Agronegócio

Biofábrica da Embrapa em Sete Lagoas produzirá bioinsumos contra principais pragas agrícolas

Unidade-piloto em Sete Lagoas, na região Central do Estado, tem parceria com Mapa e Grupo Innovar e representa avanço para produção mais sustentável no campo
Biofábrica da Embrapa em Sete Lagoas produzirá bioinsumos contra principais pragas agrícolas
Embrapa Milho e Sorgo detém domínio tecnológico de Coleção de Microrganismos Multifuncionais e Fitopatogênicos | Foto: Divulgação Guilherme Viana

O agronegócio de Minas Gerais tem avançado na adoção de práticas sustentáveis, o que vem estimulando o investimento em novas tecnologias e produtos. Exemplo disso é a nova biofábrica da Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas, na região Central. A unidade piloto é voltada para a produção de bioinsumos e produtos biológicos à base de vírus e bactérias, que serão utilizados no controle de pragas que afetam culturas agrícolas. Ela foi inaugurada em maio.

A unidade foi implantada na Embrapa Milho e Sorgo por meio de parcerias com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e com o Grupo Innovar. Conforme o chefe-adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa Milho e Sorgo, Lauro Guimarães, a biofábrica representa um importante avanço e contribuirá para uma produção mais sustentável. Os produtos a serem desenvolvidos na unidade serão utilizados no controle de pragas, substituindo o uso de inseticidas químicos pelos biodefensivos naturais.

“A bioeconomia é locomotiva que puxa muitos vagões. Com o uso dos bioinsumos teremos uma produção agrícola com maior sustentabilidade, preservando o meio ambiente e ampliando a produção através de um melhor rendimento em campo. Hoje, já temos produtos biológicos disponíveis e, agora, com a biofábrica da Embrapa vamos contribuir para o aumento do volume e para a criação de novos bioinsumos”, revelou. 

Conforme os dados da Embrapa, a biofábrica tem foco na produção e no aprimoramento de bioinseticidas, bioinoculantes e outros microrganismos de interesse agrícola. A unidade está equipada com um biorreator de bancada que permite a condução de fermentações microbiológicas simultâneas. A estrutura também apoiará ações de capacitação técnica de empresas associadas e validação de tecnologias. 

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Biofábrica contribuirá para produção de novos bioinsumos

A Embrapa Milho e Sorgo detém domínio tecnológico de uma Coleção de Microrganismos Multifuncionais e Fitopatogênicos com cerca de 11 mil acessos preservados. A biodiversidade da coleção permite o desenvolvimento de conhecimento, práticas e processos, bem como de ativos biológicos, a exemplo de bioinsumos, biotecnologias e biomoléculas de alto valor agregado com foco em controle de pragas, doenças, estresse hídrico e controle de crescimento. De acordo com a empresa pública, a partir desses acessos, a ideia é identificar bactérias ou vírus que controlem pragas específicas.

“Na biofábrica, serão desenvolvidos e testados produtos microbiológicos para controle de pragas como as lagartas do milho, da soja e do algodão. Boa parte dos esforços visa a identificação de estirpes de microorganismo com o objetivo de encontrar soluções que controlem as lagartas. Nesse sentido, a biofábrica vai aumentar o potencial de pesquisa, acelerar o processo e possibilitar treinamento de novas empresas”, explicou Guimarães

O pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Fernando Valicente, confrimou que, após a fase de identificação de bactérias ou vírus, serão feitos testes na biofábrica e, então, a escala piloto de fermentação ou de cultivo no próprio inseto. Somente depois, é que avançará para a escala comercial.

“Em média, tentamos desenvolver dois produtos biológicos por ano, a partir de estudos prévios com isolados e pragas específicas”, disse o pesquisador. No total, já são 14 produtos registrados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, lançados pela Embrapa, disponíveis no mercado.

Sustentabilidade

A chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Milho e Sorgo, Sara Rios, destaca a importância dos bioinsumos no que diz respeito às práticas sustentáveis, assim como a melhoria da produção agrícola. 

“O tema bioinsumos ganha, cada vez mais, visibilidade no mercado pelos impactos positivos que eles exercem na sociedade, contribuindo com sustentabilidade, resiliência e aumento da produção e da qualidade de alimentos, fibras, energia e demais matérias, sem causar danos à saúde humana, aos animais, nem prejuízos ao meio ambiente. Além disso, esses produtos são compatíveis com as tecnologias químicas para o manejo integrado, por exemplo, de pragas e de doenças dos sistemas de cultivo”.

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