ano, o setor enfrenta um enxugamento mais drástico da produção devido à combinação de seca e mudanças estruturais no campo, desencadeadas, por sua vez, pelo aumento nos custos de produção nos últimos anos e pelos menores níveis de investimentos na atividade”.

Devido aos fatores citados, a produção de leite entre junho e julho ficou abaixo da expectativa do setor, o que manteve acirrada a disputa entre laticínios e cooperativas por fornecedores de leite cru. Com a captação abaixo do esperado, houve diminuição importante nos estoques de lácteos e, consequentemente, encarecimento expressivo dos derivados ao consumidor entre junho e julho.

Com a alta expressiva no campo, houve um encarecimento significativo também nos supermercados, o que inibiu o consumo

“Os preços atingiram patamares tão elevados nas gôndolas que, desde a segunda quinzena de julho, observa-se enfraquecimento da demanda. Com estoques aumentando no varejo, a pesquisa do Cepea mostrou diminuição nos preços dos lácteos ao longo de agosto. Na média mensal, o leite UHT e a muçarela se desvalorizaram quase 15% e 10% de julho para agosto, respectivamente”.

Futuro

Com a queda dos preços nos supermercados, a tendência é que haja redução também no campo já no próximo pagamento.

“Esperamos uma diminuição no preço do leite captado em agosto e a ser pago ao produtor em setembro. Outro fator que deve interromper o movimento altista ao produtor em setembro é o forte aumento das importações, que cresceram 27% em julho”, explicou Natália. 

Também deve colaborar para a queda do preço a estimativa de aumento da produção de leite no campo, resultado do incremento considerável nos preços do leite e da queda nas cotações da ração, fatos que, segundo o Cepea, começaram a estimular uma recuperação gradual da produção no campo. Ao mesmo tempo, é esperado o retorno das chuvas da primavera, o que irá favorecer a disponibilidade das pastagens e, com isso, elevar a oferta de leite.

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