Agronegócio

Bienalidade negativa e dificuldades climáticas derrubam a safra de café em Minas Gerais

Safra total foi de 25,7 milhões de sacas, queda de 8,3% frente à safra passada
Bienalidade negativa e dificuldades climáticas derrubam a safra de café em Minas Gerais
Colheita no Sul de Minas atingiu 12 milhões de sacas neste ano, queda de 10,6% | Foto: Wenderson Araújo / CNA

Minas Gerais, maior produtor de café do Brasil, finalizou a colheita da safra 2025 com retração no volume. De acordo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra total somou 25,7 milhões de sacas, queda de 8,3% frente à safra passada, quando o Estado colheu 28 milhões de sacas de café. O volume menor teve como fatores o ciclo de bienalidade negativa aliado, principalmente, ao longo período de seca nos meses que antecederam a floração.

Ao contrário de Minas Gerais, a produção brasileira de café em 2025 foi estimada em 56,5 milhões de sacas de 60 quilos, um aumento de 4,3%. Conforme a Conab, mesmo sendo um ano de bienalidade negativa, este resultado representa o terceiro maior registrado da série histórica, atrás apenas dos anos de 2020 e 2018. O resultado se deve à melhor produtividade na média nacional, reflexo do bom desempenho verificado nas lavouras de conilon.

Entre as espécies cultivadas, os dados do 4º Levantamento de Café 2025, divulgado pela Conab, mostram, que com a colheita finalizada em setembro em Minas Gerais registrou uma produção de 25,17 milhões de sacas de arábica, redução de 9,2% em relação ao volume total produzido na safra anterior. Devido ao ciclo de bienalidade negativa aliado, principalmente, ao clima desfavorável, a produtividade média recuou 7%, com um rendimento de 23,6 sacas por hectare. Também houve redução de 2,3% na área em produção, que encerrou a safra em 1 milhão de hectares.

Conforme o gerente de levantamento e avaliação de safras da Conab, Fabiano Vasconcelos, a bienalidade negativa influenciou na queda do volume a ser colhido, situação que foi potencializada pelos efeitos climáticos negativos.

“Além da bienalidade negativa – em que as plantas focam em ter um desenvolvimento vegetativo ao invés de jogar energia para a produção – o clima não foi tão bom. Tivemos estiagens e temperaturas elevadas, o que acaba reduzindo o potencial produtivo das lavouras”, explica.

Já a produção do café conilon, em Minas Gerais, somou 584,2 mil sacas, uma alta expressiva de 50,2%. Conforme a Conab, o incremento aconteceu devido à produtividade elevada da cultura, que somou 53 sacas por hectare, representando, portanto, um avanço de 62, 2%% frente à safra passada. Conforme os dados da Conab, apesar do clima adverso na atual safra, o café conilon apresenta maior tolerância aos efeitos de estresse hídrico e térmico em comparação ao café arábica. Há também uma importante participação da irrigação suplementar nas áreas de café conilon.

“O clima para o conilon foi muito bom e é importante lembrar que, a safra 2024 foi marcada por restrição hídrica e excesso de calor. Agora, para a safra 2025, além da melhora do clima, a gente percebe que as lavouras de conilon vem atualizando o pacote tecnológico para uma condição melhor, permitindo que a planta expresse seu melhor potencial produtivo. Estamos falando de irrigação, de material genético melhorado, enfim, tratos culturais que permitem a planta se desenvolver melhor”, analisa Vasconcellos.

Safra de café fica menor em todas as regiões de Minas Gerais

Principal região produtora de café de Minas Gerais, o Sul de Minas encerrou a colheita da safra 2025 com um volume de 12 milhões de sacas de 60 quilos, representando, assim, uma queda de 10,6%. No período, tanto a área em produção quanto a produtividade ficaram menores. Devido às oscilações climáticas, como períodos longos de estiagem e altas temperaturas, a produtividade recuou 6,3%, gerando um rendimento médio de 23,1 sacas por hectare. Quanto à área em produção, 521,8 mil hectares, a queda foi de 4,6%.

Na região do Cerrado Mineiro, o ciclo vegetativo esteve submetido à várias adversidades climáticas, tais como: temperaturas elevadas, períodos de estiagem, chuvas com menores volumes e mais concentradas, comprometendo assim, a produção local. Ao todo, a região colheu 4,77 milhões de sacas de café, queda de 10,9%. O impacto negativo do clima fez com que a produtividade, 24,4 sacas por hectare, caísse 11,2% frente ao ciclo anterior. A área em produção ficou praticamente estável, com pequena retração de 0,3% e 195,9 mil hectares ocupados com o café.

A produção de café na Zona da Mata e Rio Doce também foi prejudicada pelo clima e pela bienalidade negativa. Conforme os dados da Conab, a colheita, concluída em setembro, somou 8 milhões de sacas, uma retração de 3,8%. Tanto a área em produção – 330,4 mil hectares, quanto a produtividade, 24,3 sacas por hectare, ficaram menores, caindo 0,7% e 3,1% quando comparadas com o ciclo anterior.

Assim como nas regiões já citadas, o clima também impactou nos resultados da safra de café no Norte de Minas, Jequitinhonha e Mucuri. Os dados da Conab mostram uma produção 1,5% inferior, somando 882,2 mil sacas colhidas. O impacto do clima fez com que a produtividade caísse 5%, com rendimento médio de 29,8 sacas por hectare. Nem mesmo o aumento de 5% visto na área em produção, 29,5 mil hectares, foi suficiente para compensar as perdas geradas com as adversidades climáticas.

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