Agronegócio

Avicultores elevam embarques para equilibrar custos

Avicultores elevam embarques para equilibrar custos
No ano até agora, segundo os dados da Seapa, os embarques de carne de frango em Minas já acumulam alta de 48,7% em volume | Crédito: Rodolfo Buhrer/Reuters

A quebra da segunda safra de milho, em Minas Gerais e no País, vai contribuir para a manutenção dos custos da avicultura em alta.  No Estado, a seca e as geadas provocaram uma perda na produção do cereal de 54,3% com a colheita estimada em 1,3 milhão de toneladas.

Com a oferta limitada, os preços do milho estão altos e já superam em 100% o valor praticado em agosto de 2020. A avicultura é uma das atividades que vem sofrendo com os altos custos, uma vez que o cereal e o farelo de soja respondem por cerca de 70% dos gastos com a produção.

Com a oferta de milho em baixa, a tendência é de preços firmes. Em Minas Gerais, uma das saídas para tentar reduzir os prejuízos são as exportações de carne de frango. Nos primeiros sete meses de 2021, segundo os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), em Minas os embarques de carne de frango já acumulam alta de 48,7% em volume frente ao mesmo período de 2020. O faturamento chegou a US$ 148,3 milhões, 45% maior. 

De acordo com o médico veterinário e assessor administrativo da Associação dos Avicultores do Estado de Minas Gerais (Avimig), Gustavo Ribeiro, o aumento das exportações tem ajudado as empresas exportadoras a minimizarem os impactos causados pelos altos custos de produção que o setor vem enfrentando.

“O farelo de soja e o milho, insumos que representam cerca de 70% dos custos de produção do setor, tiveram um aumento de aproximadamente 70% e 100% respectivamente, somados a isso, também houve aumento dos preços das embalagens, combustível e energia elétrica, contribuindo ainda mais para o aumento dos custos de produção”, avaliou.

Ainda segundo Ribeiro, a produção mineira de carne de frango vem aumentando em relação ao ano passado. Em 2021, no período de janeiro a maio, por exemplo, houve um aumento de aproximadamente 5% nos alojamentos de frangos de corte em relação ao mesmo período de 2020.

“A expectativa é de que os preços dos insumos diminuam, mas a previsão é de que os preços continuem elevados durante os próximos meses, uma vez que o Brasil teve quebras na safra devido a problemas climáticos. Com isso, o custo de produção continuará elevado nos próximos meses até que tenhamos a chegada da safra de verão”, explicou.

O analista de agronegócios da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Wallisson Lara Fonseca, ressalta que a situação de custos altos abrange toda a cadeia produtiva, incluindo aves, suínos e até mesmo a agricultura, que utiliza produtos importados e que tiveram os custos alavancados com a valorização do dólar. Com a quebra da segunda safra de milho, a situação continuará desfavorável para os avicultores. 

“Mesmo com o aumento da área de plantio da segunda safra, houve frustração em função da seca e das geadas. Estas perdas repercutem na valorização significativa dos insumos, principalmente, do milho. Impactando, diretamente, nos setores que dependem dos insumos, principalmente na produção de aves e suínos, em que os custos com o milho e a soja giram em torno de 60% a 70% dos gastos”. 

Trabalho no prejuízo

Atualmente, a saca de 60 quilos de milho, em Minas Gerais, está cotada em torno de R$ 100. No mesmo período do ano anterior, o volume era vendido, em média, a R$ 49, uma valorização de 100% em um ano. 

Com a valorização do cereal e de diversos outros insumos, a estimativa é de que o custo de produção na avicultura esteja em torno de 52% maior que em 2020. No mesmo intervalo, o preço do frango avançou 41%.

“O produtor está trabalhando acumulando prejuízos. Isso impacta de forma negativa. Muitos avicultores estão reduzindo a produção, buscando um melhor equilíbrio e mantendo a atividade para honrar com os compromissos”, disse.

Produção de cereal ganha incentivo

Com a baixa oferta de milho no mercado e demanda aquecida, inclusive nos embarques, o setor produtivo da avicultura, em parceria com a Faemg, Sebrae e Embrapa Milho e Sorgo, entre outros agentes, está trabalhando para organizar e estimular a produção de milho na região Centro-Oeste do Estado, que tem importante concentração de granjas de aves e suínos. 

Com a pesquisa, assistência técnica e orientação em gestão e organização, a ideia é estimular a recuperação de áreas degradadas e já produzir milho na primeira safra 2021/22. Várias reuniões estão sendo realizadas com sindicatos rurais e as estimativas são positivas. 

“Queremos, de forma organizada e orientada, criar um arranjo produtivo na região Centro-Oeste de Minas. O objetivo é ampliar a oferta de milho. Uma das vantagens é que esta ação une produtores de milho e agroindústrias de frangos e suínos. Desta forma, o produtor já tem o mercado para atender e a agroindústria terá mais fornecedores, o que dá maior segurança”, explicou o analista de agronegócios da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Wallisson Lara Fonseca.

O projeto, que ainda é piloto, pode ser levado para outras regiões importantes do Estado, como a Zona da Mata, que também concentra produções de suínos e frangos.

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