Agronegócio

Aviação agrícola cresce no Brasil

País encerrou 2023 com 2,6 mil aeronaves desse tipo, um recorde; em Minas Gerais, utilização é expressiva
Aviação agrícola cresce no Brasil
Aeronaves são bastante usadas na aplicação de insumos, sejam químicos ou biológicos, e as culturas que mais demandam são as de soja, cana-de-açúcar, arroz, milho e algodão, diz Sindag | Crédito: Adobe Stock

A aviação agrícola vem crescendo ano a ano no Brasil. A agilidade na aplicação dos produtos, o custo competitivo e o produtor conhecendo cada vez mais as vantagens do uso das aeronaves são fatores que vêm impulsionando a atividade. Assim, o Brasil encerrou 2023 com 2,6 mil aeronaves agrícolas, o segundo maior número no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. 

Conforme o diretor executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) e do Instituto Brasileiro da Aviação Agrícola (Ibravag), Gabriel Colle, o crescimento do setor vem sendo registrado ano a ano. 

“O setor vem em uma crescente extremamente interessante nos últimos anos. Em 2023, atingimos o recorde, com a aquisição 149 aeronaves, sendo que, deste total 65 são de fabricação nacional e o restante importado. Isso é extremamente expressivo. Assim, o Brasil se manteve com a segunda maior frota aérea agrícola do mundo, perdendo apenas para os norte-americanos”.

Ainda segundo Colle, apesar de ocupar a segunda posição mundial, o Brasil, pelo quinto ano consecutivo, foi o que mais colocou aviões no mercado, o que é resultado do crescimento do agronegócio.

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Uso das aeronaves

As aeronaves são bastante utilizadas na aplicação de insumos, sejam químicos ou biológicos, e também em operações de combate a incêndios em lavouras e reservas naturais. As culturas que mais demandam são as de soja, cana-de-açúcar, arroz, milho, algodão entre outras.

Em Minas Gerais, segundo Colle, o uso da ferramenta também é expressivo. Além das aeronaves, há ainda a utilização de drones, que atendem, por exemplo, as lavouras de café.

“Em Minas Gerais, o uso das aeronaves agrícolas tem crescido bastante e temos muitas empresas no Estado. Além disso, o uso de drones está crescendo muito também, pelas características de áreas e regiões produtivas menores. Há demanda no Estado. Para se ter ideia, no dia 21 de março estaremos na Cooxupé, para assinar uma parceria para uso do drone na pulverização. No dia 20 de março teremos um evento na Amif, cujo tema será a Aviação Agrícola no Setor Florestal, oportunidades e desafios”, explicou.    

Aviação agrícola em alta

Além do crescimento do agronegócio brasileiro, vários outros fatores têm sido  relevantes para a alta demanda pelas aeronaves agrícolas. Um dos mais importantes é que o produtor rural tem conhecido cada vez mais a opção e a utilizado para ter maior eficiência no campo. 

Outra vantagem é a aplicação rápida dos produtos, o que tem se tornado cada vez mais essencial devido à redução das janelas de plantio. As aeronaves são capazes de realizar serviços que máquinas terrestres não conseguem em períodos muito secos ou muito chuvosos. Há ainda o custo cada vez mais acessível.

“O produtor rural, que é o usuário na ponta, está cada vez mais informado e passou a usar o avião. Além disso, havia um mito de que era uma ferramenta muito cara, mas, hoje, o custo chega a ser mais barato do que o equipamento terrestre. Há ainda a agilidade, que ajuda o produtor a conseguir fazer as aplicações nos momentos corretos”, explicou.  

Geração de empregos e pesquisas na aviação agrícola

Com a demanda elevada, o setor de aviação agrícola tem gerado diversas oportunidades de empregos e também demandando pesquisas. “O crescimento da demanda vinda do setor agropecuário abre no setor de aviação agrícola muitas oportunidades. Temos vagas em aberto para engenheiros agrônomos, pilotos, técnicos agrícolas, mecânicos. Há também oportunidades em pesquisa. O setor está crescendo muito”, disse Colle.

Para atrair mão de obra e estimular as pesquisas e estudos voltados para o setor, hoje, será realizado, em Brasília, o 1º Fórum Nacional de Aviação Agrícola no Planalto Central (Fonavagri).

O evento será no campus da Universidade de Brasília (UnB) e vai reunir especialistas e profissionais do setor, além de autoridades governamentais e do agro. Cerca de 200 estudantes, pesquisadores e outros profissionais estão inscritos.

“O Fórum vem para aproximar cada vez mais o setor das instituições de ensino. Isso porque, a gente quer incentivar a pesquisa. Este ano  queremos ter, pelo menos, 20 convênios com universidades. Queremos fomentar pesquisas sobre a pulverização aérea. Acreditamos que o caminho é ter mais pesquisas para desenvolver tecnologias”. 

Fórum será espaço para conhecer o setor aeroagrícola

A docente da Universidade de Brasília (UNB), Maísa Santos Joaquim, explica que a realização do Fórum  na UnB se deve ao acesso da universidade a vários órgãos e várias instituições que diretamente ou indiretamente utilizam o instrumento das aeronaves agrícolas como forma de discussão ou como decisões.

“Temos em Brasília, instituições que discutem sobre a utilização e sobre a regulamentação da utilização desses instrumentos. Então, com o Fórum, a gente gostaria de trazer todas essas instituições para o mesmo ambiente e para poder conversar. As atividades agrícolas são importantíssimas no Brasil. Não são devidamente estudadas como deveriam e a universidade vem para poder gerar informações verídicas e diminuir, ou tentar diminuir, esse estigma que existe contra as atividades aeroagrícolas, mais especificamente sobre a pulverização agrícola.

Maísa ressalta que há um entendimento de que as atividades aeroagrícolas se restringem à pulverização agrícola de insumos agrícolas, o que não é verdade. 

“A gente tem diversos instrumentos das atividades aeroagrícolas, desde drone e avião, que fazem vários serviços, desde dispersão de semente, combate a incêndio e, propriamente, a pulverização. Então a ideia do Fórum é conseguir unir todas essas frentes para que a gente possa discutir, trabalhar e trazer informações das atividades aeroagrícolas no Brasil. O objetivo é sair com documentos, sair com informações ou com direcionadores que auxiliem as tomadas de decisões em órgãos superiores como Câmara, Senado, TJ e assim por diante”.

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