Aumento da produção de leite na entressafra derruba preços pelo quinto mês

O aumento da oferta de leite no campo aliado ao consumo final enfraquecido contribuíram para que o preço da matéria-prima recuasse pelo quinto mês consecutivo. No pagamento de setembro, referente ao leite entregue em agosto, a queda em Minas Gerais chegou a 2,95%, com o litro cotado, em média, a R$ 2,62. Frente a igual período do ano passado, a retração chega a 8,7%.
O cenário é considerado preocupante, já que a aproximação do período chuvoso favorece a produção, o que pode alavancar ainda mais o volume da matéria prima e gerar novas quedas de preço. A indicação é que os produtores sigam atentos aos custos e planejem bem os investimentos.
De acordo com os dados do Centro de Estudo Avançados em Economia Aplicada (Cepea), assim como em Minas Gerais, em nível nacional, o leite captado em agosto e pago em setembro fechou a R$ 2,53 por litro, representando, portanto, quedas de 3,2% frente a julho de 2025 e de 12,6% em relação há um ano. A quinta queda consecutiva no valor do leite no campo é resultado da oferta que se mantém elevada em comparação à demanda.
A analista de Agronegócio do Sistema Faemg Senar, Mariana Simões, explica que há uma série de fatores que impactam no preço do leite produzido em Minas Gerais, mas, no atual momento, o destaque é a alta na oferta do produto.
“Embora tenha havido uma redução de 5% nas importações de lácteos nos primeiros nove meses do ano, o Brasil e o Estado têm respondido muito fortemente na produção de leite. A produção de leite no País cresceu 6,9% no primeiro semestre, sendo que apenas no segundo trimestre a alta foi de 9,4%. Minas acompanhou o movimento, com alta de 3,8% no primeiro semestre e de 5% no segundo trimestre. Foi um volume muito expressivo e é recorde de produção”.
Ainda segundo a analista, o aumento da produção foi tão expressivo que no início da entressafra Minas Gerais registrou uma produção média de leite superior ao período da safra. “A alta oferta elevou o volume de derivados lácteos disponíveis no mercado, porém, o consumidor não absorveu. Isso gerou queda na demanda e reduziu a capacidade de pagamento da parte das indústrias ao produtor”, explicou
Com a sequência de quedas registradas nos preços pagos pelo leite e a aproximação do período de chuvas, o que favorece um maior incremento na produção, o cenário é desfavorável para o pecuarista.
“Com a chegada das chuvas, em outubro e novembro, há maior produção de leite e o aumento da oferta já tem pressionado o mercado. Como o País não é grande exportador de lácteos, a demanda interna que sustenta e guia os preços e os indicadores econômicos não indicam cenário positivo neste sentido. Então, o cenário é preocupante pensando na alta da oferta e cenário econômico não favorável. Os produtores precisam ter cautela nos investimentos e controle dos custos de produção para os próximos meses”, analisa Mariana Simões.
Os dados do Conseleite MG apontam para uma nova queda. No pagamento de outubro referente à produção entregue em setembro, a retração esperada é de 1,3% no valor de referência final do litro do leite, com o produto sendo negociado em torno de R$ 2,62.
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