‘Boi Bombeiro’ pode ser alternativa no combate aos incêndios no campo

Os incêndios florestais, além de gerar prejuízos econômicos, causam grandes impactos ambientais e danos aos ecossistemas e à biodiversidade. Nos últimos anos, houve uma maior incidência de incêndios em Minas Gerais e no País e representantes do setor agropecuário estão em busca de alternativas que possam contribuir para reduzir o problema. Uma das possíveis opções é a técnica chamada “Boi Bombeiro”, onde os bovinos são utilizados para controle da altura da vegetação no período seco.
O assunto foi discutido, na última semana, em Uberaba, na região do Triângulo Mineiro, durante o 1º Fórum de Estratégias de Prevenção a Incêndios em Reservas Florestais. O evento, promovido pela Universidade do Agro (Uniube), reuniu especialistas, pesquisadores, produtores rurais e autoridades ambientais.
Conforme o analista de Sustentabilidade do Sistema Faemg Senar, Guilherme Oliveira, hoje, o uso da técnica do “Boi Bombeiro” não é permitida nas Áreas de Reserva Legal (ARL) e de Áreas de Preservação Permanente (APP) em Minas Gerais, mas já é utilizada no Pantanal e apresenta bons resultados.
O manejo consiste no uso de bovinos junto às florestas no início do período de seca. Os animais consomem a matéria seca e altamente inflamável presente em pastagens nativas, reduzindo a altura da vegetação e, assim, o risco de incêndios. A técnica do “Boi Bombeiro” tem se mostrado eficaz na prevenção de queimadas e pode ser interessante para Minas Gerais, segundo o analista da Faemg Senar.
“A técnica foi criada no Pantanal. O pessoal notou que, no início do período da seca, a vegetação herbácea fica muito alta e perto da copa das árvores. Porém, quando o boi pasta nestas áreas, o capim ficava mais baixo e, em caso de incêndios, o fogo não atingia a copa, sendo mais fácil controlá-lo e causando menos prejuízos. Acreditamos que o manejo pode ser interessante em áreas de Caatinga e do Cerrado. Há também chances do manejo se aplicar em áreas em processo de recomposição da Mata Atlântica”, avalia.
Ainda conforme Oliveira, o objetivo, após o fórum, é criar um grupo com representantes de várias entidades para estudar a técnica e as aplicações na região. A condução do processo será da Uniube com apoio do Sistema Faemg Senar e do Sindicato dos Produtores Rurais de Uberaba.
“A legislação mineira atual não permite o uso da técnica do Boi Bombeiro. Por isso, é preciso realizar diversos estudos para identificar fatores como o momento ideal de ingresso dos bovinos nas áreas, o tempo de permanência e o tamanho ideal do capim. Além disso, será necessária aprovação pelos órgãos ambientais e da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Tudo isso será importante para que o manejo seja feito de forma correta, evitando danificar as áreas de preservação”, finaliza.
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