Agronegócio

‘Boi Bombeiro’ pode ser alternativa no combate aos incêndios no campo

Fórum, realizado em Uberaba na última semana, discutiu assunto; técnica já é usada no Pantanal e, atualmente , não é permitida em Áreas de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente
‘Boi Bombeiro’ pode ser alternativa no combate aos incêndios no campo
Especialistas apontam que uso da técnica para combater incêndios no campo pode ser interessante em áreas de Caatinga e Cerrado | Crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Os incêndios florestais, além de gerar prejuízos econômicos, causam grandes impactos ambientais e danos aos ecossistemas e à biodiversidade. Nos últimos anos, houve uma maior incidência de incêndios em Minas Gerais e no País e representantes do setor agropecuário estão em busca de alternativas que possam contribuir para reduzir o problema. Uma das possíveis opções é a técnica chamada “Boi Bombeiro”, onde os bovinos são utilizados para controle da altura da vegetação no período seco.

O assunto foi discutido, na última semana, em Uberaba, na região do Triângulo Mineiro, durante o 1º Fórum de Estratégias de Prevenção a Incêndios em Reservas Florestais. O evento, promovido pela Universidade do Agro (Uniube), reuniu especialistas, pesquisadores, produtores rurais e autoridades ambientais. 

Conforme o  analista de Sustentabilidade do Sistema Faemg Senar, Guilherme Oliveira, hoje, o uso da técnica do “Boi Bombeiro” não é permitida nas Áreas de Reserva Legal (ARL) e de Áreas de Preservação Permanente (APP) em Minas Gerais, mas já é utilizada no Pantanal e apresenta bons resultados.

O manejo consiste no uso de bovinos junto às florestas no início do período de seca. Os animais consomem a matéria seca e altamente inflamável presente em pastagens nativas, reduzindo a altura da vegetação e, assim, o risco de incêndios. A técnica do “Boi Bombeiro” tem se mostrado eficaz na prevenção de queimadas e pode ser interessante para Minas Gerais, segundo o analista da Faemg Senar.

“A técnica foi criada no Pantanal. O pessoal notou que, no início do período da seca, a  vegetação herbácea fica muito alta e perto da copa das árvores. Porém, quando o boi pasta nestas áreas, o capim ficava mais baixo e, em caso de incêndios, o fogo não atingia a copa, sendo mais fácil controlá-lo e causando menos prejuízos. Acreditamos que o manejo pode ser interessante em áreas de Caatinga e do Cerrado. Há também chances do manejo se aplicar em áreas em processo de recomposição da Mata Atlântica”, avalia.

Ainda conforme Oliveira, o objetivo, após o fórum, é criar um grupo com representantes de várias entidades para estudar a técnica e as aplicações na região. A condução do processo será da Uniube com apoio do Sistema Faemg Senar e do Sindicato dos Produtores Rurais de Uberaba. 

“A legislação mineira atual não permite o uso da técnica do Boi Bombeiro. Por isso, é preciso realizar diversos estudos para identificar fatores como o momento ideal de ingresso dos bovinos nas áreas, o tempo de permanência e o tamanho ideal do capim. Além disso, será necessária aprovação pelos órgãos ambientais e da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Tudo isso será importante para que o manejo seja feito de forma correta, evitando danificar as áreas de preservação”, finaliza.

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